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Publicado em 11 de maio de 2024 às 13:15
Alguns dos bares mais tradicionais de Jardim da Penha estão sofrendo punições devido ao volume do som após o horário permitido. Em meio a uma polêmica, o assunto tomou conta das redes sociais na última semana, principalmente depois que dois estabelecimentos publicaram os autos de infrações aplicados pela Prefeitura de Vitória, no Instagram. >
Na publicação do Bar do Orestes, o sócio relata o que tem passado. “Estamos sendo perseguidos. Todas as vezes que temos a nossa música ao vivo somos alvos da fiscalização. Vale ressaltar que, em uma oportunidade, a fiscalização chegou às 18h30 em um dia que nem música tinha”, disse Darlan Goltara da Silva Ferreira.
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Em contato com HZ, Darlan afirmou que o local possui a estrutura adequada para trabalhar com música ao vivo. “Há cerca de um ano, mudamos a localização do bar com o intuito de agregar mais com a cultura. Fizemos a parte de acústica, fechamento de vidro e também do teto. Além disso, tiramos todas as licenças necessárias”, ressaltou.>
Na última semana, o Bar do Orestes recebeu um auto de constatação e dois autos de infração, cujos valores somam R$ 8 mil. Após a notificação, o proprietário optou em não continuar mais com os trabalhos de música ao vivo. “Acredito que isso não vai parar, por isso optamos em não ter mais música. Se a gente tomar a terceira multa, pode acabar sendo interditado. Está ficando desgastante”, completou. >
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Já para Alexandra Pimenta, proprietária do Pimenta Carioca, a situação é ainda mais grave. A empresária acabou tendo seu empreendimento interditado para atividade sonora, na última quinta-feira (9). Após receber multas que somam R$ 14 mil, a dona do estabelecimento falou para HZ sobre os impactos que a interdição irá causar. >
“Peguei o bar em 2019. Desde que comecei, sempre bateram aqui. Houve semanas que era todo dia, o que não caracterizava multa, mas notificação. A última vez que falaram comigo e me notificaram foi no ano passado. O Pimenta é um ponto cultural, é o que atrai os clientes. Sem a música, terei que despedir ao menos dois garçons e a auxiliar de cozinha”, frisou Alexandra. >
Ainda segundo ela, todas orientações recebidas pela Prefeitura de Vitória foram seguidas. “Tenho música de quarta a sexta, das 18h30 às 22h, e aos sábados, das 15h às 19h. Respeitamos os horários sem ultrapassar por causa da fiscalização. Mas nunca me exigiram tratamento de som, até porque o bar é aberto, é na calçada”, disse.>
Em nota, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) informou que o Bar do Orestes não foi interditado, mas autuado. Segundo a PMV, o local já recebeu 118 reclamações desde julho de 2023. >
“Após denúncias, a equipe do Disque-Silêncio esteve no local e autuou o estabelecimento por violação de nível de pressão sonora estabelecido para o local e horário, que é de 55 decibéis, conforme legislação em vigor. Por descumprimento, aplicou um auto de constatação e dois autos de infração, cujos valores somam R$ 8 mil. Em pesquisa ao Sistema de Informações ao Cidadão (SIC), foram identificadas 118 reclamações sobre o estabelecimento, desde julho de 2023”. >
Em relação ao Pimenta Carioca, a Semmam informou que o estabelecimento foi interditado para atividade sonora. De acordo com a secretaria, o motivo é a emissão de ruídos acima do limite estabelecido e também por não possuir licença ambiental. Segundo a nota, o local recebeu 77 reclamações até o momento, desde dezembro de 2019.>
“O estabelecimento foi interditado para atividade sonora/música, em razão da emissão de ruídos acima do limite estabelecido na legislação vigente e também por não possuir licença ambiental, tampouco processo de licenciamento em aberto e sem tratamento sonoro adequado imposto pela legislação. Por descumprimento, o bar possui cinco penalidades impostas e multas cujos valores somam R$ 14 mil. As ações são resultados de denúncias feitas pela população, que mora ao redor dessa atividade e que vem sofrendo com constantes violações ocasionadas por ruídos sonoros em suas residências. O município registrou 77 reclamações até o momento, desde dezembro de 2019", diz a nota.>
A Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec) ponderou que o estabelecimento "Pimenta Carioca" possui alvará de localização e funcionamento, embora seja dispensado por lei. “Em relação às mesas e cadeiras, o alvará correspondente está vencido, tendo sido o estabelecimento notificado para providenciar a renovação necessária”, diz a nota.>
O Sindicato dos Bares e Restaurantes do Espírito Santo (Sindbares/ Abrasel ES) enviou uma nota para HZ afirmando que irá investigar o caso. “O Sindbares/ Abrasel ES, ao tomar conhecimento do fato, iniciou um diálogo com as autoridades. O Sindicato de Bares e Restaurantes do Espírito Santo procura entender o cenário para encontrar uma solução viável para o setor”.>
Diante do embate, diversos artistas do Espírito Santo comentaram nas publicações dos bares envolvidos. “Vamos solucionar, meu amor! Você é guerreira e a calçada do Pimenta é o palco e resistência cultural”, disse o cantor André Prando. “Conte conosco, vamos fazer os ouvidos deles estremecerem de outra forma”, escreveu o violonista Daniel Silva, numa referência à administração municipal.>
HZ conversou com a cantora Sol Pessoa, que se apresenta no Pimenta Carioca há cerca de três anos. Sendo artista fixa do local, ela contou que o bar é sua única fonte de renda e que é através do cachê que ajuda com o tratamento do neto.>
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