Publicado em 24 de agosto de 2023 às 05:14
A notícia de que o apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faustão, precisará de um transplante de coração suscitou debates sobre como funciona a doação e transplate de órgãos no Brasil.>
Símbolo da TV aberta aos domingos durante décadas, Faustão, de 73 anos, está internado desde o início de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), fazendo um tratamento de compensação clínica de insuficiência cardíaca.>
Ele está sob cuidados intensivos, dependente de hemodiálise e necessita de medicamentos para ajudar no bombeamento do coração.>
Em um vídeo gravado por seu filho João Guilherme Silva e compartilhado no Instagram em 19 de agosto, ele disse: "Por sorte, eu ainda não morri! Estou preparado para as coisas da vida".>
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"Estou ainda nesse tratamento. Eles [os médicos] vão decidir que tipo de cirurgia eu posso fazer, e eu peço que quem gosta de mim, que reze por mim.">
No mesmo vídeo, ele agradeceu à equipe médica e aos familiares pelo apoio e cuidado. E encerrou: "Quem decide é o chefe lá em cima".>
Confira abaixo uma lista de perguntas e respostas sobre a doação de órgãos no Brasil.>
Há dois tipos de doação de órgãos: em vida e após a morte. >
O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte do pulmão ou parte da medula óssea. >
Em todos os casos, a compatibilidade sanguínea é vital para a doação.>
Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores em vida. Não parentes, somente com autorização judicial. >
Já o doador falecido terá seus órgãos doados após morte encefálica ou por parada cardiorrespiratória.>
No primeiro caso, pode doar coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões. >
No segundo, pode doar apenas tecidos para transplante (córnea, vasos, pele, ossos e tendões).>
A diferença tem a ver com o fato de que a circulação sanguínea influencia no funcionamento de alguns órgãos — tanto é que, se o paciente tiver morte encefálica, é necessário manter a circulação sanguínea até o momento da retirada do órgão a ser doado.>
A legislação brasileira exige o consentimento da família para a retirada de órgãos e tecidos para transplante.>
Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que, se você quiser ser doador de órgãos, avisar aos familiares é o mais importante.>
Isso porque, apesar de pela lei não ser possível garantir efetivamente a vontade do doador, na grande maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado, acrescenta a pasta.>
Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que a família atenda ao pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos.>
Mas o desejo do doador, expressamente registrado, também pode ser aceito, caso haja decisão judicial nesse sentido.>
Um dos principais motivos para que um órgão não seja doado no Brasil é a negativa familiar.>
No ano passado, mais de 45% das famílias recusaram a doação de órgãos. >
Entre os motivos, segundo muitos estudos, está a falta de informação – por exemplo, de que os órgãos possam ser retirados de pacientes ainda em vida e sem seu consentimento.>
Não existe restrição absoluta, mas a doação de órgãos requer alguns critérios mínimos como o conhecimento da causa da morte, ausência de doenças infecciosas ativas, dentre outros. >
Também não poderão ser doadoras as pessoas que não possuem documentação ou menores de 18 anos sem a autorização dos responsáveis.>
É uma verdadeira corrida contra o tempo. >
O prazo entre a retirada do órgão do doador e o seu implante no receptor é chamado de tempo de isquemia.>
Os tempos máximos de isquemia normalmente aceitos para o transplante de diversos órgãos são: >
Coração: 4 horas>
Fígado: 12 horas>
Pâncreas: 12 horas>
Pulmão: 6 horas>
Rim: 48 horas>
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 66 mil pessoas estão na fila de transplante de órgãos no Brasil, e esse número é um dos maiores nos últimos 25 anos.>
Desse total, 386 estão atualmente à espera de um coração.>
Referência mundial na área de transplantes, com o maior sistema público de transplantes do mundo, o Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza esse tipo de procedimento, atrás apenas dos Estados Unidos. >
Todos os anos, cerca de 20 mil procedimentos são realizados, mais de 90% pela rede pública, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). >
No passado, o número de transplantes foi de 23.516.>
Independentemente da forma como o transplante é pago (pelo SUS ou não), a chance de receber um órgão é a mesma.>
No Brasil, existe uma lista de espera única e informatizada para transplante de órgãos.>
Portanto, para receber um órgão, o potencial receptor deve estar inscrito nela, e seu lugar nessa "fila" é respeitado conforme a ordem de inscrição. >
No entanto, existem casos que podem ser priorizados nessa lista de espera.>
Isso vai depender as condições clínicas do paciente, como situações de extrema gravidade com risco de morte. >
Por exemplo: impossibilidade total de acesso para diálise, no caso de doentes renais; a insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado; necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeição de órgãos recentes de transplantados, segundo o Ministério da Saúde.>
No caso de Faustão, como ele já está fazendo tratamento para insuficiência cardíaca, com diálise, muito provavelmente será priorizado.>
Outro critério é a a compatibilidade entre doador e receptor, uma vez que nem sempre ela é possível.>
No Brasil, vender ou comprar órgãos humanos é crime, com penas de três a oito anos de prisão.>
Na doação em vida, sim. Na doação após a morte, nem o doador, nem a família podem escolher o receptor. >
Segundo o Ministério da Saúde, o sucesso depende de inúmeros fatores como o tipo de órgão a ser transplantado, a causa da doença, as condições de saúde do paciente, adesão aos medicamentos imunossupressores entre outras. >
A sobrevida do paciente tem sido cada vez maior devido aos novos medicamentos e às técnicas aprimoradas.>
O valor médio aproximado de sobrevida, depois de um ano, é de 70% para o enxerto e para o paciente, segundo o Ministério da Saúde.>
"O transplante não é cura, mas sim um tratamento que pode prolongar a vida com uma melhor qualidade", diz a pasta em seu site.>
"Muito embora a compatibilidade entre doador e receptor seja testada antes de um transplante, a prescrição de medicamentos imunossupressores é obrigatória e de forma permanente, com o objetivo de evitar a rejeição do órgão." >
"Em casos de rejeição, poderá ser oferecido um novo transplante ao paciente. As consultas periódicas de acompanhamento pós-transplante são obrigatórias.">
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