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Milei promete "choque" na economia no 1° discurso como presidente da Argentina

Milei promete "choque" na economia no 1º discurso como presidente da Argentina

Em tom apoteótico, o ultraliberal disse que este domingo (10) inaugura uma nova era no país e comparou sua eleição à queda do muro de Berlim

Publicado em 10 de dezembro de 2023 às 15:37

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 Após receber a faixa presidencial, o novo líder da Argentina, Javier Milei, dirigiu-se a milhares de apoiadores em frente ao Congresso para fazer seu primeiro discurso no comando da nação. Em tom apoteótico, o ultraliberal disse que este domingo (10) inaugura uma nova era no país e comparou sua eleição à queda do muro de Berlim.

Argentina
Javier Milei, foi empossado como presidente da Argentina neste domingo (10). ( Irina Dambrauskas/Folhapress )

"Os argentinos expressaram uma vontade de mudança que já não tem retorno", afirmou, em um discurso repleto de interrupções por aplausos dos apoiadores, que agitavam bandeiras em frente à escadaria do prédio do Legislativo. "Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje declaramos o fim de uma longa e triste história de decadência e e começamos o caminho da reconstrução de nosso país."

Responsável por derrotar o peronismo no segundo turno há menos de um mês, o ultraliberal começou seu discurso reverenciando a Geração de 37, como ficaram conhecidos pensadores que, diz ele, são uma inspiração, como o intelectual Juan Bautista Alberdi.

De "farol de luz do Ocidente" no início do século 20, a Argentina "abraçou as ideias empobrecedoras do coletivismo", afirmou o novo presidente, recorrendo ao saudosismo da população em relação aos tempos de bonança, em contraste com a persistente crise econômica que abriu os caminhos para a sua vitória.

Após fazer esse breve apanhado da história do país, Milei criticou as escolhas políticas e econômicas das últimas décadas, em um ataque ao que chamou durante a sua campanha de "casta".

Apesar da manutenção da retórica agressiva, Milei já incorporou ao seu governo parte das figuras que foram seu alvo nos últimos anos. Neste domingo, o ultraliberal escolheu o ex-presidente Mauricio Macri como o primeiro a ser cumprimentado após receber a faixa presidencial e apertar a mão do agora ex-líder da Argentina, Alberto Fernández, e sua vice, Cristina Kirchner.

"Durante mais de 100 anos, os políticos insistiram em defender um modelo que só gera pobreza, estagnação e miséria. (...) Um modelo que considera que a tarefa do político é gerir a vida dos indivíduos em todas as áreas e esferas possíveis", disse o anarcocapitalista. "Assim como a queda do muro de Berlim marcou o final de uma época trágica para o mundo, estas eleições marcaram um ponto de ruptura na nossa história."

Em seguida, o presidente discorreu sobre suas controversas propostas na área da economia —um tema sensível para o país em crise— em um tom de justificativa. "Nenhum governo recebeu uma herança pior que a que nós estamos recebendo", afirmou, antes de enfileirar dados da economia do país.

Não existe solução viável e que evite o ataque ao déficit fiscal", afirmou, prometendo poupar o setor privado sacrificar a máquina pública. "Lamentavelmente, tenho que dizer a vocês que não há dinheiro. Por isso, a conclusão é que não há alternativa ao ajuste e ao choque. Naturalmente, isso impactará de modo negativo sobre o nível de atividade, emprego, salário real e quantidade de pobres."

"Após a reacomodação (...), a situação começará a melhorar. Haverá luz no fim do túnel. No caso alternativo, a simplista proposta populista, cuja única fonte de financiamento é a emissão de dinheiro, levará o país à hiperinflação e à pior crise de sua história, somadas a um espiral decadente que nos aproximará à Venezuela de Chávez e Maduro", disse Milei.

"Cem dias de fracasso não se desfazem em um dia, mas um dia começa. E hoje é esse dia. Hoje começamos a sair do caminho da decadência e começarmos a traçar o caminho da prosperidade", continuou.

O anarcocapitalista encerrou o seu discurso gritando "viva la libertad, carajo" —frase que virou sua marca e que ele usou para assinar os livros de honrarias do Congresso, antes de receber a faixa e o bastão do agora ex-presidente Alberto Fernández durante a cerimônia de posse.

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