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É secretário de Estado do Meio Ambiente

Mudanças climáticas: como mudar as ações do homem?

Estado, sociedade civil e o setor produtivo precisam caminhar de forma conjunta. Os efeitos das mudanças climáticas são reais e precisamos estar preparados

  • Felipe Rigoni É secretário de Estado do Meio Ambiente
Publicado em 28/06/2023 às 10h00

Secas, enchentes, um calor mais intenso, mudanças de temperatura de forma frequente e uma série de outras questões: os impactos do aquecimento global começam a aparecer e são sentidos das mais diversas maneiras pela sociedade. Em março deste ano, o painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) alertou para a probabilidade de que o aumento da temperatura mundial ultrapasse 2°C se medidas de mitigação não forem priorizadas como políticas públicas globais.

Mas então podemos mudar o clima? A resposta correta seria “não”, não existe essa possibilidade. Entretanto, é mais do que possível alterar as ações do homem e impedir que essas atividades sejam prejudiciais à sociedade. É o caso das grandes emissões de gás carbônico, o principal causador do chamado efeito estufa. Além dos riscos iminentes já conhecidos, as mudanças climáticas promovem alterações em dois pilares fundamentais para toda sociedade, são eles: o fator econômico e o aspecto social.

Segundo um relatório da ONG Oxfam, os países pertencentes ao G7 podem perder 8,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) anualmente até 2050, caso não consigam proporcionar a redução nas emissões de gases poluentes. Além disso, um estudo do Swiss Re Institute aponta que a economia mundial pode encolher 18% nos próximos 30 anos se nenhuma ação mitigadora for tomada.

Outro dado importante divulgado recentemente por um dirigente do Banco Central Europeu mostrou que a economia europeia pode ficar completamente desestabilizada com os efeitos da degradação da natureza e das mudanças climáticas, uma vez que 75% dos empréstimos na zona do euro são para empresas dependentes de pelo menos um serviço ecossistêmico.

Setores cruciais para a economia global podem ser amplamente afetados, como é o caso da agricultura, que sofre com inundações, secas e ondas de calor; do turismo com a mudança frequente de temperatura e o aumento da frequência de eventos costeiros; e da indústria com a interrupção da cadeia de suprimentos. Mais preocupante ainda é que com os eventos extremos e os efeitos das mudanças climáticas, a chance do aumento da desigualdade social é ampla e real.

Comunidades de baixa renda, grupos étnicos minoritários e países em desenvolvimento são geralmente mais vulneráveis aos impactos devido a fatores como falta de acesso a recursos, infraestrutura inadequada e menor capacidade de adaptação. Isso pode resultar em disparidades sociais e econômicas ainda maiores, exacerbando as condições de pobreza e marginalização.

Com todos esses efeitos, quem sofre é o cidadão, que vê desde o aumento no número de doenças respiratórias, até o valor dos produtos nas prateleiras decolarem em decorrência dos problemas econômicos.

A interação entre os setores público e privado é mais do que necessária para evitar que os dados mencionados se tornem realidade. É nessa linha que o Espírito Santo deu um passo adiante, saiu na frente e lançou o pioneiro Programa Capixaba de Mudanças Climáticas. Ao todo, são mais de 50 ações com o objetivo central de contribuir para redução da concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera e promover condições para prevenção, mitigação e adaptação aos impactos derivados das mudanças no clima.

A prevenção consiste na adoção de medidas e políticas públicas capazes de reduzir impactos conhecidos no sistema climático da terra. Nessa linha, podemos destacar, entre outras ações, a operação do novo aquaviário, que mais do que ajudar na mobilidade, é um meio de transporte alternativo que vai proporcionar a redução na emissão de gases poluentes por veículos na Grande Vitória.

Na estratégia de mitigação, serão feitas mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o uso de recursos e as emissões. Assim, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, lançou o Plano de Descarbonização que será referência no Brasil. O efeito estufa é um dos grandes causadores do aquecimento global e para mitigar seus impactos negativos, é preciso reduzir os gases poluentes, como é o caso do CO2. O plano de descarbonização vai atuar desde a redução da emissão até a captura. Serão implementadas políticas públicas e realizados investimentos em tecnologias mais limpas e renováveis.

No mesmo programa, houve um investimento milionário em tecnologia, com a criação do Centro de Inteligência da Defesa Civil, que monitora em tempo real qualquer possibilidade de eventos extremos. Atualmente, o Estado possui o maior programa de reflorestamento do Brasil, o “Reflorestar”. Alinhando geração de renda e preservação, o projeto é responsável pela presença de mais de 40 milhões de árvores que contribuem para redução de carbono na atmosfera.

Acervo
Ecossistemas. Crédito: Acervo

Por fim, na adaptação são realizadas iniciativas e medidas para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas naturais e humanos frente aos efeitos atuais e esperados da mudança do clima. Nessa linha, o Estado lançou o Fundo Cidades, um amplo programa de apoio aos municípios para contribuir na melhoria da infraestrutura local, com aportes financeiros na casa dos R$ 240 milhões.

Já o programa Gerar, desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento, busca incentivar a utilização de energia solar, proporcionando melhorias da qualidade de vida da população com a redução da emissão de gases poluentes e a diversificação da matriz energética.

Estado, sociedade civil e o setor produtivo precisam caminhar de forma conjunta. Os efeitos das mudanças climáticas são reais e precisamos estar preparados.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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