Publicado em 2 de fevereiro de 2025 às 08:44
Logo após a assinatura da ordem que confirmou a imposição de tarifas sobre importações canadenses, mexicanas e chinesas para os Estados Unidos, os governos de Justin Trudeau e Claudia Sheinbaum se pronunciaram prometendo responder com taxas próprias.>
Este poderia ser o início de uma "guerra comercial muito destrutiva", de acordo com Paul Ashworth, da consultoria Capital Economics.>
Donald Trump oficializou neste sábado (1/2) seus planos e anunciou tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México para os EUA e de 10% sobre os produtos da China. >
Em resposta, o primeiro-ministro do Canadá anunciou já na noite de sábado a imposição de tarifas de 25% sobre US$155 bilhões em produtos americanos. >
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Segundo Trudeau, US$ 30 bilhões entrarão em vigor na terça-feira (4/2), enquanto os US$ 125 bilhões restantes serão aplicados em 21 dias.>
O líder canadense afirmou ainda que as tarifas afetariam uma variedade de produtos dos EUA, incluindo cerveja, vinho, bourbon, frutas, sucos, roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos.>
"Não queremos estar aqui, não pedimos por isso. Mas não recuaremos na defesa dos canadenses" e da parceria de sucesso entre o Canadá e os EUA, disse Trudeau, que admitiu que as próximas semanas não serão fáceis para nenhum dos dois países. >
Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou em uma postagem na rede social X (antigo Twitter) que instruiu seu secretário da Economia a implementar "medidas tarifárias e não tarifárias em defesa dos interesses do México".>
A chefe de Estado mexicana não detalhou as medidas, mas criticou a decisão de Donald Trump. "Não é impondo tarifas que os problemas se resolvem, mas sim conversando e dialogando", escreveu. >
Já o governo chinês afirmou que irá contestar as tarifas de Trump por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC).>
A imposição de tarifas pelos EUA "viola seriamente" as regras da OMC, disse o Ministério do Comércio chinês em comunicado publicado neste domingo (2/2), que também pediu aos EUA que "se envolvam em um diálogo franco e fortaleçam a cooperação".>
Paul Ashworth, da Capital Economics, explica que as exportações para os EUA representam cerca de 20% das economias do México e do Canadá - e que essas tarifas podem mergulhar suas economias em uma recessão.>
As tarifas têm o potencial de tornar os produtos desses países mais caros para os americanos, o que significaria vendas e lucros menores para empresas mexicanas e canadenses.>
Ashworth aponta ainda para a probabilidade de a União Europeia (UE) também enfrentar tarifas dos EUA nos próximos meses, o que provavelmente levaria a consequências semelhantes.>
Trump já havia prometido anteriormente impor tarifas à UE, mas não fez nenhum anúncio a respeito na noite de sábado. >
O analista da Capital Economics também alerta que os preços mais altos que as empresas e os consumidores dos EUA enfrentam aumentarão a inflação, e isso significaria que a janela para mais cortes nas taxas de juros dos EUA nos próximos 12 a 18 meses "simplesmente se fechou".>
Antes mesmo do anúncio oficial de Trump sobre as novas tarifas, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, já havia interrompido o corte dos juros do país.>
O Fed iniciou o ciclo de queda em setembro do ano passado, no primeiro movimento para baixo desde 2020. Desde então, haviam sido três cortes seguidos até dezembro.>
Um custo maior de empréstimos provavelmente reduzirá os padrões de vida dos consumidores dos EUA e tornará as empresas mais relutantes em investir no futuro, diz Ashworth.>
Também prejudicará os governos e qualquer outra pessoa ao redor do mundo que tome dinheiro emprestado em dólares americanos. >
Donald Trump disse que ter assinado a ordem que impõe as novas tarifas "por causa da grande ameaça de imigrantes ilegais e drogas mortais que estão matando nossos cidadãos, incluindo o fentanil".>
Falando especificamente sobre o México, o presidente americano disse neste sábado que a imposição de tarifas continuará até que o país "coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas", alegando que os grupos de narcotraficantes "colocam em risco a segurança nacional e a saúde pública" do país.>
Os cartéis do narcotráfico "têm uma aliança com o governo do México", acusou a Casa Branca.>
Em um post na rede social X, o governo americano também chegou a incluir a China ao relacionar o problema com a droga e as tarifas impostas, dizendo que o país asiático colabora "ativamente com essa indústria".>
Em postagem no X, Claudia Sheinbaum chamou a acusação dos EUA de calúnia. >
"Rejeitamos categoricamente a calúnia da Casa Branca contra o governo mexicano de ter alianças com organizações criminosas, bem como qualquer intenção de intervenção em nosso território", escreveu.>
"Se tal aliança existe em algum lugar, é nos arsenais dos Estados Unidos que vendem armas de alto poder para esses grupos criminosos, como demonstrou o próprio Departamento de Justiça dos Estados Unidos em janeiro deste ano.">
Já Justin Trudeau, ao ser questionado se acreditava que as tarifas dos EUA estão realmente motivadas pelo desejo de reduzir o fluxo de fentanil para o país, disse que a fronteira EUA-Canadá é "uma das fronteiras mais fortes e seguras do mundo".>
"Menos de 1% do fentanil que entra nos Estados Unidos vem do Canadá. Menos de 1% dos migrantes ilegais que entram nos Estados Unidos vêm do Canadá", disse, em uma coletiva de imprensa.>
Trudeau afirmou ainda que "isso não significa que não haja mais a fazer" sobre o tema, mas acrescentou: "Essa ação comercial contra o Canadá não é a melhor maneira de trabalharmos juntos para salvar vidas".>
*Com reportagem de Jonathan Josephs, repórter de negócios da BBC>
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