Como evitar as ilhas de calor, que aumentam o desconforto no verão

Em locais de clima quente e úmido, como o caso de Vitória, o sombreamento proporcionado pelas copas das árvores auxilia no conforto térmico e assim possibilita uma maior utilização dos espaços públicos abertos

  • Fabiana Trindade da Silva e Ricardo Nacari Maioli
Publicado em 08/01/2021 às 10h00
Árvore florida no bairro Bento Ferreira
Árvore florida no bairro Bento Ferreira: ruas e espaços arborizados e gramados tendem a ser ambientes mais frescos . Crédito: Ricardo Medeiros

Os espaços públicos abertos, como as ruas e as praças das cidades, são ambientes democráticos voltados para toda as pessoas e podem exercer diversas funções no nosso dia a dia. Esses espaços são utilizados no trajeto diário para o trabalho, para o lazer num fim de semana, para a prática esportiva eventual ou mesmo apenas para se deslocar até a padaria. Esses ambientes fazem parte do cotidiano e são essenciais para as cidades.

Entretanto, o adensamento urbano acarreta alterações das características de revestimento de solo e dos demais materiais utilizados nas construções, como o asfalto e o concreto. Somadas a outros fatores, as cidades modificam a sua inércia térmica e começam a registrar temperaturas cada vez mais altas em seus espaços urbanos, caracterizando as ilhas de calor.

Esse fenômeno prejudica tanto os pedestres e demais usuários das ruas e praças, quanto os usuários dos edifícios presentes no entorno, aumentando o desconforto térmico e prejudicando ou até inviabilizando o uso desses ambientes.

Contudo, nos espaços públicos os pedestres são os mais prejudicados por não conseguirem se abrigar num ambiente climatizado, como os usuários dos veículos, assim como pela proximidade com superfícies superaquecidas que irradiam calor, como o asfalto e o concreto.

Em tempos de alterações climáticas e aumento da temperatura global, é necessário adequar as características das nossas cidades para reduzir os efeitos das ilhas de calor e proporcionar um ambiente mais agradável aos seus usuários.

Nesse cenário, o uso da vegetação no espaço público pode contribuir para a redução dos efeitos das ilhas de calor e auxiliar no conforto térmico, pois influencia na radiação solar direta, temperatura, umidade e velocidade e direção do vento. A vegetação tem a capacidade de absorver parcialmente a radiação solar e aumentar a taxa de evaporação, o que auxilia na conservação da umidade do microclima, importante para o nosso clima.

Em locais de clima quente e úmido, como o caso de Vitória, o sombreamento proporcionado pelas copas das árvores auxilia no conforto térmico e assim possibilita uma maior utilização dos espaços públicos abertos.

Ruas e espaços arborizados e gramados tendem a ser ambientes mais frescos do que aqueles sem a presença de vegetação. No entanto, é importante se atentar ao tipo e a disposição da vegetação. Árvores de copas mais densas proporcionam maior sombreamento e aumentam a sensação de conforto térmico. Um espaço formado por várias árvores de copas densas muito próximas, contudo, pode criar um obstáculo a passagem do vento e prejudicar as condições de conforto do local e arredores.

De forma a diminuir os efeitos das ilhas de calor e aumentar o conforto térmico, são diversas as estratégias para a utilização da vegetação no meio urbano, seja através da substituição de materiais de revestimento de solo, criando mais áreas de jardins, com o uso de paredes verdes ou mesmo com a copa das árvores proporcionando sombra ao ambiente.

Sendo assim, para garantir o maior uso dos espaços públicos como ruas e praças o conforto térmico é essencial, mas para isso é preciso definir adequadamente a disposição e o tipo da vegetação.

A autora é doutoranda em Engenharia Ambiental e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faesa. O autor é mestre em Engenharia Civil e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faesa.

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