• Adrieli Borsoe

    É Fisioterapeuta, acupunturista e especialista em avaliação e tratamento de dor crônica pela USP. Entende a saúde como um estado de equilíbrio para lidar com as adversidades da vida de forma mais harmônica

Não há zona de conforto em saúde pois não há conforto no adoecimento

Publicado em 20/06/2022 às 07h01
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Muitas vezes, ignoramos os sinais do nosso corpo dizendo que não está sendo nada bom . Crédito: Freepik

Temos como lugar seguro o que chamamos de zona de conforto. Esse lugar estático onde dizem que habitam os fracos que buscam resquícios de alívio. E os influenciadores motivacionais vibram em dizer imperativamente: “Saia da sua zona de conforto e alcance o sucesso!”, como se fosse algo simples em que se faz após uma boa xícara de café bem forte. Junto com a onda de “life coach” e de profissionais de saúde em estilo de vida e ciências comportamentais, há também o grito solitário de quem está aí pra dizer que não há zona de conforto em saúde.

Afirmar que alguém não emagrece porque não quer sair da zona de conforto é simplificar uma série de fatores complexos. Dizer que falta força de vontade ao diabético, que o indivíduo com dor crônica não melhora porque não quer trabalhar ou que o depressivo está com preguiça e fazendo “corpo mole” é desumanizar qualquer olhar em direção da saúde.

Não há zona de conforto em saúde pois não há conforto no adoecimento. O lugar do adoecimento é apertado, desconfortável e cheio de julgamentos de quem fala que é fácil sair. O que ocorre é que, muitas vezes, ignoramos os sinais do nosso corpo dizendo que não está sendo nada bom para a própria sobrevida ou então simplesmente não conseguimos sair do fundo do poço da doença. A zona de conforto em saúde é um lugar escuro, escorregadio e solitário. Eventualmente precisamos que uma equipe inteira de profissionais de saúde joguem uma corda para sair de lá, eventualmente precisamos de escalar aos poucos em direção a saída, com uma mudança de cada vez.

Nada cresce na zona de (des)conforto. O florescimento ocorre na mudança, mas o caminho nem sempre é fértil de primeira. A ilusão do lugar seguro e o medo do desconhecido nos fazem continuar nos processos que geram prejuízo ao organismo, quando entendemos que em saúde existem somente incertezas e flutuações no estado geral. Somente com mudanças de hábito de forma gradual e um esforço consciente em boas escolhas encontramos finalmente conforto na sensação de bem estar do quadro saudável, mantendo em vigília e ternura consigo mesmo no processo.

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