Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 08:44
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou um culto realizado na terça-feira (21/1) na Catedral Nacional de Washington em que ele foi citado durante um sermão.>
A reverenda Mariann Edgar Budde pediu "misericórdia" a Trump, citando sentimentos de medo entre as comunidades LGBT e imigrantes.>
O sermão fez parte de um culto especial como parte da celebração da posse de Trump. O culto foi realizado na igreja St. John's Episcopal Church, em Washington, e contou com a presença de Trump.>
Falando à imprensa depois, Trump disse que "não achou que foi um bom culto".>
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"O que vocês acharam? Vocês gostaram? Vocês acharam emocionante?", perguntou Trump aos repórteres no local.>
"Não foi muito emocionante, não é? Não achei que foi um bom serviço. Muito obrigado. Eles podem fazer muito melhor", disse Trump, antes de ir embora do local.>
Na sua rede social, a Truth Social, Trump escreveu: "A suposta bispa que discursou no Serviço Nacional de Oração na terça-feira de manhã era uma radical de esquerda que odeia Trump".>
Após o culto, o representante republicano dos EUA, Mike Collins, da Geórgia, postou um videoclipe no X do sermão de Budde junto com o texto: "A pessoa que faz este sermão deve ser adicionada à lista de deportação".>
Pouco depois de ser empossado como presidente dos EUA na segunda-feira (20/1), Trump disse que tornaria "política oficial" que há "apenas dois gêneros — masculino e feminino".>
Ele também prometeu acabar com a imigração ilegal no país e disse que milhões de "estrangeiros criminosos" seriam deportados.>
No dia seguinte, Trump participou do culto em Washington.>
A bispa Mariann Edgar Budde fez um sermão que durou cerca de 15 minutos.>
"Deixe eu fazer um apelo final, senhor presidente. Milhões depositaram sua confiança em você. E como você disse à nação ontem, você sentiu a mão providencial de um Deus amoroso. Em nome do nosso Deus, peço que tenha misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora", disse a bispa.>
Trump estava na plateia com uma expressão séria no rosto enquanto ouvia o sermão.>
"Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas.">
Budde também fez um apelo em defesa aos imigrantes — no mesmo dia em que Trump assinou medidas executivas contra a imigração no país.>
"As pessoas que colhem nossas safras e limpam nossos prédios de escritórios; que trabalham em granjas avícolas e frigoríficos; que lavam a louça depois que comemos em restaurantes e trabalham nos turnos noturnos em hospitais, elas — elas podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada. Mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa. Elas pagam impostos e são boas vizinhas", disse Budde.>
Ao final do sermão, ela fez um novo apelo em defesa dos imigrantes.>
"Peço que tenha misericórdia, senhor presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora. E que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras a encontrar compaixão e boas-vindas aqui. Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, pois todos nós já fomos estrangeiros nesta terra.">
Mariann Edgar Budde, de 65 anos, é bispa episcopal de Washington. Nessa condição, ela liderou uma cerimônia inter-religiosa na Catedral Nacional de Washington — uma tradição na semana de posse de um novo presidente americano.>
Sua biografia no site da diocese episcopal de Washington diz que ela atua como líder espiritual de 86 congregações episcopais e dez escolas episcopais no Distrito de Columbia e quatro condados de Maryland — a primeira mulher eleita para essa posição.>
"Ela acredita que Jesus convida todos os que o seguem a lutar por justiça e paz, e a respeitar a dignidade de cada ser humano. Para esse fim, a bispa Budde é uma defensora e organizadora em apoio a preocupações com justiça, incluindo equidade racial, prevenção da violência armada, reforma da imigração, inclusão total de pessoas LGBTQ+ e o cuidado da criação", diz sua biografia na diocese.>
Antes de Washington, ela serviu em Minneapolis. Ela escreveu livros com os títulos Como aprendemos a ser corajosos: momentos decisivos na vida e na fé,Recebendo Jesus: o caminho do amor e Reunindo os fragmentos: a pregação como prática espiritual.>
Segundo a rádio americana NPR, Budde é conhecida por ser crítica de Trump.>
Em junho de 2020, ela escreveu um artigo de opinião para o jornal The New York Times criticando o então presidente por usar a polícia para evacuar a Lafayette Square, perto da igreja de St. John's, em meio aos protestos sobre a morte de George Floyd e o surgimento do movimento Black Lives Matter.>
Quando o local estava vazio, Trump posou para fotos segurando uma Bíblia.>
"O Deus a quem sirvo está do lado da justiça. Jesus chama seus seguidores para imitar seu exemplo de amor sacrificial e construir o que ele chamou de Reino de Deus na Terra", Budde escreveu no artigo de opinião. "Como seria o amor sacrificial de Jesus agora?">
O Washington Post noticiou na época que Budde disse sobre Trump: "Tudo o que ele disse e fez é para inflamar a violência... Precisamos de liderança moral, e ele fez de tudo para nos dividir.">
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