Publicado em 9 de outubro de 2024 às 06:38
O furacão Milton, que se aproxima dos Estados Unidos, foi classificado na noite de terça-feira (8/10) como de categoria 5 — a mais grave.>
Nessa categoria, os ventos ultrapassam os 252 km/h e há um risco elevado de danos a construções e bloqueios em rodovias.>
A previsão é que o furacão chegue à costa oeste da Flórida na noite de quarta-feira (09) ou na manhã de quinta-feira (10/10), no horário local, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).>
Ainda na terça-feira, o presidente americano Joe Biden disse que o furacão pode ser o pior dos últimos cem anos nos Estados Unidos.>
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O presidente pediu que moradores da Flórida que vivem na rota traçada como a mais provável da tempestade deixem suas casas imediatamente.>
"É uma questão de vida ou morte", disse o presidente americano.>
Mas por que, diferentemente dos EUA e de outros países periodicamente atingidos por fenômenos climáticos similares, o Brasil não precisa se preocupar tanto com isso?>
Segundo meteorologistas ouvidos pela BBC News Brasil, as chances de que furacões aconteçam por aqui são mínimas — a explicação é que a formação de um fenômeno desses depende de uma série de fatores que só foi registrada uma vez no país.>
"Por enquanto, é quase impossível que um furacão atinja o Brasil, a não ser que as mudanças climáticas também tenham alguma influência", diz Michael Pantera, meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergência de São Paulo.>
A meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo, explicou que um dos principais "combustíveis" para a formação de um furacão são as águas quentes do mar — que precisam estar acima de 27°C.>
"No Brasil, nós não temos isso. As maiores temperaturas são registradas no mar do Nordeste, onde não passam de 26°C", diz.>
"A umidade e a água quente do oceano que dão força a um furacão. Quando ele chega ao solo, perde força", acrescenta Pantera.>
Outro fator necessário para a formação de um furacão é o cisalhamento ou tesoura de vento — como são chamadas as mudanças de velocidade ou direção das correntes. >
Os especialistas explicam que esse fenômeno é raro nos países localizados na linha do Equador, como o Brasil.>
Meteorologistas afirmam que esse é um fator que também inviabiliza que uma tempestade formada no Caribe atinja o Brasil, já que ela perderia completamente a força ao se aproximar da linha do Equador.>
A definição de tufão e furacão é a mesma. A única diferença entre eles é o ponto de formação. >
Eles são um conjunto de tempestades com centenas de quilômetros de diâmetro: surgem nos oceanos sobre as águas quentes e podem durar alguns dias.>
Segundo meteorologistas, ambos são ciclones tropicais formados em oceanos. >
O que os diferencia é que os tufões se formam no oeste do oceano Pacífico, e os furacões, no oceano Atlântico e na região leste do Pacífico.>
Já os tornados são núcleos de tempestades, muitas vezes formados a partir de furacões ou tufões. >
Como sua formação só depende de uma tempestade muito forte, eles geralmente são pequenos quando comparados a furacões e duram por volta de uma hora.>
Historicamente, só um furacão foi registrado na história do Brasil. Chamado de Catarina, ele atingiu o litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em março de 2004.>
Na época, pelo menos 40 cidades foram atingidas. Segundo o Centro de Estudos em Engenharia e Defesa Civil da Universidade Federal de Santa Catarina, os ventos atingiram a região a uma velocidade de cerca de 180 km/h.>
Quatro pessoas morreram, 518 ficaram feridas e cerca de 33 mil, desabrigadas.>
Mas os meteorologistas classificam o caso como raríssimo. >
"Foi uma condição totalmente atípica. É muito difícil de acontecer, ao contrário dos tornados, que inclusive são filmados com frequência no Brasil", diz Bianca Lobo.>
Segundo Pantera, ainda há divergências se o Catarina foi de fato um furacão. >
"Ele era uma frente fria que, em determinado momento, se deslocou e fez um caminho contrário, na direção do oceano. Ainda há muitas discussões se o Catarina era de fato um furacão.">
Mesmo com uma intensidade menor, a recomendação para quem avistar um tornado ou tromba d'água é fugir.>
Se uma pessoa é atingida pelo fluxo de vento, dificilmente ela consegue escapar. >
A maior probabilidade é que ela seja sacudida e arremessada onde estiver, inclusive de embarcações.>
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