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É mestre em História pela Sorbonne Paris-IV e professora de História e de Relações Internacionais

Guerra na Ucrânia: quem vai recuar, os russos ou os ocidentais?

Trata-se de um estudo de caso clássico das Relações Internacionais: é um conflito por espaço e influência

  • Evelyn Opsommer É mestre em História pela Sorbonne Paris-IV e professora de História e de Relações Internacionais
Publicado em 24/02/2022 às 20h12
Militares da Ucrânia em blindados seguindo em estrada em Kramatorsk
Militares da Ucrânia em blindados seguindo em estrada em Kramatorsk. Crédito: VADIM GHIRDA

As relações internacionais são estudadas por intelectuais que têm visões totalmente divergentes. Os realistas costumam ver conflitos como luta por terra, poder e influência. E ganha o mais forte.

Os pluralistas vêm o mundo dividido entre aqueles que respeitam e desrespeitam o direito internacional, e quanto mais interdependência e ajuda internacional, mais paz.

Os marxistas dividem o mundo entre opressores e oprimidos, levando para um lado mais econômico.

Bem, no caso da Ucrânia está claro que é um estudo de caso clássico das Relações Internacionais: é um conflito por espaço e influência. A expansão da Otan na antiga área soviética, lá nos anos 90, acuava a Rússia. E a Otan ali na Ucrânia e na Bielorússia, e até na Geórgia mais ao sul, humilharia demais a Rússia, então o Putin reagiu a esse circundamento desde 2014, na era Obama. Agora ele dá um passo maior sob o Biden, chamando as forças da Otan de "neonazis". Ou seja, Putin se aproveitou de um cenário de fraqueza do lado ocidental, com a eleição do Biden, assim como a eleição de um comediante para a presidência da Ucrânia sem experiência na política.

É preciso ressaltar que esses dois países não são inimigos; inclusive a Ucrânia foi russa na Idade Média. As populações são bastante interligadas, há uma forte cultura russófona na Ucrânia, e Putin chama os soldados ucranianos de “camaradas, nossa pátria”. Então, não vai ser uma guerra absoluta, Putin não quer os ucranianos odiando os russos. Mas só vai recuar quando o Ocidente prometer que a Otan não vai se estender ali.

O mundo diz respeitar a soberania da Ucrânia e de fato cabe a eles definir o que querem. Os ucranianos do Leste, que são ortodoxos, vão ficar de que lado? Os ucranianos do Norte e do Oeste são mais católicos, e pró-ocidentais, mas a que Ocidente eles aderem? Parece ser mais o de Trump, não o de Trudeau.

Em conclusão: é um caso clássico de relações internacionais, vamos ver quem vai recuar, os russos ou os americanos. E vamos ver se a Ucrânia se divide igual a Tchecoslováquia ou se fica unida diante desse enorme desafio.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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