Publicado em 2 de setembro de 2021 às 17:32
A Câmara dos Deputados concluiu no período da tarde desta quinta-feira (02), a votação da reforma que altera o Imposto de Renda para pessoas físicas, empresas e investimentos. Depois de contar com apoio da oposição para avançar no texto na quarta-feira (01º) de setembro, partidos do Centrão emplacaram no dia seguinte uma mudança que reduziu a cobrança de IR sobre dividendos distribuídos por empresas. >
Essa foi a única alteração aprovada nesta quinta pelos parlamentares, na votação dos chamados "destaques". Outros 13 foram rejeitados.>
Houve ainda pedidos que acabaram sendo retirados ao longo do processo de votação, que durou pouco mais de três horas e meia - novamente sob um ritmo acelerado imposto pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).>
Para valer, o texto ainda precisa ser validado pelo Senado Federal - onde o governo sofreu duas derrotas expressivas na noite da quarta-feira.>
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Pelo texto-base aprovado em 1º de setembro, a cobrança de IR sobre dividendos seria de 20%, mas agora foi reduzida a 15% após um acordo liderado por partidos do Centrão, que dão base de sustentação ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Atualmente, esses rendimentos são isentos de IR.>
Empresas do Simples e do lucro presumido (muito usado por profissionais liberais) com faturamento de até R$ 4,8 milhões por ano permanecem isentas.>
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), chegou a recomendar a rejeição do destaque, mas faz questão de ressaltar que, se ele fosse aprovado, não haveria resistências. "O governo assegura que não haverá veto nessa matéria de dividendos", disse>
Embora tenha participado do acordo que permitiu o avanço da reforma do IR, a oposição se colocou contrária à mudança na alíquota para dividendos. "Temos que tributar capital igual salário de trabalhador", defendeu o vice-líder do PT, Afonso Florence (BA).>
Fontes ouvidas pela reportagem, porém, afirmam que a oposição, mesmo de fora, sabia do combinado.>
Lira reconheceu que a oposição não fazia parte desse acerto em particular. "O acordo é do lado de cá", disse.>
Defendida por parlamentares do Centrão, a aprovação já estava acertada. Prova disso é que a mudança na tributação de lucros e dividendos já fazia parte da tabela de previsão de perdas e ganhos que o relator da reforma, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), encaminhou a Estados e municípios.>
Na tabela, à qual o Estadão/Broadcast, teve acesso, Sabino prevê uma arrecadação de R$ 11 bilhões em 2022 e de R$ 33,36 bilhões em 2023 com a mudança da alíquota. Previsões anteriores, com uma alíquota de 20%, mostravam uma alta de arrecadação de R$ 12,5 bilhões em 2022 e R$ 41,15 bilhões em 2023.>
Para compensar a alíquota mais baixa, o relator reduziu o ritmo de queda do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), que cairá sete pontos porcentuais, de 25% para 18%. A queda de um ponto porcentual da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) foi aprovada, mas está condicionada ao fim de incentivos fiscais de PIS/Cofins.>
Entre os destaques rejeitados estava um que buscava mudar a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para ampliar a faixa de isenção e criar novas alíquotas, de 30% a 37,5%. Hoje, a taxação máxima no IRPF é de 27,5%.>
Com a derrubada dessa proposta, foi chancelada a proposta do governo, que eleva a faixa de isenção de R$ 1,9 mil para R$ 2,5 mil.>
Antes de encerrar a votação, Lira parabenizou Sabino pelo trabalho na relatoria da proposta, que foi cercada por críticas e teve ao menos três tentativas de votação fracassadas devido à falta de consenso.>
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