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Dor lombar: tratamentos estão quase sempre errados

Dor lombar: tratamentos estão quase sempre errados

Exames e cirurgias são feitos sem necessidade, aponta estudo

Publicado em 2 de junho de 2018 às 21:40

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O universitário Diego Blanck sofre de dores lombares há um ano. Na foto, ele está em sua primeira sessão de fisioterapia, com o professor Fabiano Dias. (Vitor Jubini)

Se você nunca sentiu dor na lombar, saiba que é um forte candidato a ter o problema um dia. Oito em cada dez pessoas vai sofrer a chamada lombalgia pelo menos uma vez da vida. Uma doença que afeta já 540 milhões de homens e mulheres em todo o mundo e cuja causa é difícil de detectar, na maioria dos casos.

E grande parte dos tratamentos indicados está errada, como apontou uma série de artigos publicada no periódico britânico The Lancet, uma das mais conhecidas e respeitadas revistas científicas sobre medicina do mundo.

Para chegar a essas conclusões, pesquisadores fizeram uma revisão sistemática de estudos publicados entre 1990 e 2016 em 195 países

O estudo causou certo alvoroço no meio acadêmico ao fazer uma crítica ao uso número abusivo de solicitações de exames, ao uso inadequado de medicamentos e de cirurgias para tratar a dor lombar.

“A publicação desse consenso trouxe uma luz ao tratamento da dor lombar. Chacoalhou o meio médico e os fisioterapeutas, que viram que não estão tratando o problema corretamente”, comenta Fabiano Moura Dias, fisioterapeuta, professor e coordenador do grupo de prevenção e tratamento da dor lombar em um projeto desenvolvido por uma universidade particular de Vila Velha.

Segundo o professor, a região da lombar costuma ser problemática assim porque recebe toda a carga do nosso corpo, servindo de base da sustentação do corpo.

“Em geral, essa dor é provocada por maus hábitos de vida, como má postura, sedentarismo, por exemplo”, diz Dias.

Por isso, a reeducação postural ou a prática de exercícios físicos deveriam ser a primeira opção de tratamento dessa dor.

EXAMES

Ele explica que, ao fazer um exame, como raio-x ou ressonância magnética, para detectar a origem da dor na lombar, a pessoa descobre uma hérnia ou uma discopatia. “Sempre tem um achado radiológico, como chamamos. Mas nem sempre ele é a causa da dor lombar. Diante desse exame, o paciente para de ter dor lombar e passa a ser portador de uma doença que na cabeça dele é incapacitante. Tem todo um aspecto psicológico que faz essa pessoa mudar toda a mecânica do corpo dela. Ela vai ficando com medo do movimento, travada igual um robô, não faz mais nada achando que vai piorar o problema”, analisa Dias.

Casos mais graves, diz ele, geralmente apresentam outros sinais. “Se é uma hérnia, a dor não fica só na lombar. Ela irradia para a perna, que doi, fica dormente. Aí é o caso de fazer exames de imagem”, aponta o especialista, que coordena um projeto que presta atendimento gratuito à comunidade.

Ortopedista e membro das sociedades brasileira e norte-americana de coluna, Lourimar de Toledo, afirma que as dores lombares costumam passar depois de alguns dias. “Na maior parte dos casos, no momento da crise de dor, indicamos um medicamento analgésico e repouso, que nem deve ser por muito tempo. Mas quando dizemos para os pacientes fazerem exercício, muitos acham ruim”, comenta ele.

Para o médico, não são todos os casos que necessitam de exames. E cirurgia é último recurso. “O problema é que os exames podem mostrar uma alteração degenerativa na coluna que é comum na evolução do organismo e não necessariamente tem a ver com a dor na lombar. Assim como vamos ganhando rugas, cabelos brancos, passamos a ter algumas alterações na estrutura da coluna com o tempo que podem nem ser uma doença”, destaca.

O estudante de engenharia civil Diego Blanck, de 20 anos, há um ano convive com dor na lombar e agora buscou ajuda. “No meu caso, acho que é por causa da postura. Passo muitas horas sentado, estudando. No começo, era só um pequeno incômodo. Mas passou a doer mais”, conta o jovem.

ONDE TRATAR DE GRAÇA

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Projeto fisioterapia na lombalgia inespecífica Policlínica da UVV, em Vila Velha. Atendimento gratuito. Telefones: 99699-7894 ou 99782-3509

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