Artrite psoriásica: o que é e quais os sintomas?

A doença não tem cura. Porém, com o tratamento é possível conseguir ótimas chances de remissão ou baixa atividade de doença, permitindo que o paciente tenha qualidade de vida

Artrite psoriásica

A doença se manifesta em vários órgãos do corpo, especialmente articulações e pele. Crédito: Shutterstock

A artrite psoriásica (APs) é uma forma de artrite que afeta pessoas que possuem psoríase. A psoríase caracteriza-se pelo aparecimento de lesões avermelhadas, escamosas, que acometem principalmente joelhos, cotovelos e couro cabeludo.

A reumatologista Míriam Küster, da Imunomed Clínica de Infusão e Especialidades, explica que a maioria das pessoas desenvolve psoríase primeiro e depois a artrite, mas em alguns pacientes a artrite pode começar antes das lesões de pele. "As estatísticas variam de país a país, porém, acredita-se que entre 5% e 40% das pessoas que têm psoríase podem ter dor e inflamação das articulações".

A doença se manifesta em vários órgãos do corpo, especialmente articulações e pele. "A artrite psoriásica, além do acometimento de articulações e pele, pode também cursar com entesites e dactilites (inflamações nos tecidos próximos às articulações e aos tendões). Além disso, os pacientes com artrite psoriásica possuem algumas comorbidades associadas, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes tipo 2, obesidade, dislipidemias, aumentando o risco de infarto do miocárdio e AVC", diz Míriam Küster.

SINTOMAS

  • Dor e rigidez nas articulações, especialmente nas mãos, pés, joelhos, cotovelos e coluna vertebral;

  • Inchaço e vermelhidão nas articulações;

  • Fadiga;

  • Manchas vermelhas e escamosas na pele;

  • Unhas grossas, manchadas ou deformadas;

  • Sensação de calor ou dor nas articulações;

  • “Dedos em salsicha” (dactilite);

  • Dificuldade em movimentar as articulações afetadas;

  • Inflamação dos tendões e ligamentos;

  • Problemas de visão em alguns casos.
"Os pacientes apresentam diminuição da função devido a dores articulares, além do estigma social que as lesões de pele provocam porque, apesar de não serem lesões transmissíveis, geram um impacto negativo no convívio social desses pacientes, que muitas vezes acabam por desenvolver sintomas de ansiedade e depressão associados"

"Os pacientes apresentam diminuição da função devido a dores articulares, além do estigma social que as lesões de pele provocam porque, apesar de não serem lesões transmissíveis, geram um impacto negativo no convívio social desses pacientes, que muitas vezes acabam por desenvolver sintomas de ansiedade e depressão associados"

Míriam Küster

A reumatologista Renielly Casagrande, da Samp, diz que a artrite psoriásica se manifesta com dor, inchaço e rigidez nas articulações, sobretudo pela manhã, piorando nos períodos de repouso que pode vir ou não acompanhado de lesões cutâneas. "Se não for diagnosticada e tratada de maneira adequada, as inflamações nas articulações podem ser rapidamente progressivas levando a deformidades importantes. Alguns pacientes com artrite psoriásica podem desenvolver doenças inflamatórias do intestino, como a doença de Crohn ou colite ulcerativa".

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é clínico e baseado na história clínica e no exame físico reumatológico. Não há exame específico para a doença. "Além disso, podem ser solicitados exames de imagem como radiografias e ressonância magnética para avaliar inflamação nas articulações e exames de sangue para avaliar marcadores inflamatórios (VHS e PCR) e exames de provas reumatológicas para excluir outras condições reumatológicas. Raramente, pode ser necessário fazer biópsia da pele para confirmar o diagnóstico", explica Renielly Casagrande.

O diagnóstico precoce da doença é muito importante, pois quanto mais cedo a doença é identificada, maior a chance de prevenir danos permanentes nas articulações e outros órgãos afetados. "O atraso no diagnóstico e tratamento pode levar a agravamento dos sintomas e ao desenvolvimento de complicações graves, como deformidades articulares, lesões oculares e doenças cardiovasculares. Além disso, o tratamento precoce da artrite psoriásica pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzir a dor e a inflamação nas articulações, prevenir a progressão da doença e diminuir o risco de desenvolver outras condições relacionadas, como depressão", diz Renielly Casagrande.

TRATAMENTO

A escolha do tratamento deve ser individualizado e baseado nas estruturas acometidas em cada paciente. "Os medicamentos incluem anti-inflamatórios e imunossupressores orais como metotrexato, sulfassalazina, leflunomida ou ciclosporina", conta Renielly Casagrande. As lesões cutâneas podem ser tratadas com produtos tópicos. Nos casos em que não há melhora, o uso dos agentes biológicos pode ser necessário.

Recentemente, a Anvisa aprovou um novo medicamento para o tratamento dessa condição: o risanquizumabe, um inibidor da interleucina 23 (IL-23). O paciente recebe esse medicamento por meio de uma injeção subcutânea, sob prescrição médica. "O risanquizumabe é um novo medicamento aprovado para o tratamento da artrite psoriásica, que atua como um inibidor seletivo da interleucina 23 (IL-23), uma proteína que desempenha um papel importante na inflamação e na resposta imunológica do corpo. O  medicamento pode ser uma nova opção terapêutica para pacientes que não respondem adequadamente aos medicamentos ou para aqueles que não toleram ou têm contraindicações aos outros medicamentos disponíveis", explica Renielly Casagrande. 

As médicas reforçam que não existe cura para a doença. Porém, com o tratamento multidisciplinar é possível conseguir ótimas chances de remissão ou baixa atividade de doença, permitindo que o paciente tenha qualidade de vida, livre de dor e de lesões de pele.

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