• Rachel Martins

    Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Cuidado com os quilos extras: dicas para combater a obesidade em animais

Publicado em 13/06/2023 às 08h00
A obesidade em animais pode afetar qualquer animal de estimação, mas algumas raça têm mais suscetibilidade ao excesso de peso

A obesidade em animais pode afetar qualquer animal de estimação, mas algumas raça têm mais suscetibilidade ao excesso de peso. Crédito: Nikita Buida/ Freepik

Assim como os seres humanos, cada vez mais os animais de estimação enfrentam um aumento nas taxas de obesidade devido a uma combinação de fatores, como alimentação inadequada, falta de exercício e estilo de vida sedentário.

A médica-veterinária especializada em nutrição animal, Michele Sofiate, explica que são diversos os estudos científicos no mundo que destacam essa tendência de aumento da obesidade em cães e gatos.

Segundo ela, um estudo publicado na revista científica "Journal of Veterinary Internal Medicine," em 2018, que analisou mais de 1,2 milhão de cães e 260 mil gatos nos Estados Unidos, mostra que aproximadamente 56% dos cães e 60% dos gatos estão acima do peso ou obesos.

“Esse e outros estudos, embora utilizem metodologias diferentes, demonstram a preocupante prevalência da obesidade em animais de estimação. É importante ressaltar que esses dados podem variar de acordo com a região e o período de estudo, mas todos indicam claramente a existência de um problema significativo de obesidade entre os pets”, garante.

Michele Sofiate ressalta que a obesidade em cães e gatos é uma condição multifatorial, causada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. E a melhor forma de avaliar se um pet está obeso é consultar um médico-veterinário especializado em nutrição para realizar uma avaliação completa da condição corporal, considerando fatores como idade, raça, tamanho, estilo de vida e saúde em geral do pet.

"É importante ressaltar que cada animal é único e a obesidade pode ter causas individuais específicas. Por isso que a avaliação de um profissional sobre o bem-estar geral desse pet é essencial, porque através desses dados será possível fornecer orientações personalizadas para ajudar a prevenir e tratar esse excesso de peso, por meio de uma dieta adequada, controle de porções e incentivo à atividade física"

"É importante ressaltar que cada animal é único e a obesidade pode ter causas individuais específicas. Por isso que a avaliação de um profissional sobre o bem-estar geral desse pet é essencial, porque através desses dados será possível fornecer orientações personalizadas para ajudar a prevenir e tratar esse excesso de peso, por meio de uma dieta adequada, controle de porções e incentivo à atividade física"

Michele Sofiate

Ela lembra, também, que os tutores desempenham um papel crucial na saúde e no peso de seus pets. “Estudos científicos têm mostrado uma correlação direta entre os hábitos e comportamentos dos tutores e o peso de seus animais de estimação, como mostra um estudo publicado na revista ‘Obesity’, em 2010.

A médica-veterinária lembra, ainda, que a castração também pode aumentar o risco de ganho de peso em animais de estimação. “Mas isso não significa que todos os animais castrados se tornarão automaticamente obesos”.

Michele Sofiate explica que embora cada animal seja único e a predisposição individual à obesidade possa variar, algumas raças de cães e gatos têm sido associadas a uma maior suscetibilidade à obesidade. “No entanto, é importante ressaltar que a obesidade não é exclusiva dessas raças e pode afetar qualquer animal. Algumas raças relatadas como mais suscetíveis à obesidade são, no caso de cães, a Labrador Retriever, a Beagle, a Cocker Spaniel e a Dachshund. Já em relação aos felinos, são a Persa, a Maine Coon e a British Shorthair.

A falta de atividade física para os pets contribui para o ganho de peso e a possibilidade de uma obesidade que pode trazer vários problemas de saúde e até levar o animal de estimação a óbito

A falta de atividade física para os pets contribui para o ganho de peso e a possibilidade de uma obesidade que pode trazer vários problemas de saúde e até levar o animal de estimação a óbito. Crédito: Freepik

Segundo a médica-veterinária, pelo fato de cada animal ser único ele pode responder de maneira diferente ao tratamento para se livrar do peso excessivo. Portanto, é fundamental seguir as orientações e adaptar o plano de tratamento de acordo com as necessidades individuais do pet.

“O objetivo é alcançar uma perda de peso gradual, preservando a massa muscular e promovendo uma boa qualidade de vida para o animal. É muito importante dizer que a obesidade pode levar a uma série de complicações graves que, se não tratadas, podem ter consequências negativas para a saúde e, em casos extremos, levar o animal a óbito”, garante.

Confira algumas dicas sobre a obesidade em animais de estimação

Como saber se o seu pet está obeso?

  • Avaliação visual: os tutores podem observar a aparência geral do animal. O pet deve ter uma cintura definida quando visto de cima e a barriga não deve ser excessivamente arredondada quando visto de lado. Um animal obeso terá uma aparência de falta de definição nas áreas-chaves do corpo.

