Publicado em 27 de maio de 2019 às 12:48
O conselho de administração da Renault aprovou, na manhã desta segunda-feira (27), a abertura das negociações para uma possível fusão com o grupo ítalo-americano Fiat-Chrysler (FCA), transação que, se confirmada, criaria a terceira montadora do mundo.>
Em comunicado divulgado após uma reunião extraordinária, o colegiado disse que está "estudando com interesse" a proposta apresentada pela FCA. Segundo o jornal Le Monde, a operação pode receber o sinal verde definitivo dos administradores da firma francesa já na primeira quinzena de junho.>
Na segunda, informou o Figaro, todos os membros do conselho votaram pelo início das conversas, com a exceção de um representante sindicalista, que se absteve. Nas Bolsas de Paris e Milão, as ações de Renault e FCA tiveram valorização na casa dos dois dígitos após o anúncio das tratativas preliminares.>
O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, classificou a junção de forças como brilhante, desde que proteja postos de trabalho no país de origem da Fiat. Como o governo francês possui 15% das ações da Renault, existe a expectativa de que o Executivo da Itália busque adquirir alguma participação na nova empresa. >
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Paris também demonstra entusiasmo pelo cenário, mas, além dos empregos franceses, quer preservar sua influência na tomada de decisões da firma.>
Em paralelo, pretende "acoplar" ao combo Renault-FCA a aliança da primeira com as japonesas Nissan e Mitsubishi, em banho-maria há seis meses por causa da prisão do ex-executivo-chefe do conglomerado, Carlos Ghosn, sob acusação de corrupção e má conduta financeira. >
Se as empresas asiáticas aderissem à sociedade agora em discussão, o mastodonte resultante seria o maior produtor de automóveis do mundo, com cerca de 15 milhões de unidades por ano, desbancando Volkswagen e Toyota. Por enquanto, porém, as duas não estão diretamente envolvidas nas conversas.>
A parceria proposta pela Fiat-Chrysler interessa à montadora ítalo-americana por causa de sua atual fraqueza no mercado europeu, onde suas fábricas trabalham com apenas 50% de sua capacidade instalada e têm tido dificuldade de adaptar sua produção aos reduzidos tetos de emissão de carbono fixados pela União Europeia.>
No sentido inverso, a Renault se beneficiaria da penetração da potencial aliada nos Estados Unidos, onde sua linha Jeep e seus caminhões RAM têm ótima acolhida. >
A sinergia representaria uma economia de 5 bilhões de euros para os cofres das duas firmas, segundo cálculos do mercado -poupança mais do que bem-vinda, no momento em que o setor automobilístico precisa de capitalização vultosa (na casa de 250 bilhões de euros nos próximos sete anos, segundo o Monde) para financiar a transição para veículos elétricos e autônomos. >
Antes da fusão com participação igualitária de lado a lado, os acionistas da FCA receberiam dividendos da ordem de 2,5 bilhões de euros, já que a cotação de mercado da ítalo-americana é superior à da francesa.>
A holding a ser criada na Holanda seria presidida por John Elkann, da Fiat, enquanto Jean-Dominique Senard, que substituiu Ghosn na Renault, faria as vezes de diretor-executivo.>
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