Publicado em 12 de novembro de 2024 às 17:37
Segundo avaliação do economista Marcelo Neri, diretor do centro de políticas sociais FGV Social.>
"Não sou muito otimista quanto aos impactos de curto prazo dessa medida. É uma medida ousada de taxação dos ricos e, por razões óbvias, enfrenta uma certa resistência", afirma Neri.>
"A eleição do Trump, de alguma forma, não só nessa agenda, mas em outras, pode ser vista como um certo balde de água fria. Ele é apoiado por Elon Musk, que se tornou em algum momento recente o homem mais rico do mundo", completa.>
O G20 é composto pelas 19 principais economias do planeta, mais a União Europeia e a União Africana. A cúpula dos chefes de Estado, ápice da programação, está agendada para a próxima semana, na segunda-feira (18) e na terça (19), no MAM Rio (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro).>
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Antes disso, diplomatas do G20 fazem a partir desta terça (12), também na capital fluminense, uma série de reuniões para tentar concluir a declaração final do grupo. A previsão é de que essa rodada de negociação siga até sábado (16).>
A taxação dos super-ricos é prioridade da presidência brasileira no G20. O tema, contudo, já enfrentou resistências dentro do bloco, inclusive por parte dos Estados Unidos. A possibilidade que se abre com a vitória de Trump seria de uma retórica mais agressiva contra a medida mais à frente.>
Durante as negociações para comunicado divulgado em julho, após encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, o Brasil precisou fazer concessões a fim de incluir uma menção aos super-ricos, sem uma promessa concreta.>
Na mesma ocasião, uma declaração específica sobre cooperação tributária internacional afirmou que os países do fórum buscariam se engajar para garantir que os super-ricos fossem taxados de forma efetiva, mas indicou que isso precisaria ser feito com pleno respeito à soberania tributária.>
Do ponto de vista econômico-social, outra medida que deve ganhar espaço nas discussões no Rio é a formação de uma aliança global para combater a fome e a pobreza, aponta Neri. Trata-se de outra bandeira prioritária do governo brasileiro.>
Na visão do economista, o G20 é o "fórum adequado" para colocar debates desse tipo em pauta, mesmo com as possíveis dificuldades de implementação das ações.>
"O G20 tem os maiores financiadores do combate à pobreza possíveis no mundo, e o objeto da proposta de taxação [dos super-ricos] exige uma certa coordenação entre os países", afirma.>
"É o fórum adequado, mas não esperaria um efeito de curto prazo. É mais colocar na agenda, de alguma forma acompanhá-la. Agora, com a eleição do Trump, ficou mais difícil do que já era", acrescenta.>
Ainda de acordo com Neri, é "saudável" para o Brasil voltar a receber grandes eventos internacionais, como é o caso do G20. O economista foi responsável pela organização de um livro lançado em 2021 sobre os impactos das Olimpíadas de 2016 no Rio.>
Segundo a obra, o evento esportivo estimulou a cidade em áreas como emprego e combate à pobreza. O município, contudo, não conseguiu avançar em pontos como a despoluição da baía de Guanabara.>
"O país tem uma certa importância em termos de diplomacia internacional", diz. "Um pouco na linha da aliança global, da taxação dos ricos, o Brasil tem tentado de alguma forma ter uma contribuição mais global.">
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