  • Palpação das costelas: ao acariciar o animal, é possível sentir as costelas sob uma fina camada de gordura. Se as costelas não puderem ser facilmente sentidas ou estiverem cobertas por uma camada espessa de gordura, pode ser um sinal de excesso de peso.

  • Peso corporal: os tutores podem monitorar regularmente o peso do animal em uma balança. O médico-veterinário pode fornecer orientações sobre o peso ideal para a raça e tamanho específicos do pet. O ganho de peso gradual ao longo do tempo pode ser um indicativo de obesidade.

  • Escore de condição corporal: existem escalas específicas de escore de condição corporal que os tutores podem utilizar para avaliar o estado físico de seus animais de estimação. Essas escalas geralmente variam de 1 a 9 ou de 1 a 5, com pontuações mais altas indicando maior obesidade. O médico-veterinário pode ajudar a interpretar esses dados.

O que pode levar um cão ou gato à obesidade?

  • Excesso de consumo de calorias: um consumo excessivo de calorias em relação à quantidade de energia que o animal gasta resultará em ganho de peso. Isso pode ocorrer quando os tutores oferecem porções grandes de comida, lanches frequentes ou alimentos com alto teor calórico, como petiscos e restos de comida humana.

  • Dieta desequilibrada: uma dieta desequilibrada em termos de nutrientes essenciais pode levar a um desequilíbrio energético no corpo do animal, resultando em ganho de peso. Por exemplo, dietas ricas em gordura e carboidratos simples, mas pobres em fibras e proteínas de qualidade, podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade.

  • Falta de atividade física: a falta de exercício regular e atividade física adequada pode levar ao acúmulo de calorias não utilizadas, contribuindo para o ganho de peso. Animais que não são estimulados a se movimentar e brincar têm maior propensão à obesidade.

  • Fatores genéticos: alguns cães e gatos possuem predisposição genética para ganhar peso mais facilmente do que outros.

  • Fatores hormonais e metabólicos: certas condições hormonais e metabólicas, como hipotireoidismo em cães ou doença metabólica felina em gatos, podem afetar o metabolismo do animal e levar ao ganho de peso.

  • Fatores comportamentais e ambientais: o ambiente em que o animal vive desempenha um papel importante na obesidade. Fatores como a disponibilidade constante de comida, alimentação livre (sem controle de porções), estresse, falta de estímulo e interação social podem contribuir para a obesidade.

Por que a castração de cães e gatos pode levar os animais a engordarem?

  • Alterações hormonais: a castração pode levar a alterações hormonais que afetam o metabolismo do animal. Em cães e gatos castrados ocorre uma redução dos hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, o que pode levar a uma diminuição do metabolismo basal e uma predisposição ao ganho de peso.

  • Mudança de comportamento: após a castração, alguns animais podem apresentar mudanças no comportamento, como uma diminuição da atividade física ou um aumento do apetite. Isso pode levar a um desequilíbrio entre a ingestão de calorias e o gasto energético, contribuindo para o ganho de peso.

  • Alterações na composição corporal: estudos têm demonstrado que animais castrados podem apresentar uma alteração na distribuição de gordura corporal, com um aumento da adiposidade subcutânea e visceral. Essa mudança na distribuição de gordura pode estar associada a um maior risco de desenvolver obesidade.

  • Fatores individuais: é importante ressaltar que a suscetibilidade ao ganho de peso após a castração pode variar entre os animais. Fatores como raça, idade, genética, nível de atividade física e dieta desempenham um papel importante no ganho de peso.

Por que os tutores muitas vezes acabam sendo, em parte, responsáveis pela obesidade de seus pets?

  • Alimentação inadequada: os tutores são responsáveis por fornecer a alimentação dos seus pets. Se eles oferecem uma dieta desequilibrada, com excesso de calorias, porções grandes, ou uma quantidade excessiva de petiscos e alimentos não saudáveis, isso pode levar ao ganho de peso e à obesidade.

  • Falta de controle de porções: os tutores têm o controle sobre a quantidade de comida que é oferecida aos seus pets. Se eles não medem as porções adequadamente ou permitem que o animal coma livremente, sem restrições, isso pode levar a um excesso de consumo de calorias e contribuir para a obesidade.

  • Falta de exercício e atividade física: os tutores são responsáveis por proporcionar oportunidades de exercício e atividade física para seus pets. Se eles não dedicam tempo suficiente para brincadeiras, passeios regulares e estímulo físico, os animais podem se tornar sedentários e ter um maior risco de desenvolver obesidade.

  • Comportamentos alimentares: os tutores também influenciam os comportamentos alimentares de seus animais de estimação. Se eles cedem facilmente aos pedidos por comida, alimentam seus pets com restos de comida humana ou oferecem petiscos em excesso como forma de recompensa, isso também pode levar ao consumo excessivo de calorias e contribuir para a obesidade.

Quais os cuidados necessários para que cães e gatos não se tornem obesos?

