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É reumatologista da Reuma e membro da Academia Brasileira de Reumatologia

Fevereiro Roxo: um alerta para as dores invisíveis

Durante o Fevereiro Roxo, campanha que também aborda o lúpus e o Alzheimer, reforça-se a importância da conscientização sobre a fibromialgia, incentivando o diagnóstico precoce e o combate ao preconceito

  • Valéria Valim É reumatologista da Reuma e membro da Academia Brasileira de Reumatologia
Publicado em 04/02/2025 às 14h06

Dores que se espalham por várias partes do corpo, fadiga, distúrbios do sono, ansiedade e alterações de memória e de atenção podem ser sintomas de fibromialgia, doença mais comum entre as mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, de cada 10 pacientes com fibromialgia, sete são do sexo feminino. No entanto, a síndrome também pode acometer homens, adolescentes e crianças, e aumenta a frequência em idosos. Estima-se que 2,5% a 5% da população mundial conviva com essa condição crônica, que afeta drasticamente a qualidade de vida.

Caracterizada por dores musculares difusas e persistentes que duram mais de três meses, sem apresentar inflamações aparentes, a fibromialgia ten sintomas incluem cansaço extremo, sono não reparador, ansiedade, depressão e dificuldades cognitivas, como falta de concentração e memória.

Acredita-se que a condição esteja relacionada a alterações no processamento da dor pelo sistema nervoso central, tornando o corpo mais sensível a estímulos dolorosos. Esse fenômeno é chamado de sensibilização central. Traumas físicos ou emocionais, doenças sistêmicas, lesões musculoesqueléticas ou dores localizadas podem atuar como gatilhos para o desenvolvimento da síndrome.

No entanto, por ser uma condição invisível e difícil de diagnosticar, a fibromialgia ainda é vista por muitos como “frescura” ou exagero, perpetuando mitos que dificultam o acolhimento.

Durante o Fevereiro Roxo, campanha que também aborda o lúpus e o Alzheimer, reforça-se a importância da conscientização sobre a fibromialgia, incentivando o diagnóstico precoce e o combate ao preconceito. O impacto da fibromialgia vai muito além da dor física. Os pacientes frequentemente enfrentam limitações em atividades cotidianas, o que pode levar à frustração, ao isolamento social e a dificuldades emocionais. Por não apresentar alterações visíveis em exames laboratoriais ou de imagem, o diagnóstico da fibromialgia é baseado na avaliação clínica, sendo fundamental o acompanhamento de profissionais qualificados.

Embora não tenha cura, pode ser gerenciada com um tratamento multidisciplinar. Exercícios físicos regulares, de qualquer modalidade, como musculação, caminhadas e natação, são eficazes na redução da dor e na melhora do bem-estar. Terapias psicológicas auxiliam no enfrentamento dos impactos emocionais da doença, enquanto medicações específicas ajudam a controlar a sensibilidade à dor.

Fibromialgia: dor na lombar
Fibromialgia: dor na lombar. Crédito: Shutterstock

Em alguns casos, especialmente quando há alguma síndrome dolorosa regional, infiltrações e bloqueios, que podem ser realizados em centros de infusão, têm oferecido novas perspectivas no manejo da doença. Além disso, práticas integrativas, como fisioterapia e acupuntura, são recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para um cuidado mais amplo e acessível.

A conscientização sobre a fibromialgia, especialmente durante o Fevereiro Roxo, é essencial para combater os mitos em torno da doença. Reconhecer os desafios enfrentados por quem vive com essa síndrome é um passo importante para promover acolhimento e suporte. Informar-se e cuidar são os primeiros passos para uma vida com mais qualidade, mesmo diante das adversidades.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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