Publicado em 10 de novembro de 2022 às 15:18
Phillippe Watanabe>
SHARM EL-SHEIKH, EGITO - Você já imaginou como é estar em uma conferência da ONU para mudanças climáticas, as cada vez mais conhecidas COPs, onde líderes e técnicos de todo o mundo se reúnem para tentar decidir como será o futuro do planeta e o nosso?>
Então imagine filas em quase todo canto, uma certa dificuldade para conseguir água e disputa mesmo para comprar comida a preços caros. Afinal, são mais de 20 mil pessoas tentando comer e beber no meio de um deserto. Para complementar, um fluxo de esgoto passando entre os pavilhões do evento.>
Enquanto o resto vem ocorrendo basicamente desde o início da COP27, conferência no Egito que começou no domingo (6), por sorte, o esgoto vazando foi um malcheiroso momento pontual da quarta-feira (9) na conferência.>
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Olhando rápido, poderia até parecer que o pequeno córrego, formado no fim da tarde de quarta, era de águas limpas. A equipe egípcia da COP também não esclarecia a origem do estranho fluxo.>
O que fazia parte das pessoas parar e prestar atenção na água que atravessava a entrada de um dos pavilhões era a aglomeração de participantes do evento buscando alguma forma de atravessar sem molhar os sapatos -o cheiro chegava um pouco depois.>
Um caminho feito com três lajotas foi improvisado por funcionários para que as pessoas, equilibrando-se, pudessem cruzar o riozinho de esgoto. Um estrado de madeira também ajudou em outro trecho. Alguns desavisados, no entanto, acabaram com os pés molhados.>
Por fim, um funcionário da COP usou um rodo para fazer o fluxo de água suja andar mais rápido meio-fio abaixo.>
Esse, até o momento, foi o exemplo máximo de uma conferência climática que vem enfrentando diversos problemas de organização, um contraste curioso com a vigilância -inclusive sobre a internet, com bloqueio de sites- que cerca o evento e a realidade cotidiana egípcia.>
A Folha de S.Paulo procurou a organização da COP27 para comentar os problemas, mas não houve retorno até a publicação do texto.>
Até mesmo nos hotéis da cidade turística que sedia a COP27 há um intenso controle, com pessoas que se apresentam como representantes do governo perguntando sobre nacionalidade, número do quarto e questionando para onde os hóspedes vão quando estão saindo do edifício pela manhã — é possível notar, inclusive, que quem aborda possui, em seu celular, imagens de passaportes.>
Ao menos no local onde a reportagem da Folha de S.Paulo está hospedada, os seguranças que ficam na portaria, com auxílio de um cabo e um espelho, conferem até a parte de baixo dos carros que querem entrar.>
Nos pavilhões do evento, as filas para comida, refrigerante e café se espalham pelos espaços abertos e com relativamente poucas sombras. Quando a vez das pessoas finalmente chega para fazer o pedido, os preços são elevados.>
Em geral, o evento começou com cardápios a mais de US$ 10 (cerca de R$ 53) para sanduíches ou pedaços de pizza e quiche. As opções incluem sabores com carne e também veganos.>
Algumas melhorias, contudo, vieram a partir desta quinta (10), quando os estandes de comida passaram a oferecer todos os itens com descontos de 50%, caso o cliente solicite.>
Além disso, os espaços começaram nesta quinta a entregar gratuitamente água e refrigerantes — vale destacar que a Coca–Cola é patrocinadora da COP27 (o que chegou a levantar críticas de ambientalistas).>
Há ainda como recorrer a pavilhões do evento onde é possível encontrar cafés gratuitos, por conta de países e patrocinadores de estandes. Nesses locais, curiosamente, as filas parecem menores e mais rápidas.>
Por vezes, também é possível pegar água de graça em bebedouros. A falta de abastecimento, porém, é frequente. Até mesmo em partes com menos circulação de gente, a água acabou e demorou a retornar nos últimos dias.>
Na sala destinada à imprensa, por exemplo, já houve momentos em que não havia água para reabastecer as garrafas de vidro reutilizáveis dadas pela organização da COP.>
Além das filas para comida, nos horários de movimentação intensa para a saída no fim do dia, formam–se filas de carros, táxis e ônibus. Mais longe da conferência, há momentos em que o trânsito chega a assustar, considerando a velocidade com que alguns motoristas andam e fazem manobras repentinas — acidentes parecem não acontecer por sorte.>
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