Publicado em 8 de outubro de 2024 às 12:36
- Atualizado há um ano
Em casas ou apartamentos com crianças pequenas, é fundamental que a arquitetura de interiores seja planejada com foco na segurança. Isso porque algumas adaptações ajudam a criar ambientes mais seguros e acolhedores, evitando acidentes e proporcionando mais tranquilidade aos pais e cuidadores >
“Nos lares de famílias com filhos pequenos, algumas precauções já estão no radar dos pais, mas existem muitos outros que somente o olhar de um profissional é capaz de prever no projeto”, afirma a arquiteta Cristiane Schiavoni, que comanda seu escritório homônimo, e defende que pensar na infraestrutura durante o desenvolvimento do projeto e execução é o meio mais efetivo de mitigar os riscos de acidentes. >
Abaixo, confira algumas dicas elencadas pela profissional para manter a casa mais segura para as crianças! >
Uma das questões que afetam a tranquilidade é a circulação, fruto da desproporcionalidade entre o tamanho do ambiente e as dimensões dos móveis escolhidos. “Essa sensação de aperto é um ‘convite’ para trombadas que podem machucar com gravidade”, avalia Cristiane. De acordo com ela, no estudo do layout o espaço vazio é tão importante quanto a área mobiliária. >
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Ela também alerta sobre o posicionamento dos objetos de decoração , principalmente em móveis mais baixos como mesa de centro que, de preferência, devem apresentar cantos arredondados. Por conta do fácil acesso, itens de vidro, porcelana e pontiagudos devem ser, obviamente, evitados. >
“Além do risco de quebrar e provocar machucados, as plantas também precisam ser reconsideradas, pois é muito comum que as crianças levem tudo o que veem para a boca”, aconselha a arquiteta, que também é mãe e já passou por essas experiências em casa. >
E o tapete? Sobre essa peça polêmica a arquiteta possui uma opinião favorável sobre sua inclusão, mas tece algumas ressalvas: “Podemos seguir por dois caminhos. Ou trabalhamos com um modelo mais fino e acabamento antiderrapante, ou partir para uma versão mais estruturada para não formar as famosas orelhas das pontas que são perigosas por causarem tropeços”, pontua. Ela ainda destaca que o tapete é um valioso aliado para proteção nas quedas. “Ele sempre dá uma amortecida”, complementa. >
Em residências com crianças, Cristiane é enfática em eleger os formatos redondos ou ovais para as mesas, eliminando as quinas vivas, se refletindo igualmente na estrutura das cadeiras. “Sem contar que o formato orgânico está super em alta no décor de interiores”, ressalta. >
Sobre os materiais, vidro e laca, por sua delicadeza, são acabamentos a serem evitados . “O tampo pode se danificar facilmente se a criança resolver fazer seus desenhos diretamente na mesa e sem nenhum apoio”, relata a profissional. >
Especialmente em apartamentos ou em casas com mais de um pavimento, a arquiteta adverte sobre a importância de dedicar um olhar vigilante às escadas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 14718 que trata a respeito de guarda-corpos para edificação, determina uma altura mínima de 1,10 m englobando o piso acabado até a parte superior do peitoril. >
“Mas precisamos ter em mente que criança não tem noção de perigo. Por isso, não adianta apenas acompanhar as referências arquitetônicas, pois um sofá próximo à escada se torna um meio para brincadeiras perigosas”, exemplifica. Portanto, além de observar as medidas determinadas protetivas, faz-se fundamental cuidar do posicionamento dos móveis. >
Cristiane é categórica: “ Cozinha não é lugar para criança”. Afinal, reúne tudo que há de mais perigoso como fogo, calor e instrumentos pontiagudos e cortantes. Mas como se torna impossível restringir por completo, com o monitoramento dos responsáveis, ela indica posicionar os utensílios fora do alcance e considerar mudanças como a localização do forno. “Ao invés de instalá-lo embaixo do cooktop, como é costumeiro, a torre quente é uma excelente resolução”, relata. Para ampliar a proteção, o vidro triplo reduz as chances de queimaduras caso encostem as mãozinhas. >
Os armários também precisam ser bem pensados e a definição dos puxadores e os sistemas de abertura precisam oferecer uma certa dificuldade para o manuseio dos pequenos. “Alguns puxadores são superperigosos e uma boa alternativa está em produzi-los direto na marcenaria”, indica. >
Quando se trata daquele ambiente da casa em que os filhos passam a maior parte do tempo, a arquiteta propõe cantos arredondados para os móveis a fim de evitar que os pequenos se machuquem por conta das quinas vivas. Além disso, no caso de bebês, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) exige que a pintura dos berços seja a base de tinta atóxica. “Para a aquisição do mobiliário, sempre verifico se a loja possui o selo do órgão”, reitera a profissional. >
É fundamental tomar cuidado com os itens que são armazenados no banheiro, pois muitos deles podem oferecer riscos às crianças. “Outro erro habitual é o de guardar remédios no gabinete do banheiro”, aponta Cristiane. O mesmo vale para itens de higiene pessoal e limpeza, pois um descuido abre a oportunidade para que crianças de menor idade os levem à boca. >
A arquiteta chama atenção para casas e apartamentos com piscina e é enfática: “Nenhuma criança pode ter acesso sozinha”. Desde cercadinhos a tela de proteção, ela diz que os artifícios cooperam, mas que nada substitui a prudência irrestrita dos responsáveis. “Não dá para tirar os olhos nunca”, ressalta. >
Principalmente em apartamentos, papais e mamães sabem que os ambientes das áreas sociais se tornam locais de brincadeiras. Para mitigar eventuais riscos de quedas com brinquedos espalhados no chão, Cristiane enfatiza a necessidade de programar espaços de organização que podem estar em caixas ou em armários previstos para essa finalidade. >
Embora os sistemas de instalações elétricas sejam mais seguros para evitar problemas no circuito – caso do dispositivo diferencial residual, o DR, presente no quadro de energia –, o risco de enfiar o dedinho ou algum outro objeto nos plugues é facilmente resolvido com protetores de tomadas. >
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