  • Alimentação equilibrada: ofereça uma dieta balanceada e adequada às necessidades nutricionais do seu pet. Consulte um médico-veterinário especializado em nutrição para obter orientações específicas sobre a melhor alimentação para o seu animal de estimação em termos de quantidade, qualidade e frequência das refeições.

  • Controle de porções: evite alimentação livre, em que o pet pode comer à vontade. Meça as porções de acordo com as recomendações do profissional e ajuste-as conforme necessário com base no peso corporal, nível de atividade e condição física do pet.

  • Evitar petiscos excessivos: limite a quantidade de petiscos e escolha opções saudáveis. Evite dar petiscos humanos, pois muitos são ricos em calorias, gorduras e açúcares, o que pode contribuir para o ganho de peso.

  • Estímulo físico: proporcione atividades físicas regulares ao seu pet. Brincadeiras interativas, caminhadas, jogos de busca ou outros exercícios apropriados à espécie e a idade do animal são fundamentais para queimarem calorias e manterem um peso saudável.

  • Monitoramento do peso: faça visitas regulares ao médico-veterinário para monitorar o peso e a condição corporal do seu pet. Ele pode avaliar se há risco de obesidade e fornecer orientações específicas sobre a dieta e atividade física adequadas.

  • Educação alimentar: evite alimentar seu pet com restos de comida humana, pois isso pode levar a um desequilíbrio nutricional e ao ganho de peso. Além disso, evite alimentá-lo por meio de alimentadores automáticos, pois isso pode dificultar o controle das porções.

  • Promoção de um ambiente saudável: proporcione um ambiente enriquecido, com estimulação mental e oportunidades de exercício. Isso ajudará a prevenir o sedentarismo e o comportamento alimentar compulsivo.

Quais são os principais problemas de saúde que atingem cães e gatos obesos?

  • Doenças cardiovasculares: a obesidade pode sobrecarregar o coração e os vasos sanguíneos, aumentando o risco de hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e doença cardíaca. O acúmulo de gordura ao redor do coração pode comprometer a sua função adequada.

  • Diabetes mellitus: a obesidade é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de diabetes mellitus em cães e gatos. O excesso de tecido adiposo interfere na regulação adequada da insulina, levando a um desequilíbrio do metabolismo da glicose.

  • Doenças respiratórias: a obesidade pode afetar a capacidade respiratória dos pets, aumentando o esforço necessário para respirar.

  • Artropatia e problemas ortopédicos: o excesso de peso coloca pressão adicional nas articulações e nos ossos, aumentando o risco de desenvolver osteoartrite, lesões articulares, ruptura de ligamentos e problemas na coluna vertebral. Essas condições podem causar dor, limitação de movimento e diminuição da qualidade de vida.

  • Problemas dermatológicos: a obesidade pode contribuir para a deterioração da saúde da pele, aumentando o risco de infecções, irritações cutâneas, dermatites e formação de dobras cutâneas que podem levar a problemas secundários, como infecções bacterianas ou fúngicas.

  • Complicações cirúrgicas: a obesidade aumenta o risco de complicações durante procedimentos cirúrgicos, como anestesia prolongada, dificuldade na cicatrização de feridas e maior risco de infecções pós-operatórias.

O que é necessário levar em conta na hora de optar por rações, dietas caseiras ou alimentos naturais para os pets?

  • Nutrientes essenciais: às rações comerciais são formuladas para fornecer todos os nutrientes necessários para atender às necessidades dos pets. Elas passam por extensas pesquisas e são balanceadas para garantir uma nutrição adequada. Por outro lado, as dietas caseiras podem apresentar dificuldades em fornecer todos os nutrientes essenciais em quantidades adequadas, o que pode levar a deficiências ou excessos nutricionais.

  • Equilíbrio nutricional: as rações comerciais são formuladas para atender às necessidades específicas de diferentes fases de vida, raças e condições de saúde dos pets. Elas contêm a proporção correta de proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais necessários. Na dieta caseira, é fundamental obter um equilíbrio nutricional adequado, o que pode ser desafiador sem o conhecimento e a orientação de um médico-veterinário especializado em nutrição.

  • Variedade e segurança alimentar: as rações comerciais são submetidas a rigorosos padrões de qualidade e segurança alimentar. Elas são formuladas com ingredientes específicos e passam por processos de controle de qualidade. Por outro lado, as dietas caseiras podem ter uma variação maior na qualidade e segurança dos ingredientes, além do risco de contaminação bacteriana ou nutricional se a preparação não for feita corretamente.

  • Orientação profissional: caso o proprietário decida fornecer uma dieta caseira para o pet, é altamente recomendado buscar a orientação de um profissional que poderá fornecer orientações específicas para formular uma dieta caseira balanceada, considerando as necessidades individuais do animal.

  • É importante ressaltar que a escolha entre ração comercial e dieta caseira depende de vários fatores, como a saúde do pet, preferências pessoais, restrições alimentares e a capacidade de fornecer uma dieta caseira de qualidade e equilibrada. O mais importante é garantir que o pet receba uma nutrição adequada e balanceada para atender às suas necessidades específicas.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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