Publicado em 1 de julho de 2020 às 17:00
Pela décima semana consecutiva, a taxa de contágio de coronavírus no Brasil mostrou que a epidemia continua se acelerando no país, segundo cálculos desta semana divulgados pelo centro de acompanhamento de doenças infecciosas do Imperial College, um dos principais do mundo. >
Com base no número de mortes relatadas, a universidade também calcula que o número de brasileiros que contraíram o coronavírus seja o triplo do confirmado, superando 4,36 milhões.>
A taxa de contágio, também chamada de Rt, indica para quantas pessoas na média cada infectado com o coronavírus transmite o patógeno. O número mais recente calculado para o Brasil é de 1,03, ou seja, cada 100 habitantes contagiam outros 103, que por sua vez transmitem o vírus a outras 106,1 e assim por diante, fazendo com que a doença se espalhe com velocidade crescente.>
O centro de estudos de epidemia do Imperial College usa o número de mortes como base; como a taxa de contágio se refere ao momento de infecção, o impacto de eventuais medidas de prevenção aparece em cerca de duas semanas.>
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Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, países que "não usaram todas as ferramentas à sua disposição e adotaram uma abordagem fragmentada enfrentam um caminho longo e difícil pela frente".>
Questionado sobre se o Brasil poderia ser incluído entre os que não usam todas as ferramentas possíveis, o diretor-executivo da entidade, Michael Ryan, afirmou que Tedros se referia à situação geral a OMS tem evitado criticar países específicos em suas entrevistas.>
Como já havia dito em outras ocasiões, Ryan ressalvou que o Brasil é "grande e com muita diversidade", e que a OMS continuava encorajando o país a adotar uma abordagem compreensiva.>
"Nunca é tarde demais para mudar", afirmou a líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, ressaltando que também não estava falando especificamente do Brasil. "Vimos países que estavam à beira do colapso controlarem a doença. Mesmo que a situação pareça incontrolável, é possível concentrar esforços nos locais mais críticos e avançar passo a passo", disse ela.>
A organização tem repetido que, após seis meses de pandemia, já estão claras as medidas que permitem ao mesmo tempo controlar o contágio e retomar atividades econômicas. Do ponto de vista de políticas públicas, elas são testar todos os casos suspeitos, tratar os casos positivos, rastrear todos os contatos e isolá-los. Além disso, é preciso informação clara e coordenação entre os diferentes níveis de governo.>
Do ponto de vista do comportamento individual, as medidas são manter distância de ao menos um metro dos outros, lavar as mãos, evitar aglomerações, usar máscara em locais públicos e cobrir boca e nariz com o braço ao tossir ou espirrar.>
De seis países sul-americanos acompanhados por terem transmissão ativa (ao menos dez mortes em cada uma das duas semanas anteriores e mínimo de cem mortes desde o começo da pandemia), Chile e Peru apareceram pela primeira vez com Rt abaixo de 1, o que significa que o contágio foi controlado.>
O Chile tem 0,87 (cada 100 pessoas transmitem para 87, que por sua vez passam o vírus para 75,7, reduzindo o alcance da doença); o Peru registrou 0,93.>
Além de no Brasil, a pandemia está acelerando na Argentina (1,37), na Bolívia (1,23) e na Colômbia (1,45). No total de 57 países acompanhados, 30 apresentam taxa de contágio acima de 1 (os Estados Unidos não fazem parte do relatório).>
Para estimar o número de pessoas já contaminadas no Brasil, os cientistas também partem do registro de óbitos, onde a subnotificação é menor, e da premissa de que as mortes equivalem a 1,38% dos casos relatados 14 dias antes.>
Para um total de 60.194 mortes registradas até esta quarta (1º), a conta indica que haveria mais de 4,361 milhões de pessoas infectadas pelo vírus do começo da pandemia até duas semanas atrás.>
O centro do Imperial College estima que o número de mortes por coronavírus no Brasil na semana que começou em 21 de junho seja de 7.590, indicando um aumento em relação à semana anterior.>
O número de óbitos estimados é o maior entre os 52 países acompanhados pelo Imperial College nesta semana. Em segundo lugar vem o México, com 6.610. Em relação ao contágio, a taxa brasileira é a 33ª maior entre os 57 países.>
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