Publicado em 24 de setembro de 2020 às 14:36
A Rússia disparou nesta quinta (24) um míssil de cruzeiro Kalibr de um submarino no mar Negro, região altamente contestada com o Ocidente, como parte de seu principal exercício militar anual.>
O Kavkaz (Cáucaso)-2020 ocorre ao longo do Distrito Militar Meridional russo, que abrange a sensível região homônima e vai até as águas do mar Negro -que margeiam a rival Ucrânia e a Turquia, com quem Moscou tem uma relação que alterna disputa e parceria.>
O míssil foi lançado pelo submarino de ataque diesel-elétrico Kolpino, e atingiu um alvo em terra a 185 km dali. É uma sutil lembrança aos ucranianos que a fronteira marítima do país encerra seus perigos.>
O mar Negro tem sido foco de atividade militar intensa desde que Vladimir Putin anexou a Crimeia em 2014, na esteira de um golpe que derrubou o presidente pró-Rússia da Ucrânia.>
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Os russos já arrendavam a base de Sebastopol, sede da Frota no Mar Negro, da Ucrânia. A partir dali, militarizaram toda a península de maioria étnica russa.>
Os exercícios militares envolvendo os distritos das Forças Armadas russas ocorrem todos os anos e seguem um rodízio geográfico. A proximidade da Ucrânia, desta vez, levou o país vizinho a marcar um jogo de guerra próprio nesta semana, somando 12 mil homens, com participação de forças da Otan (aliança militar ocidental).>
Além disso, cerca de 4.000 militares, incluindo um grande contingente americano, fizeram um treinamento conjunto ao mesmo, já programado, no país.>
A desconfiança segue em alta. Na quarta (23), caças russos Su-27 interceptaram um bombardeiro estratégico americano B-52, com capacidade nuclear, que testava o poder de reação de Moscou sobre o mar Negro.>
Isso não teve a ver com os jogos de guerra, contudo. Eles são desenhados tanto para treinamento tático e de comando e controle, como para fazer essas demonstrações de força ao Ocidente, em especial no momento em que a tensão em torno da crise na Belarus opõe os rivais.>
Outro ponto de tensão é a renovada disputa territorial entre dois países do Cáucaso, a aliada russa Armênia e o Azerbaijão -que desistiu de participar do exercício este ano, mas mandou observadores. Moscou já havia tentado diluir as tensões com manobras militares de surpresa em julho.>
O exercício Cáucaso-2020 é focado em ações pontuais, que nunca somam mais de 12,9 mil militares para não ensejar inspeção regulamentada pela Organização para Segurança e Cooperação na Europa, da qual a Rússia faz parte.>
São ao todo envolvidos 80 mil militares, incluindo cerca de mil de países como China e Paquistão. A Índia, tradicional participante, cancelou sua presença neste ano devido aos atritos com Pequim, com quem travou confronto fronteiriço nos Himalaias.>
Além de ações antiterrorismo, exercícios com 450 blindados, 250 tanques e 200 sistemas antiaéreos, houve uma novidade: a criação de uma unidade específica para operar drones de observação e ataque de tropas.>
Os russos têm aprendido à força a lidar com essa tecnologia: são alvos constantes de drones rudimentares de rebeldes sírios em sua base em Hmeimim, no norte do país árabe convulsionado pela guerra civil.>
Agora, usando três modelos distintos segundo a agência estatal Tass, testam a eficácia em simulação de combate de táticas de saturação de área com os chamados enxames de drones. Tais aparelhos não tripulados operam em altitudes que vão de 100 m a 5 km.>
Não foi divulgado se participou do exercício o drone experimental Okhotnik, que foi revelado sendo controlado em voo por um caça de quinta geração Su-57 no ano passado, causando um certo furor entre analistas militares.>
Os exercícios militares russos, assim como os ucranianos, terminam no sábado (26).>
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