Empresas criam protocolos para reduzir efeito estufa
Empresas criam protocolos para reduzir efeito estufa. Crédito: rawpixel.com / Roungroat

Empreendedores capixabas vivem missão de salvar o planeta

Pequenos negócios têm surgido em território capixaba com a proposta de construir protocolos para reduzir os gases de efeito estufa e proteger o clima

Tempo de leitura: 5min
  • Simone Azevedo
Publicado em 17/12/2022 às 13h00

Conhecido como o hub da economia limpa, o ECO55 nasceu como uma startup do clima dedicada a viabilizar a transição de pequenas e médias empresas para a economia de baixo carbono. A empresa oferece uma jornada completa rumo a descarbonização, com todas as ferramentas e recursos necessários para a transição estratégica dos negócios. Essa inovação tem repercutido pelo mundo.

A startup capixaba foi selecionada para o Web Summit Lisboa 2022, maior evento de inovação e empreendedorismo do mundo, que aconteceu em novembro de 2022, em Portugal, e reuniu mais de 70 mil pessoas de 140 países.

Entre os 955 negócios inscritos, o ECO55 ficou entre as 100 startups de impacto. Guilherme Barbosa, CEO do ECO55, explica que educação climática e respeito aos recursos naturais é uma jornada urgente para as empresas e para a sociedade.

“A partir do momento que a gente vive uma crise climática comprovada cientificamente, a tomada de providências passa pela inovação. Transitar para uma economia de baixo carbono para evitar o aquecimento global é desafio de inovação e de empreendedorismo. Além disso, para a economia, um produto ao qual é agregado o valor de poupar impacto negativo no planeta acaba tendo uma maior aceitação no mercado internacional. Mais cedo ou mais tarde, as empresas precisarão apresentar suas emissões de gases de efeito estufa para ter acesso a investimentos, licenças e até para vender seus produtos”, explica o empreendedor.

Mudanças climáticas extremas, redução da emissão de carbono, busca pela energia limpa e corrida pela eficiência energética sustentável definem o atual cenário de transformação. Na dianteira desse processo, startups capixabas estão cada vez mais preocupadas com a necessidade de criar inovações que gerem riqueza e desenvolvimento econômico e social através da preservação da saúde do planeta. Esse é também o caso da Wize Company e da Destine Já, startups incubadas na TecVitória.

A Wize fornece uma plataforma de nuvem e hardware inovadores para gestão de resíduos sólidos baseados no conceito de smart cities ou cidades inteligentes. Uma cidade inteligente é um lugar que usa tipos diferentes de sensores eletrônicos para coletar dados e usá-los para gerenciar recursos e ativos eficientemente. A tecnologia desenvolvida pela Wize permite que as empresas de reciclagem e gestão de resíduos otimizem suas operações de coleta e maximizem o uso de recursos.

E a Destine Já coleta todo tipo de resíduo em empresas e instituições, desde resíduos simples, como embalagens recicláveis, a inflamáveis, tóxicos, hospitalares e até limpeza de caixas separadoras e fossas.

“O desafio climático que existe hoje depende de empreendedores corajosos. Isso o Espírito Santo tem de sobra. Nossa terra é fértil de talentos e de problemas, duas coisas que estimulam a inovação, pois inovar é resolver problemas com criatividade”, avalia Guilherme Barbosa.

Com a revolução da interconectividade da internet das coisas, os negócios digitais têm se tornado cada vez mais promissores e mais atrativos para investidores e para as empresas interessadas em soluções assertivas e conectadas às novas demandas da sociedade.

No Findeslab, a principal atuação do hub de inovação da indústria capixaba é o processo de inovação aberta. Grandes empresas apresentam desafios complexos para resolver problemas ou construir melhorias em seus processos produtivos e chamam as startups em todo o país, por meio de edital, para propor soluções.

