Publicado em 30 de outubro de 2023 às 12:00
Em meio ao bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, os suprimentos "estão acabando" e a ajuda humanitária que chega ao território em caminhões vindos do Egito "é insuficiente". >
O alerta é da UNRWA, a agência da ONU para refugiados palestinos.>
No fim de semana, milhares de pessoas em Gaza saquearam armazéns da UNRWA contendo produtos básicos como farinha e sabão.>
Segundo a UNRWA, é um "sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir".>
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Israel vem intensificando a ação militar contra o Hamas, atacando várias áreas no norte da Faixa de Gaza, onde acredita que o grupo extremista palestino mantenha suas principais bases de operação.>
No domingo (29/10), 33 caminhões entraram em Gaza, o maior comboio de ajuda humanitária desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, mas os agentes humanitários disseram que a assistência ainda estava desesperadamente aquém das necessidades.>
As Forças de Defesa de Israel esperam que alimentos, água e suprimentos médicos adicionais encorajem mais palestinos a deixar a parte norte da Faixa de Gaza em direção ao sul.>
Mais de metade dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa estão desabrigados e milhares de edifícios foram destruídos, segundo a ONU.>
Militantes do Hamas lançaram ataques sem precedentes contra Israel a partir de Gaza, em 7 de outubro, matando mais de 1.400 pessoas e fazendo 230 reféns.>
Desde então, Israel vem realizando bombardeios de retaliação e — mais recentemente — operações terrestres em Gaza, onde o Ministério da Saúde palestino, administrado pelo Hamas, afirma que mais de 8 mil pessoas foram mortas, das quais mais de 3 mil crianças.>
Segundo a ONG Save the Children, o número de crianças mortas em Gaza em apenas três semanas ultrapassou o número anual de crianças mortas nas zonas de conflito do mundo desde 2019.>
"Desde 7 de outubro, mais de 3.257 crianças foram mortas, incluindo pelo menos 3.195 em Gaza, 33 na Cisjordânia e 29 em Israel, segundo os Ministérios da Saúde de Gaza e de Israel, respectivamente.>
O número de crianças mortas em apenas três semanas em Gaza é superior ao número de crianças mortas em conflitos armados a nível mundial — em mais de 20 países — ao longo de um ano inteiro, nos últimos três anos", informou a organização humanitária por meio de um comunicado.>
A UNWRA disse que o seu segundo maior depósito — localizado em Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza — foi invadido no sábado (28/10). >
A agência é responsável por administrar a maior parte da ajuda humanitária entregue pela ONU.>
As pessoas levaram farinha, trigo e kits de higiene após invadirem este e outros armazéns no centro e no sul de Gaza, informou a UNWRA.>
Abeer Etefa, porta-voz do Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM), disse à BBC que os saques eram "esperados" devido às "condições difíceis que as pessoas enfrentam".>
"As pessoas estão desesperadas, estão com fome", disse ela.>
Alguns dos deslocados que saquearam os armazéns da ONU disseram à agência de notícias AFP que "não tinham farinha, nem ajuda, nem água, nem sequer banheiros".>
Abdulrahman al-Kilani, morador de Gaza, afirmou: "Nossas casas foram destruídas. Ninguém se importa conosco. Apelamos às pessoas do mundo. Todas as potências internacionais estão contra nós. Precisávamos de ajuda e não teríamos feito isso se não estivéssemos necessitados.">
Muito pouca ajuda e nenhum combustível foram autorizados a entrar em Gaza desde o ataque do Hamas. Israel diz estar preocupado que os suprimentos sejam usados pelo Hamas.>
Em uma declaração em vídeo postada nas redes sociais, o contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, disse que Israel permitiria a entrada de mais ajuda humanitária do Egito e dos EUA a Gaza no domingo, mas não deu detalhes de como isso aconteceria.>
Segundo o PAM, pelo menos 40 dos seus caminhões precisam atravessar diariamente rumo a Gaza apenas para satisfazer as crescentes necessidades alimentares da população do território.>
Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Abu Zeid, acusou Israel de "obstruir" o envio da ajuda ao implementar controles de segurança complexos.>
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, a situação em Gaza está cada vez mais desesperadora.>
"Mais de 2 milhões de pessoas, sem nenhum lugar seguro para ir, estão sendo privadas de bens essenciais à vida — comida, água, abrigo e cuidados médicos — enquanto são submetidas a bombardeamentos implacáveis", disse.>
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