Em um mundo pós-pandemia e ainda em guerra, em que está em curso uma reorganização da ordem mundial, o Brasil vive um momento de extrema importância como um dos maiores produtores de alimentos do planeta. Contudo, as projeções mundiais de aumento da população e da demanda por comida mostram que o país precisa mais do que duplicar a sua safra atual.
Trata-se, sem dúvida, de um novo e ambicioso salto, que podemos alcançar com investimentos em pesquisas e inovação – tanto para produzir quanto para escoar alimentos para abastecimento dos mercados interno e externo.
Um diferencial brasileiro é o espaço para produzir. Com as novas tecnologias, é possível plantar, mantendo a biodiversidade e preservando os ecossistemas existentes. As pesquisas biotecnológicas estão em pleno vapor em diversos países, mas poucas nações possuem espaços para plantar.
Mas, para um salto quantitativo tão grande, mais do que área cultivável, é necessário ter apoio. Diferentemente do que ocorreu décadas atrás, quando o impulso foi dado pelo Estado, agora as parcerias com as empresas privadas farão a diferença.
CERRADO BRASILEIRO
A revolução em curso no cerrado brasileiro é um exemplo. O Brasil tem nada menos que 2 milhões de quilômetros quadrados deste bioma, sendo 54% dele ainda intacto. Não é preciso retirar a vegetação original e plantar em toda a região. Só o que já foi antropizado dá para abastecer o mundo hoje com as tecnologias disponíveis. Especialmente utilizando a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que considero a tecnologia mais inovadora que o mundo já fez: integrar em um mesmo ano, na mesma terra, três a quatro culturas, e tirar o maior proveito possível.
Há vários projetos em curso capazes de promover uma transformação ainda maior na agricultura do bioma. Destaco, por exemplo, o LabCerrado, uma iniciativa da Embrapa Cerrados para promover o desenvolvimento sustentável territorial em regiões do Tocantins e Minas Gerais, também com impactos no sudoeste da Bahia e oeste de Goiás.
O projeto estabelece a utilização do pó de rocha – ou pó de basalto – como fertilizante natural para o solo, promovendo a recuperação de solos degradados e em regiões com índice pluviométrico desfavorável.
O LabCerrado tem como foco uma área cultivável potencial de 7 a 10 milhões de hectares. A iniciativa privada tem apoiado este projeto. No caso, o parceiro mais importante é a Ferrovia Centro-Atlântica, operada pela concessionária VLI. Trata-se de um ganha-ganha, uma vez que a potencial carga cultivada poderia, de uma vez só, gerar receita para produtores, para Estados da área coberta pelo programa, para a companhia parceira, com o transporte da carga, e até também ao Espírito Santo, que veria aumento do movimento de seus portos. É claro que, para colhermos todos os resultados deste imenso potencial, é preciso que outros processos caminhem – uma grande pendência neste sentido é a renovação da concessão da FCA, ainda em curso.
A atividade agrícola para exportação tem sido um importante propulsor para o crescimento do produto interno brasileiro. O agronegócio hoje é responsável por 52,2% de tudo o que é exportado, e este resultado está ligado à alta produtividade motivada por incrementos tecnológicos usados no campo. É um dos setores econômicos mais dinâmicos do país.
Com investimento em tecnologia e nos meios de transporte para o escoamento da produção, o Brasil tem a capacidade para abastecer o mundo e suportar a segurança alimentar tanto dentro como fora do país.
Além de suprir a demanda por alimentos, o agronegócio tem a capacidade de revolucionar as regiões, por meio do aumento da produção, geração de empregos, melhoria na qualidade de vida das pessoas e o estímulo a toda uma cadeia de fornecedores. O agro é uma grande riqueza do país.
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