• Aquiles Reis

    Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Silvia Goes mostra a força de seu piano em "Um Novo Rumo"

Publicado em 20/09/2022 às 14h08
A pianista Silvia Goes

A pianista Silvia Goes . Crédito: Divulgação

Quem é Silvia Goes? Ora, ela é música! Nasceu mulher, é música! Graças ao gênero, Silvia Goes é a música que toca piano.

Quem ouvir "Um Novo Rumo" (independente, com apoio do Proac-SP), o recém-lançado álbum de Silvia Goes, encontrará uma artista plena. Para além de seu piano duradouro, daqueles que percorrem os neurônios dos ouvintes deixando marcas de admiração, conhecerão os mais profundos anseios, sonhos e competências da pianista.

A tampa abre com “Amanhecendo”: ouve-se os vocalises de Bia Goes (filha de Silvia). Sua voz é profunda... meu Deus! O sol nasce...

“Três Estudos”: ciente do ofício de ensinar e gostar de ser ouvido, o piano de Silvia Goes vem crescente.

“Corda Bamba”: o trompete de Bruno Lourensetto, em duo com o piano de SG, carrega a sonoridade. A tranquilidade rítmica dá vez ao fervor do frevo. O coro come como se numa ladeira de Olinda. A precisão do sopro condiz com a do piano. Logo a serenidade volta às teclas do piano.

“Foi no Forró”: o piano leva o tema ao violino de Alejandro Aldana, que assume a responsa e chora a beleza das notas. Aos poucos vem o forró. A brasilidade flui como fluem as águas do Velho Chico. Silvia toca, eu sorrio de emoção. O piano marca o ritmo. O forró suinga.

“Suíte Chiquinha Gonzaga – I. A Escolha”: Silvia Goes lê a mão de Chiquinha e traz o que lê para seu piano sensitivo. A levada dá vez à canção chorada. Logo o coro volta a comer.

“Suíte Chiquinha Gonzaga – II. O Encanto”: o piano abre para outro vocalise de Bia Goes. O tema pulsa. Arritmo, a leveza volta.

“Suíte Chiquinha Gonzaga – III. O Engano”: é como se Silvia tocasse para Chiquinha, que (creio) diz: “Me vejo nas mãos dessa música”.

“Suíte Chiquinha Gonzaga – IV. Recomeçar”: o som vem pelos dedos ágeis de Silvia, que o traz à lida. A levada tem a magia de um tributo a uma mulher tão importante para a música brasileira quanto Silvia Goes.

“Carmezin”: meu Deus, que virtuosidade, quanta sabedoria nos traz o piano de SG! O violino de Alejandro Aldana sola os compassos. Silvia o ampara. Ele se agiganta. Juntos seguem em pleno ato de serem sublimes.

(Aqui e no todo há de se louvar a gravação e a mixagem de Felipe Senna, bem como sua masterização, esta última dividida com Homero Lotito).

“Misturando”: o piano e o sax soprano de Douglas Braga iniciam. Solar, a beleza se impõe mais uma vez. O álbum ganha contornos memoráveis.

“Ainda Assim”: o trompete de Bruno Lourensetto se junta ao piano. O duo se esmera no tema bem construído por SG.

“Olhando o Céu”: voltam os vocalises da Bia. O piano se multiplica. Palmas marcam o ritmo. Voz e piano decifram a natureza do tema.

Acabou? Como assim? Logo agora que o dia cinzento se abriu em sol para a música? Eu queria mais! Caramba... Muito, muito obrigado, Silvia Goes!

Ficha técnica: Silvia Goes – piano, composições e arranjos; Luiz e Rita Pontes – tigelas de quartzo; Mauro Tanaka e Daniela Alarcon – asalato e palmas; produção musical – Felipe Senna; arte – Sonia Uemura; produção executiva – Wagner Amorosino.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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