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Banco Mundial: Pandemia pode levar mais 150 milhões à pobreza extrema

Banco Mundial: Pandemia pode levar mais 150 milhões à pobreza extrema

Segundo a instituição financeira, a ruptura provocada pela Covid-19 nas economias de todo o mundo pode levar um número grande de indivíduos à extrema pobreza

Publicado em 7 de outubro de 2020 às 17:01

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Panela vazia: 20,8% dos capixabas vivem abaixo da linha da pobreza
São considerados extremamente pobres pelo Banco Mundial pessoas com renda inferior a R$ 10,64 por dia . (Fernando Madeira - 19/07/2019)

A pobreza extrema deve aumentar no mundo em 2020 pela primeira vez em 20 anos, sob impacto da pandemia do coronavírus, alerta o Banco Mundial em relatório divulgado nesta quarta-feira (7).

Segundo a instituição financeira, a ruptura provocada pela Covid-19 nas economias de todo o mundo pode levar entre 88 milhões e 115 milhões de pessoas para a miséria este ano, podendo chegar a 150 milhões em 2021, dependendo da gravidade da retração econômica.

São considerados extremamente pobres pelo Banco Mundial pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia (R$ 10,64, ao câmbio atual).

Dessa maneira, a pobreza extrema deve afetar entre 9,1% e 9,4% da população mundial em 2020, patamar que leva a taxa de volta ao nível de 2017 (9,2%).

"A pandemia e a recessão global podem levar mais de 1,4% da população mundial para a pobreza extrema", destaca o presidente do grupo Banco Mundial, David Malpass, em comunicado. "Para reverter esse sério contratempo aos avanços no desenvolvimento e à redução da pobreza, os países precisam se preparar para uma economia diferente pós-Covid."

A crise também deve reduzir a prosperidade compartilhada -definida como o crescimento da renda dos 40% mais pobres da população de um país.

O banco estima que a média global da prosperidade compartilhada deve ficar estagnada ou até mesmo se contrair entre 2019 e 2021, revertendo tendência registrada de 2012 a 2017, quando a renda dos 40% mais pobres havia crescido em 74 de 91 economias para as quais havia dados disponíveis.

"A desaceleração da atividade econômica intensificada pela pandemia deve atingir os mais pobres de forma especialmente dura, e isso pode levar a indicadores de prosperidade ainda mais baixos nos próximos anos", destaca a instituição.

BRASIL 

O Banco Mundial observa, no entanto, que, na América Latina e Caribe, 10 de 13 economias registraram prosperidade compartilhada menor no período entre 2012 e 2017, do que entre 2010 e 2015, o que é o caso do Brasil.

"A crise do Brasil de 2014 a 2016 e sua recuperação são uma ruptura radical em relação à década anterior", destaca o banco, em relatório.

"Com milhões de empregos perdidos, a ampla rede de proteção social do país foi incapaz de servir de forma eficiente como um sistema de proteção anticíclica. A crise se mostrou severa para todos os grupos de renda e a recuperação posterior foi lenta e desigual."

Segundo o IBGE, em 2018, o país tinha 13,5 milhões pessoas com renda mensal per capita inferior US$ 1,90, equivalente a 6,5% da população.

De acordo com levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgado em julho, a pobreza extrema atingia 6,9 milhões de pessoas em junho deste ano, ou 3,3% da população, com a taxa ao menor patamar em 40 anos devido ao auxílio emergencial pago aos trabalhadores informais durante a pandemia.

Especialistas alertam, porém, que a pobreza extrema deve voltar a crescer com o fim do auxílio, caso a rede de proteção social do país não seja expandida, em meio a um desemprego recorde e que deve continuar a avançar nos próximos meses.

No relatório, o Banco Mundial destaca como positiva a intenção do Brasil e da Indonésia de expandirem seus programas de transferência de renda existentes no pós-pandemia.

"Tecnologias digitais podem, a princípio, facilitar a implementação desses programas de formas que não teriam sido possíveis há uma década; mas essas soluções podem exacerbar uma divisão digital se os mais pobres não puderem acessar esses sistemas."

O governo brasileiro estuda ampliar o Bolsa Família, rebatizando-o de Renda Cidadã, após o término do auxílio emergencial, previsto para dezembro.

A equipe econômica enfrenta, no entanto, dificuldade para abrir espaço no orçamento para a expansão, já que o teto de gastos determina que novas fontes de receitas não podem ser usadas para essa finalidade. Com a despesa pública congelada pelo teto, apenas outros cortes de gastos podem abrir espaço para o novo programa.

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