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Número de mortos em atentado no Afeganistão passa de 180, e EUA esperam novos ataques

Número de mortos em atentado no Afeganistão passa de 180, e EUA esperam novos ataques

Foram 13 militares americanos e mais de 170 afegãos mortos, segundo oficiais locais de saúde. Estimativas apontam ainda que mais de 200 pessoas ficaram feridas

Publicado em 27 de agosto de 2021 às 14:01

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Após o Tabelan reassumir o   controle do Afeganistão, os Estados Unidos e mais 60 países emitiram um comunicado   conjunto no domingo, 15, pedindo que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham   permissão para deixar o país se assim desejarem.
Número de mortos em atentado no Afeganistão passa de 180, e EUA esperam novos ataques. (ASSOCIATED PRESS/Planet Labs Inc./ESTADÃO CONTEÚDO)

O total de vítimas do atentado ao aeroporto de Cabul passa de 180 mortos, incluindo civis afegãos, militares americanos e soldados do Talibã, segundo o jornal americano The New York Times, com base em levantamento de autoridades afegãs e americanas. Foram 13 militares americanos e mais de 170 afegãos mortos, segundo oficiais locais de saúde. O governo do Reino Unido afirmou que dois britânicos também morreram. Estimativas apontam ainda que mais de 200 pessoas ficaram feridas.

O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico Khorasan, braço afegão do EI criado em 2014 e inimigo do grupo fundamentalista que tomou o poder no Afeganistão no último dia 15.

O presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu vingança contra os autores do atentado, e já começou a compartilhar informações de inteligência com o até agora rival Talibã para evitar novos ataques, o que o governo teme que aconteça já nesta sexta-feira (27).

Chefe do Comando Central dos Estados Unidos, o general Frank McKenzie afirmou que os militares americanos se preparam para novos atentados, incluindo possíveis carros-bomba e lançamento de foguetes contra o aeroporto, segundo a agência de notícias Reuters. "Estamos fazendo tudo o que podemos para nos preparar", justificou o militar sobre a aliança ocasional com o Talibã.

Segundo o major-general do exército americano William Taylor, o país "está preparado e espera novos ataques", disse a jornalistas em Washington. "Estamos monitorando essas ameaças de maneira muito, muito específica, quase em tempo real", disse.

Nesta quinta-feira (26), o atentado atingiu os arredores do terminal aéreo, onde afegãos e ocidentais se concentram para tentar uma vaga no processo de evacuação do país controlado pelo grupo fundamentalista após uma rápida ofensiva que derrubou o governo em Cabul.

O ataque a bomba atingiu a principal entrada no aeroporto, Abbey Gate. Na quinta, o Pentágono havia dito que outra explosão aconteceu perto do hotel Baron, mas o órgão voltou atrás nesta sexta e disse não ter indício de uma segunda bomba.

"Não acreditamos que houve uma segunda explosão no hotel ou perto do hotel Baron. Foi um homem-bomba", disse o major-general Taylor. Ainda não há explicações sobre o que indicou a segunda explosão.

A embaixada dos EUA também relatou disparos com armas de fogo.

O EI-K, ao assumir a autoria do atentado, afirmou que o homem-bomba mirou afegãos que trabalharam para os EUA como tradutores ou que colaboraram de outra forma com o Exército americano.

Vídeos feitos após o ataque mostram corpos empilhados em um canal próximo ao aeroporto, enquanto afegãos procuravam amigos e familiares. "Vi corpos e membros voando pelo ar, como se fosse um tornado carregando sacolas de plástico", disse à Reuters uma afegã que testemunhou o ataque. "Aquele fio de água que passava por esse canal de esgoto virou sangue."

Soldados talibãs bloqueavam as ruas da região, impedindo o acesso de civis às operações de evacuação. "Tínhamos um voo, mas a situação ficou muito grave, e as estradas foram fechadas", disse um morador.

Um homem que se identificou como Milad disse à agência de notícias AFP que perdeu na explosão os documentos que o permitiriam embarcar num voo para sair do país com a esposa e os três filhos. "Não quero voltar ao aeroporto nunca mais. Maldito sejam os Estados Unidos, a evacuação e os processos de visto", disse.

Em nota, o Conselho de Segurança das Nações Unidas afirmou que "mirar deliberadamente alvos civis e pessoas trabalhando na evacuação é especialmente abominante e deve ser condenado" e que os autores devem ser responsabilizados.

Os atentados elevaram a pressão sobre Biden, criticado interna e externamente depois da rápida ascensão do Talibã ao governo. Na quinta, ele voltou a afirmar que tomou a decisão correta ao anunciar o encerramento da ocupação no país, o que, para ele, evitaria a perda de mais vidas americanas. O democrata também prometeu resgatar os americanos e os aliados afegãos que permanecem no país.

Os EUA, assim como seus parceiros ocidentais, correm para completar a retirada até a próxima terça (31), data limite prometida pelos americanos. A Casa Branca afirmou nesta sexta que 105 mil pessoas já foram retiradas de Cabul e, segundo o general McKenzie, ainda há cerca de mil cidadãos americanos no país.

Outras nações também aceleraram o processo de saída após o atentado. A Espanha afirmou que todo seu contingente diplomático já foi retirado do Afeganistão e está em Dubai. O Reino Unido, por sua vez, também entrou nos estágios finais de seu plano de resgate, com o Ministério da Defesa britânico dizendo que não convocará mais pessoas ao aeroporto de Cabul. A Suécia disse nesta sexta ter encerrado a operação, com 1.100 pessoas retiradas, incluindo funcionários da embaixada e suas famílias.

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