Publicado em 13 de novembro de 2020 às 08:41
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta (12) que pode autorizar a compra da vacina produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, mas não pelo preço que um "caboclo aí quer". >
A Coronavac materializou, nas últimas semanas, a disputa política entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente, prováveis adversários na eleição presidencial de 2022. Após assinatura de um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina, Bolsonaro desautorizou o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) e disse que não efetuaria a compra.>
Em transmissão ao vivo em suas redes sociais, Bolsonaro disse que autorizaria a compra da Coronavac caso haja comprovação da sua eficácia pela Anvisa e se o preço for acessível.>
"Quem vai decidir sobre a vacina no Brasil: Ministério da Saúde, obviamente, e depois a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Da minha parte, havendo a vacina, comprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, a gente vai fazer uma compra", afirmou o presidente.>
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"Mas não é comprar no preço que um caboclo aí quer. Está muito preocupado um caboclo aí que essa vacina seja comprada a toque de caixa. Nós vamos querer uma planilha de custo", completou.>
Bolsonaro então acrescentou que vai querer saber se o país de origem da vacina, a china, "usou a vacina lá no seu país". As constantes manifestações do presidente contra a vacina chinesa coincidem com uma queda da intenção do público em se vacinar e com uma maior hesitação diante da procedência do imunizante, conforme mostrou pesquisa do Datafolha neste mês.>
O presidente também afirmou que não comemorou a morte de um voluntário que participava do ensaio clínico com a Coronavac. Logo após a confirmação do óbito, a Anvisa determinou a suspensão dos estudos clínicos para atestar a eficácia e a segurança da vacina.>
No dia seguinte à suspensão, em resposta a um apoiador nas redes sociais, Bolsonaro escreveu insinuando que a imunização de origem chinesa poderia causar morte, invalidez e anomalia. Completou que era "mais uma que Jair Bolsonaro ganha".>
Nesta quarta, quando estava claro que a morte não tinha relação com a vacina, a Anvisa recuou e autorizou a volta dos testes. "Covardemente falaram que eu comemorei a morte de uma pessoa. Onde é que tem um vídeo meu, um áudio meu ou uma publicação minha neste sentido?", afirmou.>
"Eu colei um link de uma matéria numa resposta de terceiros no Facebook, que não estava comemorando nada também, e uma boa parte da imprensa foi no lado de que eu comemorei a morte de uma pessoa, que não esta definida ainda, parece que foi suicídio", completou.>
O presidente em seguida disse que a morte deve ser investigada --o que já foi feito, com laudo que atesta suicídio. Mais uma vez sem apresentar provas, alegou que o fator vacina não deve ainda ser descartado. "Pode ser um efeito colateral da vacina? Pode ser. Tudo pode ser", afirmou.>
Nesta sexta-feira, Comissão do Congresso Nacional que acompanha as ações de enfrentamento à Covid-19 vai realizar audiência remota, com a participação do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e do Instituto Butantan, Dimas Covas. O objetivo é discutir as questões técnicas e possível interferência política quando foi anunciada a suspensão dos estudos da Coronavac.>
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