Publicado em 25 de setembro de 2024 às 14:25
O ministro da Saúde do Líbano disse que o que está acontecendo em seu país é uma "carnificina", com hospitais tendo dificuldades para lidar com o número de mortes provocado pelos dois dias de ataques aéreos de Israel contra o grupo Hezbollah.>
Firass Abiad disse à BBC que está "claro" que muitas das 550 pessoas mortas no ataque de segunda-feira eram civis, incluindo crianças e mulheres.>
Israel disse que atingiu centenas de locais ligados ao Hezbollah, acusando o grupo de esconder armas em zonas residenciais.>
Nesta quarta-feira (25/9), o exército israelense diz que está realizando uma nova onda de ataques no sul do Líbano e na área de Beqaa. Dez pessoas foram mortas nos ataques, diz o Ministério da Saúde do Líbano.>
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Os ataques ao Líbano acontecem depois que Israel disse ter interceptado um míssil balístico disparado pelo Hezbollah em direção a Tel Aviv. Esta foi a primeira vez que um foguete do Hezbollah atingiu a maior cidade de Israel, dizem autoridades israelenses.>
O Hezbollah diz que o ataque foi direcionado à sede da agência de inteligência israelense Mossad.>
Na terça-feira (24/9), o exército de Israel matou o comandante das forças de mísseis do Hezbollah. O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o grupo está levando o Líbano para a "beira do precipício".>
O Hezbollah respondeu com mais de 300 foguetes disparados em direção ao norte de Israel, ferindo seis pessoas, segundo o Exército.>
Apesar de nenhum dos lados demonstrar sinais de recuo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse à Assembleia Geral da ONU que um conflito amplo "não é do interesse de ninguém" e insistiu que "uma solução diplomática ainda é possível".>
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o mundo "não pode aceitar que o Líbano se torne outra Gaza".>
A violência entre Israel e Hezbollah, provocada pela guerra em Gaza, já dura quase um ano e matou centenas de pessoas — a maioria combatentes do Hezbollah — e deixou dezenas de milhares sem casa em ambos os lados da fronteira.>
O Hezbollah disse que está agindo em apoio ao Hamas e que não vai parar até que haja um cessar-fogo em Gaza. Ambos os grupos são apoiados pelo Irã e classificados como organizações terroristas por Israel, Reino Unido e outros países.>
Os ataques de Israel na segunda-feira (25/9) ao sul do Líbano e no Vale do Bekaa foram o dia com maior número de mortes no país desde pelo menos 2006 — a última vez que o Hezbollah e Israel travaram uma guerra.>
O ministro Firass Abiad disse à uma coletiva de imprensa na terça-feira que 50 crianças, 94 mulheres e alguns trabalhadores do setor de saúde estavam entre os 558 mortos. Mais de 50 hospitais estão tratando 1.835 pessoas, segundo Abiad.>
Em entrevista para a BBC, o ministro da Saúde disse que o que aconteceu foi uma "carnificina".>
"Se você olhar para as pessoas trazidas às salas de emergência, está claro que elas eram civis. Elas não são os combatentes que os israelenses dizem que são", disse.>
"Nós sabemos das vítimas dos ataques porque foram nossas ambulâncias que as transferiram para os hospitais. [Elas eram] civis que estavam fazendo coisas normais.">
Ao comparar a violência de agora com a guerra de 2006, Abiad disse: "Definitivamente estamos olhando para uma guerra mais cruel, especialmente na forma como civis estão sendo atacados".>
O escritório dos Direitos Humanos da ONU também expressou preocupação com o número de vítimas nos ataques de segunda-feira, dizendo que eles podem ter violado leis internacionais.>
Quando perguntado por jornalistas sobre mensagens de áudio e texto enviados por militares israelenses ao povo do Líbano pedindo a evacuação de áreas próximas a prédios usados pelo Hezbollah para armazenar armas, a porta-voz Ravina Shamdasani disse: "Dizer a civis para que saiam não faz com que seja ok atacar essas áreas, quando se sabe perfeitamente que o impacto nos civis será enorme".>
Estradas no sul do Líbano ficaram congestionadas pelo segundo dia, com milhares de pessoas seguindo para o norte, para fugir dos ataques israelenses. Viagens que costumam durar uma hora estavam demorando mais de 12.>
Em um abrigo em Beirute, a libanesa Maryam, de 65 anos, disse para a BBC que tinha passado a noite toda viajando com 12 parentes em um carro pequeno.>
"Nós nos juntamos e partimos. Não queríamos deixar nossas casas, porque deixar sua casa é algo difícil. Chegamos às quatro da manhã. Com nossas crianças. Foi por causa de nossas crianças que fomos embora.">
Durante uma visita a uma base de inteligência, o premiê Benjamin Netanyahu disse que Israel vai "continuar atacando o Hezbollah" até que conquiste seu objetivo de guerra que é fazer com que israelenses voltem para suas casas na fronteira norte do país.>
Ele também falou ao povo do Líbano, insistindo que "nossa guerra não é com vocês", e alertando que o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, está "levando vocês à beira do precipício".>
"Eu disse a vocês ontem para evacuarem as casas onde há um míssil na sala de estar e um foguete na garagem. Quem tiver um míssil na sala de estar e um foguete na garagem não terá mais uma casa", disse.>
O porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, disse em uma entrevista coletiva que o Hezbollah transformou o sul do Líbano e o Vale do Bekaa em uma "zona de combate" e que os ataques seguiram na terça-feira.>
Ele também divulgou vídeos que, segundo ele, mostraram explosões secundárias durante ataques a prédios residenciais, o que indicaria que mísseis e foguetes estavam sendo guardados ali.>
Hagari também disse que o comandante da unidade de mísseis e foguetes do Hezbollah, Ibrahim Qubaisi, foi morto no ataque aéreo nos subúrbios de Beirute na tarde de terça-feira, junto com pelo menos dois comandantes que estavam com ele.>
Qubasi era uma "pessoa chave na ativação dos mísseis" e foi "responsável por uma série de ataques ao território israelense", disse ele.>
O Hezbollah confirmou em uma postagem no Telegram que Qubaisi virou um "mártir" no ataque.>
O ministro da Saúde do Líbano disse que seis pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas em um "ataque inimigo de Israel" que parcialmente destruiu dois andares de um prédio no bairro de Ghobeiry.>
O Hezbollah disse que seus combatentes dispararam foguetes contra mais de uma dúzia de cidades israelenses e bases militares, além de uma fábrica de explosivos. O grupo também disse que usou um novo tipo de foguete para atacar as Forças de Defesa de Israel.>
Sirenes soaram ao longo do dia no norte de Israel. Foguetes interceptores do sistema israelense de defesa Domo de Ferro foram vistos no céu.>
Ceca de 300 foguetes atingiram o solo, provocando danos e ferimentos em seis civis e soldados, a maioria deles leve, segundo Hagari.>
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