Em 2019, a ArcelorMittal apresentou como desafio a identificação de emissões atmosféricas em processos industriais, e a Termica Solutions Engenharia foi a startup selecionada para propor soluções. Em 2021, o desafio da empresa era o armazenamento e utilização de carbono. A Mundificar Tecnologia de Conversão Energética foi a escolhida.

Já a Suzano apresentou como desafio a aplicação industrial sustentável para resíduo industrial em 2020, e a Pegoretti Industria e Comércio de Equipamentos Ambientais Eireli foi a startup selecionada.

Guilherme Barbosa, CEO da ECO55
Guilherme Barbosa, CEO da ECO55. Crédito: Divulgação

Guilherme Barbosa

CEO da ECO55

"O desafio climático que existe hoje depende de empreendedores corajosos. Isso o Espírito Santo tem de sobra. Nossa terra é fértil de talentos e de problemas, duas coisas que estimulam a inovação"

“Nosso papel é incubar os projetos de inovação. Então, realizamos a intermediação entre os interesses da empresa lançadora do desafio e os interesses da startup. Alguns projetos não são concluídos com uma solução fechada, mas com avanços importantes. Hoje, temos 49 projetos de empresas capixabas que lançaram desafios de inovação aberta para startups do Brasil inteiro. E essa conexão entre empresas do Estado e startups de outros Estados impacta positivamente o Espírito Santo com geração de emprego e desenvolvimento social e econômico”, explica Naiara Gallini, gerente de inovação do Findeslab.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por meio do seu programa de apoio às startups capixabas, auxilia o empreendedor desde a transformação da ideia em negócio até a emissão da nota fiscal. Diretor-técnico do Sebrae-ES, Luiz Toniato explica que apoiar as startups desde o seu surgimento com as mentorias, as ferramentas e as metodologias corretas e internacionalmente testadas e validadas é a etapa mais importante na constituição dos negócios.

“As startups precisam construir uma existência pautada em uma metodologia consistente. Não basta ter uma ideia inovadora sem saber construir um modelo de negócio, observando fatores como concorrência, capacidade de investimento, fragilidades e riscos. Muitos negócios morrem nos primeiros meses, muitas vezes, por falta desse apoio especializado que ajude com um bom planejamento, com competência gerencial, com análise de habilidades comportamentais e com o plano de negócios. Empreender é desafiador. Ajudar nesse desafio é o trabalho do Sebrae”, destaca Toniato.

Primeira incubadora do Espírito Santo e primeiro ambiente promotor de inovação capixaba, a TecVitória foi fundada em 1995 por instituições públicas e privadas que tinham como objetivo investir em produção científica e inovação tecnológica no Estado. Hoje, com novo estatuto, novo conselho administrativo, 15 empresas assistidas e novas parcerias institucionais, a incubadora lançou um novo edital de seleção este ano para o chamamento de projetos com o qual pretende selecionar pelo menos 20 ideias inovadoras.

Pedro Trés, diretor jurídico e de relações institucionais da TecVitória, destaca que a importância das incubadoras é poder transformar uma ideia abstrata com potencial inovador em produto que detenha essa capacidade de inovação validada pelo mercado e que resolva uma dor ou necessidade da sociedade.

“A incubadora ajuda o empreendedor a conectar a sua criação tecnológica a todo um universo empresarial acessório que orbita o desenvolvimento dessa tecnologia, como jurídico, contábil, financeiro, marketing, precificação e identificação de clientes, que normalmente não é familiar a esse empreendedor. Na TecVitória, nós ajudamos o empreendedor a validar a sua ideia no mercado. Ou seja, saber se aquele produto ou serviço que ele idealizou resolve alguma necessidade da economia”, explica Trés.

Para Lara Sepulcri, fomentar negócios inovadores é um trabalho coletivo e necessário para a geração de empregos no Estado, desenvolvimento social e econômico e crescimento do Produto Interno Bruno (PIB) capixaba. “Desenvolver um ecossistema de empreendedorismo de qualidade no Estado, estabelecendo uma organicidade entre os hubs e incubadoras, é o que contribui com o desenvolvimento da economia”, ressalta.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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