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Bolsonaro diz que não aceita provocação e volta a colocar em dúvida eleições

Bolsonaro diz que não aceita provocação e volta a colocar em dúvida eleições

Em meio ao imbróglio do TSE e as Forças Armadas acerca das urnas eletrônicas, presidente tem ampliado suas insinuações golpistas e ataques ao sistema eleitoral brasileiro

Publicado em 11 de maio de 2022 às 20:35- Atualizado há 2 anos

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PAULO MUZZOLON E JOÃO PEDRO PITOMBO

Em meio ao imbróglio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as Forças Armadas acerca das urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral, disse que "sabe o que está em jogo" e afirmou que o seu governo não aceita provocações.

"Nós sabemos o que está em jogo. Todos sabem o que o governo federal defende: defende a paz, a democracia e a liberdade. Um governo que não aceita provocações, um governo que sabe da sua responsabilidade para com o seu povo", afirmou.

Na sequência, voltou a falar do sistema eleitoral: "Todos têm que jogar dentro das quatro linhas [da Constituição]. Nós não tememos resultados de eleições limpas. Nós queremos eleições transparentes, com a grande maioria, ou diria a totalidade do seu povo"

As declarações foram dadas nesta quarta-feira (11) durante visita do presidente à ExpoIngá, no Parque de Exposições de Maringá (PR). A cidade é base eleitoral do deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo na Câmara dos Deputados.

Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro . (Alan Santos/PR)

Bolsonaro tem ampliado suas insinuações golpistas e ataques às urnas eletrônicas.

Na semana passada, o presidente da República sugeriu, em tom de ameaça, que os resultados de uma auditoria privada a ser realizada por uma empresa contratada por seu partido, o PL, podem complicar o Tribunal Superior Eleitoral se a for constatado que é "impossível auditar o processo".

Nesta semana o TSE rejeitou novas sugestões das Forças Armadas sobre o processo eleitoral de 2022. O tribunal negou de forma assertiva 3 das 7 sugestões dos militares e disse que o restante já está em prática, ou seja, que não há o que mudar.

Em ofício enviado aos membros da Comissão de Transparência Eleitoral, órgão que tem uma cadeira para as Forças Armadas, o presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, reafirmou que o pleito deste ano terá segurança.

"A Justiça Eleitoral tem historicamente assegurado a realização de eleições íntegras em nosso país. O êxito e a credibilidade conquistados pela instituição nesta tarefa maior de promoção da democracia firmam esta Justiça especializada como verdadeiro patrimônio imaterial da sociedade brasileira", afirmou Fachin.

A equipe do TSE apontou que as Forças Armadas confundem conceitos e erram cálculos ao apontar risco de inconformidade em testes de integridades das urnas.

O tribunal rejeitou alterar, na eleição deste ano, a forma de seleção das urnas que vão passar por este tipo de auditoria, apesar de reconhecer que a escolha pode mudar nos próximos pleitos.

O TSE ainda repetiu que não há "sala secreta" de totalização dos votos, um argumento repetido, sem provas, pelo presidente Bolsonaro. A equipe da corte eleitoral reafirma que já há mecanismos de reação caso alguma irregularidade na contagem dos votos seja detectada.

A escalada da tensão levou ministros que integram o TSE a discutir o encerramento das atividades da Comissão de Transparência das Eleições. O debate ainda é feito em conversas reservadas, como revelou a coluna Mônica Bergamo.

A comissão deveria servir como um antídoto aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral, mas os militares ganharam um protagonismo que jamais tiveram em outros pleitos desde a redemocratização do país. E, em vez de uma postura técnica e colaborativa, na visão de magistrados, passaram a tomar uma série de iniciativas para tentar tumultuar o processo eleitoral, alinhados com o discurso do presidente Jair Bolsonaro.

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O próprio ministro Luís Roberto Barroso, que criou a comissão quando presidia o TSE, tornou pública a investida ao alertar, em um evento no exterior, no fim de abril, que as Forças Armadas estavam sendo orientadas "para atacar o processo eleitoral" e tentar "desacreditá-lo".

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