Estagiária / nicoly.sales@redegazeta.com.br
Publicado em 4 de abril de 2025 às 17:01
Imagine viver sob a pressão de uma "data de validade" social, em que a idade parece ser um obstáculo constante. Para muitas mulheres, essa é uma realidade concreta, intensificada pela chegada da menopausa e pelo etarismo no ambiente profissional. Ainda assim, milhares delas têm transformado esse período em uma oportunidade de reinvenção. No Espírito Santo, por exemplo, mais de 206 mil mulheres investem em negócio próprio, representando 34% dos empreendedores do estado.
Foi com esse olhar que o Centro de Eventos da Rede Gazeta recebeu, nesta sexta-feira (4), a roda de conversa “O que a maturidade nos ensina?”, iniciativa do projeto Todas Elas. O encontro reuniu a atriz e humorista Alexandra Richter; a especialista em Gestão de Pessoas e líder do coletivo Arena Mulher, Andrea Salsa; a diretora-presidente do Instituto Oportunidade Brasil, Verônica Lopes; com mediação da jornalista e gerente-executiva de Produto de A Gazeta, Elaine Silva.
Com bom humor e sensibilidade, Alexandra emocionou o público ao compartilhar sua trajetória. “Eu tenho 57 anos e sinto que já passei do meio da minha existência. Mas encaro essa passagem como mais uma estação dessa estrada da vida”, afirmou.
A atriz, conhecida por papéis em produções como "Zorra Total" e "Minha Mãe é uma Peça", contou que o reconhecimento em sua carreira só chegou aos 36 anos — e nunca achou que era tarde demais. “Não passava pela minha cabeça que, aos 36 anos, eu estaria velha, que o meu tempo havia passado”, disse.
Para a atriz, se manter parada no espaço nunca foi uma opção. Por isso, sempre buscou novas formas de se manter em movimento. A perspectiva, para ela, sempre foi diferente. "Olho sempre o tempo como um complemento de vida".
Durante o climatério, período que antecede a menopausa, Alexandra enfrentou mudanças físicas e emocionais. A humorista lembra de ter se sentido, inicialmente, constrangida com os sintomas. Mas sua abordagem leve e positiva para a vida permitiu que superasse essa fase sem se cobrar excessivamente.
"A gente tem que colocar na balança o que é importante, o que é urgente, o que é realmente sério e o que a gente tem que dar peso. Assim, conseguimos, com esse distanciamento e com o humor – não é ser comediante, nem fazer piada de tudo –, simplesmente tentar falar: 'Deixa eu respirar aqui.' Olhar para outras perspectivas, nem que seja assistir a um filme, uma peça, e falar: 'Hoje eu preciso rir'. Ou sair com as amigas para falar bobagem. Isso também é importante", aconselhou.
No palco, ela também recitou um texto que escreveu quando pensou em maturidade: “O tempo me ensinou a aceitar o que eu não posso mudar; a ‘ligar o F’; a maturidade me ensinou a não sofrer por causas que estão fora do meu controle e entender que ainda estou em constante transição..."
Durante o debate, as participantes também discutiram como a mudança de carreira ou se reencontrar no trabalho pode ser um desafio para as mulheres que passam pela menopausa. Andrea Salsa, especialista em Gestão e Gente e líder do coletivo Arena Mulher, explicou que a decisão de transição de carreira é difícil, pois envolve medo, insegurança e a incógnita do que se encontrará "do outro lado do caminho".
Andrea Salsa
Especialista em Gestão e Gente e líder do coletivo Arena MulherAbordando os aspectos das mulheres no mercado de trabalho, as palestrantes destacaram como a Geração Z está sendo mais questionadora e consciente de seus limites, exigindo condições de trabalho dignas. As mulheres maduras, segundo as palestrantes, podem se inspirar nessa postura.
Verônica Lopes, por sua vez, defendeu que a reinvenção também tem um papel inspirador para as novas gerações. “Acredito que a nossa geração, com as mulheres negras, principalmente as meninas periféricas, tem falta de espelhos. Muitas vezes, aquilo que parece vulnerabilidade é, na verdade, a força que ela tem”, afirmou.
Roda de conversa do Todas Elas
Elaine Silva, uma das idealizadoras do projeto Todas Elas e gerente-executiva de Produto de A Gazeta, explicou que o projeto, lançado em 2020, inicialmente abordava questões de violência e direitos das mulheres. Após a pandemia, o foco mudou para a independência financeira feminina e, este ano, surgiu a temática da menopausa.
Elaine Silva
Gerente-executiva de Produto de A GazetaSegundo ela, há diversos outros campos que podem ser explorados sobre a maturidade no universo feminino. “Quando a gente fala de educação, todo o conhecimento é importante. Na maturidade, se você não tem o conhecimento de causa, do que está acontecendo com o seu corpo, o que está acontecendo com a sua cabeça, fica achando que está tudo errado. Então, é isso que a gente quer continuar levando."
Os próximos encontros do Todas Elas já têm temas definidos: em maio, o foco será maternidade; e em novembro, o empreendedorismo negro entrará em destaque. As datas ainda serão confirmadas.
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