Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 16:40
Uma herdeira austro-alemã está reunindo um grupo de cidadãos para decidir como ela deve doar grande parte da fortuna que herdou da sua avó.>
Marlene Engelhorn, que tem 31 anos e vive em Viena, quer que 50 austríacos determinem como devem ser redistribuídos os 25 milhões de euros (R$ 133 milhões) da sua herança.>
"Herdei uma fortuna e, portanto, poder, sem ter feito nada para isso", disse ela. "E o Estado nem quer impostos sobre isso.">
A Áustria aboliu o imposto sobre heranças em 2008 e se tornou um dos poucos países europeus a não cobrar essas taxas. >
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Engelhorn considera isso uma injustiça.>
Ela é descendente de Friedrich Engelhorn, fundador da empresa química e farmacêutica alemã BASF, e herdou milhões quando sua avó morreu, em setembro de 2022.>
A riqueza de Traudl Engelhorn-Vechiatto foi estimada pela revista americana Forbes em US$ 4,2 bilhões (R$ 20,4 bilhões). Antes mesmo da morte da avó, a neta já tinha declarado que queria doar cerca de 90% da herança.>
Na última quarta-feira (10/1), 10 mil convites destinados a cidadãos austríacos selecionados aleatoriamente foram enviados pelo correio na Áustria.>
Aqueles que desejarem participar da iniciativa de Engelhorn poderão se inscrever online ou por telefone. >
Entre os 10 mil austríacos (todos com mais de 16 anos), serão escolhidos 50 para participar de um conselho que tomará a decisão, além de 15 membros suplentes para casos de desistência.>
"Se os políticos não fazem o seu trabalho e não redistribuem a renda, então eu mesma terei de redistribuir a minha riqueza", explicou ela em sua declaração.>
"Muitas pessoas lutam para sobreviver com um emprego e pagam impostos sobre cada euro que ganham com o trabalho. Vejo isso como um fracasso da política e, se a política falhar, os próprios cidadãos terão de lidar com isso.">
Christoph Hofinger, diretor administrativo do Foresight Institute, que apoia a iniciativa, disse que o conselho para redistribuir o dinheiro da herdeira seria composto por 50 pessoas "de todas as faixas etárias, estados federais, classes sociais e origens".>
O grupo será convidado a "contribuir com as suas ideias para desenvolvermos conjuntamente soluções no interesse da sociedade como um todo", disse.>
Eles participarão de uma série de reuniões que serão realizadas em Salzburgo com acadêmicos e organizações da sociedade civil, de março a junho deste ano.>
Os organizadores dizem que as reuniões serão livres de barreiras, com creches e intérpretes disponíveis, se necessário. Os custos de viagem serão cobertos, e os participantes receberão 1.200 euros por cada fim de semana que participarem.>
Marlene Engelhorn acredita que as discussões serão um "serviço à democracia" e que os participantes devem ser devidamente compensadas por isso.>
"Não tenho direito de veto", disse ela. "Estou colocando meus bens à disposição dessas 50 pessoas e depositando nelas minha confiança.">
Se não conseguirem chegar a uma decisão "amplamente apoiada" sobre o que fazer com o dinheiro, então o dinheiro volta para Engelhorn.>
Não está claro exatamente que proporção da herança será doada, embora em 2021 ela tenha dito que queria distribuir pelo menos 90% do total, já que não fez nada para ganhar o dinheiro e apenas teve sorte na "loteria de nascimento". >
Sua equipe não confirmou quanto de dinheiro ela vai guardar para si mesma, embora tenha dito que ela vai ficar com uma parcela para proteção financeira.>
Dezesseis anos depois de a Áustria ter abolido o imposto sobre heranças, o tema ainda é controverso, e os social-democratas da oposição têm pedido para que a cobrança seja reinstaurada.>
O líder social-democrata, Andreas Babler, disse à emissora pública ORF que queria que essa fosse uma condição central para potenciais negociações de coligação, após as próximas eleições gerais na Áustria, previstas para o final deste ano.>
O conservador Partido Popular, que é atualmente o principal parceiro do governo de coligação da Áustria, rejeitou a proposta.>
O secretário-geral da legenda, Christian Stocker, disse que embora Babler quisesse "sobrecarregar ainda mais as pessoas do nosso país com o seu apelo a um imposto sobre a riqueza e as heranças, o Partido Popular está proporcionando um alívio. Rejeitamos novos impostos; as pessoas devem ficar com mais resultado líquido.">
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