Publicado em 11 de agosto de 2024 às 12:53
Imane Khelif, a boxeadora argelina vencedora da medalha de ouro cuja Olimpíada foi ofuscada por uma disputa sobre elegibilidade de gênero, disse à BBC Árabe, o serviço em árabe da BBC, que "os obstáculos geraram motivação" para sua vitória em Paris 2024.>
A atleta descreveu as críticas sobre sua presença na categoria feminina do boxe nos Jogos Olímpicos como "campanhas intensas de bullying" e acrescentou que conseguiu superá-las com "a graça de Deus".>
A BBC também confirmou que uma queixa legal foi apresentada na França no sábado (10/8) alegando que Khelif sofreu assédio online, incluindo uma campanha de abusos misóginos, racistas e sexistas. >
O advogado Nabil Boudi disse em uma postagem nas redes sociais que o tratamento que ela recebeu equivale a um "linchamento online".>
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Khelif é uma das duas boxeadoras autorizadas a participar dos Jogos de Paris, apesar de ter sido banida dos campeonatos mundiais do ano passado pela Associação Internacional de Boxe (IBA). >
As lutadoras teriam apresentado certas características biológicas que excederiam os limites para classificação de feminilidade.>
Mas uma investigação está em curso e, mesmo entre especialistas que dedicam a vida profissional a estudar o tema, há diferentes interpretações sobre o que dizem as evidências.>
Khelif e Lin Yu-ting, de Taiwan, receberam forte apoio do Comitê Olímpico Internacional (COI), que organizou as competições de boxe nos Jogos e determinou que ambas são mulheres e estavam elegíveis para competir.>
Apesar da repercussão na mídia e nas redes que cercou a atleta peso meio-médio durante Paris 2024, Khelif, de 25 anos, afirmou que conseguiu focar em seu boxe.>
"Eu consegui controlar meus nervos e minha mente perfeitamente e manter meu espírito esportivo para seguir meu caminho e alcançar meu sonho de ganhar uma medalha de ouro olímpica", disse ela.>
Khelif acrescentou que as autoridades dos Jogos estavam certas em não se curvar às críticas sobre sua elegibilidade para competir.>
"Gostaria de agradecer ao Comitê Olímpico Internacional que me ajudou e mostrou a verdade", disse ela.>
Khelif acrescentou que o ouro olímpico tem sido seu principal objetivo desde que foi excluída da final dos campeonatos mundiais do ano passado pela IBA devido a um teste de elegibilidade de gênero.>
Ela sentiu que havia sido "injustiçada" e queria conquistar o título em Paris 2024 para mostrar ao mundo "como triunfar do nada ao tudo".>
Khelif foi ovacionada por um grande número de apoiadores argelinos na noite de sexta-feira (9/8), na final do boxe em Paris. Eles agitaram as bandeiras verdes, brancas e vermelhas do país no norte da África. >
O boxeadora dominou a luta e foi calorosamente abraçada por sua adversária, a campeã mundial chinesa Yang Liu.>
Quando o resultado foi confirmado por decisão unânime, Yang levantou o braço de Khelif no ar — um contraste com as cenas após a luta de abertura da argelina contra a italiana Angela Carini.>
A nova campeã foi então carregada pelos ombros de seu treinador ao redor de uma arena em êxtase.>
Após a luta, enquanto o hino nacional da Argélia tocava, Khelif foi aplaudida pelas medalhistas de bronze Chen Nien-chin, de Taiwan, e Janjaem Suwannapheng, da Tailândia.>
Khelif disse à BBC que ganhar o ouro olímpico foi apenas o começo para ela, mas que seus próximos passos são incertos.>
"Eu vou descansar por alguns meses e discutirei com minha equipe o que farei e se há outro caminho no boxe", disse ela, referindo-se ao fato de que atualmente está banida pela IBA, a mais poderosa entidade reguladora do boxe amador.>
"Eu sei que agora ganhei um grande apoio popular e espero contribuir para a felicidade e alegria dessas pessoas, e espero competir no boxe no mais alto nível mundial.">
Ela acrescentou: "O povo argelino me apoiou e me defendeu ferozmente e enfrentou as campanhas contra mim".>
Na Olimpíada, o boxe é gerido pelo COI, que insistiu que tanto Khelif quanto Lin Yu-ting, de Taiwan, estavam elegíveis para competir na competição feminina. >
Lin venceu a luta pela medalha de ouro na categoria peso-pena feminina na noite de sábado.>
O presidente do COI, Thomas Bach, afirmou que "nunca houve dúvida" de que ambas são mulheres.>
Khelif chegou à final dos Campeonatos Mundiais do ano passado antes de ser desqualificada pela IBA — a organização foi suspensa pelo COI em 2019 devido a preocupações com suas finanças, governança, ética, arbitragem e julgamento.>
A IBA disse que Khelif havia "falhado em atender aos critérios de elegibilidade para participar da competição feminina, conforme estabelecido e definido" em seus regulamentos, enquanto o COI afirmou que ambas foram "desqualificadas repentinamente sem qualquer processo devido".>
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