Publicado em 17 de setembro de 2021 às 15:46
A maioria da população desconfia sempre das declarações dadas pelo presidente Jair Bolsonaro, aponta pesquisa feita pelo Datafolha. >
De acordo com levantamento do instituto, 57% dos entrevistados dizem que nunca confiam no que é dito por ele, ante 15% que afirmaram sempre confiar e 28% que responderam que às vezes confiam. >
O Datafolha ouviu presencialmente 3.667 pessoas em todo o Brasil de segunda-feira (13) até a quarta-feira (15). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. >
Numericamente, o índice de desconfiança em relação às declarações do mandatário é o mais alto já aferido pelo Datafolha neste mandato. >
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Na pesquisa anterior, feita em julho, a taxa estava em 55%. A barreira dos 50% tinha sido atingida pouco antes, em maio. A alta é consistente desde dezembro passado, quando a resposta "às vezes" chegou a superar numericamente o índice negativo --39% a 37% naquela ocasião. >
Desde o levantamento anterior, Bolsonaro avançou em uma rotina de declarações golpistas e de ataques a outros Poderes. >
Também nesse período, o presidente, que já investiu em ataques à vacinação contra Covid e a parceiros comerciais do Brasil, direcionou e ampliou suas críticas contra o sistema eletrônico de votação. >
Chegou ao ponto de fazer no fim de julho uma live do Palácio do Planalto ao lado de um militar apresentado apenas como "analista de inteligência" para apresentar o que ele chamava de provas de fraudes. >
Mas abordou apenas teorias que circulam há anos na internet sobre as urnas eletrônicas e que já foram desmentidas anteriormente. >
A partir da derrota da proposta do voto impresso na Câmara, no dia 10 de agosto, Bolsonaro passou a dedicar suas energias e falas contra o Supremo Tribunal Federal, mais especificamente contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. >
Convocou manifestações para o Sete de Setembro, data que classificou como "um ultimato" contra os magistrados. Em discurso no feriado, afirmou que não mais cumpriria ordens de Moraes. >
Barroso respondeu com uma declaração na qual chamou o presidente de "farsante". "O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: 'Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará'". >
Dois dias depois, diante de uma paralisação de caminhoneiros em protesto contra o STF e em seu apoio, Bolsonaro recuou em uma nota escrita com auxílio de seu antecessor, Michel Temer. >
Tema frequente de declarações mentirosas de Bolsonaro é a atuação do governo na pandemia. >
Em março, por exemplo, ele foi à TV afirmar em pronunciamento que em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas para combater o vírus, embora ele tenha minimizado, também em rede de televisão, a crise sanitária em 2020. >
Bolsonaro também costuma repetir que o Supremo impediu o governo federal de agir na pandemia. Na verdade, a corte deu autonomia para que estados e municípios adotassem medidas de prevenção, como o fechamento de estabelecimentos comerciais. >
O ceticismo com relação ao que o presidente diz está em patamares não muito diferentes da avaliação do governo do presidente como um todo. >
A pesquisa do instituto feita nesta semana mostrou que 53% dos entrevistados consideram seu governo ruim ou péssimo, contra 22% que avaliam como ótimo ou bom. >
A desconfiança em relação às declarações também é maior entre as mulheres do que entre os homens --61% a 52%-- e entre entrevistados que vivem no Nordeste --66%. >
A taxa negativa para Bolsonaro cai entre os entrevistados com renda mais alta. Entre os que têm renda familiar de cinco a dez salários mínimos, o indíce desce para 48%. Os entrevistados com renda familiar superior a dez salários mínimos que sempre confiam nas declarações somam 26%. >
No recorte que computa apenas os eleitores que afirmam que vão votar pela reeleição dele em 2022, a taxa de confiança atinge 50% ou mais, dependendo do cenário eleitoral pesquisado. >
Um dos segmentos que mais rejeitam a veracidade das declarações de Bolsonaro é o que vê "muita chance" de um golpe de Estado no país. Nesse recorte, a desconfiança no que é dito pelo presidente chega a 85%. >
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