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É advogada de família e presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Espírito Santo

Reforma do Código Civil cria novo estado civil para quem vive em união estável

Para muitos, esse avanço fortalecerá a proteção dos direitos desses casais, conferindo-lhes mais segurança jurídica e reconhecimento perante a sociedade

  • Flávia Brandão É advogada de família e presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Espírito Santo
Publicado em 23/04/2024 às 10h30

No Brasil, o Código Civil de 2002 representou um marco legislativo importante, consolidando direitos e deveres relacionados à família, herança, propriedade e contratos. No entanto, ao longo dos anos, tornou-se evidente que algumas disposições desse código estavam defasadas e não refletiam adequadamente a diversidade e complexidade das relações familiares contemporâneas.

As novas dinâmicas familiares, impulsionadas por transformações sociais, avanços tecnológicos e evoluções nas percepções sobre identidade, gênero e relacionamentos, exigem uma adaptação do Código Civil para garantir uma legislação adequada às novas realidades familiares. Após duas décadas desde sua promulgação, o Código Civil passará por atualizações.

Uma das mudanças mais significativas propostas será a alteração da nomenclatura, substituindo "direito de família" por "direito das famílias". Isso ressalta a pluralidade de configurações familiares presentes na sociedade atual, reconhecendo e abraçando diferentes arranjos familiares, como uniões homoafetivas, entre outras formas não tradicionais de convívio.

Além disso, o novo código vai propor a retirada de institutos jurídicos que se tornaram obsoletos ou irrelevantes, como a separação judicial. Tal medida visa simplificar e modernizar a legislação, eliminando debates sobre a existência ou não desses institutos e garantindo mais clareza e praticidade na aplicação das leis.

Outra alteração substancial que terá um grande impacto é a exclusão de certos regimes de bens, como a participação final nos aquestos e a separação obrigatória, permitindo uma mais flexibilidade e adequação às necessidades e vontades das partes envolvidas em uma relação seja matrimonial seja união estável.

No âmbito do casamento, propõe-se a desburocratização do processo de habilitação, tornando-o mais acessível e ágil para os casais que desejam oficializar sua união. Essa medida facilitará o acesso à instituição do casamento, promovendo assim a igualdade de direitos para todos os cidadãos.

Uma mudança importante será a atribuição de estado civil para pessoas que viverem em união estável, reconhecendo-as como conviventes. Para muitos, esse avanço fortalecerá a proteção dos direitos desses casais, conferindo-lhes mais segurança jurídica e reconhecimento perante a sociedade.

União estável
União estável. Crédito: shutterstock

Outra inovação é a possibilidade de adoção de maiores de idade, reconhecendo que o vínculo afetivo e familiar não se limitará à idade ou à filiação biológica, mas sim ao desejo mútuo de estabelecer uma relação de cuidado e afeto.

Um ponto que merece destaque é a inclusão de disposições relacionadas aos animais de estimação, estabelecendo deveres de cuidado e divisão das despesas entre os tutores. Essa medida refletirá uma preocupação crescente com o bem-estar animal e reconhecerá a importância dos animais de estimação nas dinâmicas familiares, promovendo assim uma abordagem mais inclusiva e humanitária.

Esses novos formatos, assim como outros que também estão sendo propostos, refletirão não apenas as transformações nas estruturas familiares, mas também mais sensibilidade às questões de igualdade, diversidade e bem-estar animal, consolidando assim um sistema jurídico mais justo e equitativo para todos.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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