Publicado em 6 de agosto de 2024 às 17:44
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ditador Nicolás Maduro, sob pressão dentro e fora da Venezuela desde que foi declarado reeleito em um contestado pleito do final de julho, apresentou um novo inimigo do chavismo na noite desta segunda-feira (5).>
"Vou romper relações com WhatsApp", afirmou o líder a centenas de apoiadores que o ouviam sob chuva em frente ao Palácio Miraflores, sede do governo. "Estão usando o WhatsApp para ameaçar a Venezuela. Então eu vou eliminá-lo do meu telefone para sempre".>
Maduro disse que vai passar seus contatos a Telegram e WeChat, aplicativos de mensagens sediados nos Emirados Árabes Unidos e na China, respectivamente, e recomenda que seus apoiadores façam o mesmo.>
"Diga não ao WhatsApp! Fora da Venezuela!", continua o ditador. Ele embasa seu pedido nas supostas ameaças que, afirma, criminosos fazem a líderes populares com celulares de Miami, Peru, Colômbia e Chile, por meio do aplicativo.>
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Maduro costuma associar qualquer crítica ao regime a interesses estrangeiros e, após o anúncio de sua reeleição, tem enfrentado questionamentos até mesmo de líderes de esquerda da região, como o presidente chileno, Gabriel Boric.>
"É hora de definições. Ou você está com a violência ou com a paz; ou você está com os fascistas ou com a pátria; ou você está com o imperialismo ou com a Venezuela. (...) Vamos começar pelo WhatsApp. Estão ameaçando a família militar, os líderes da comunidade. Estão ameaçando todos que não apoiam o fascismo", afirmou ele.>
No mesmo dia, Maduro criticou novamente o aplicativo no ConMaduro+, seu programa semanal no qual ele fala por três horas sobre assuntos diversos. Nesta segunda, grande parte da atração foi ocupada por questões relacionadas à internet - em dado momento, lia-se na tarja da televisão: "Crônica de um golpe ciberfascista".>
"WhatsApp entregou a lista [de usuários] da Venezuela aos terroristas", afirmou o ditador, sem apresentar provas. "Estão atacando o governo, a família militar da Venezuela e a Polícia Nacional Bolivariana. Estão atacando a institucionalidade do país. Todos os cinco Poderes estão sob ataque do WhatsApp".>
O líder, então, pede que uma câmera filme a tela de seu celular, na qual se vê ícones do Facebook, TikTok, X, Instagram e Threads, e desinstala o aplicativo de mensagens ao vivo. "Você se foi, WhatsApp. Se te vi, não me lembro. Sou livre do WhatsApp. Estou em paz", afirma, em meio a aplausos da plateia.>
Nos últimos dias, Maduro aumentou o tom contra essas plataformas, o que levanta temores sobre a possibilidade de mais restrições na internet venezuelana.>
Na semana passada, por exemplo, Maduro acusou Elon Musk, dono da rede social X, de estar por trás de um suposto ataque hacker que teria causado a demora na divulgação de resultados detalhados das eleições presidenciais, o que causou trocas de farpas entre os dois.>
Segundo o regime, esse suposto ataque cibernético contra o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) é a razão pela qual as atas das urnas eletrônicas ainda não foram divulgadas - diversos países, incluindo o Brasil, a Colômbia e os Estados Unidos, pedem que a Venezuela disponibilize esses documentos para que a vitória de Maduro nas eleições possa ser atestada.>
"Você quer briga? Vamos nessa, Elon Musk. Estou pronto. Sou filho de Bolívar e de [Hugo] Chávez. Não tenho medo de você. É só dizer onde", disse o líder. O bilionário, que havia declarado apoio à oposição e feito uma série de publicações sobre a Venezuela na rede social, respondeu em uma publicação que aceita e que o ditador "vai amarelar".>
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