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Dudu, do Palmeiras, leva golpe do padrinho de casamento e perde R$ 18 milhões

Dudu, do Palmeiras, leva golpe do padrinho de casamento e perde R$ 18 milhões

O assessor do jogador é acusado de falsificar assinaturas do jogador e desviar cifras milionárias de aplicações e investimentos das contas do atacante palmeirense

Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 20:00

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Dudu quer esquecer 2023. No ano passado, o atacante do Palmeiras sofreu sua primeira grave lesão na carreira e descobriu que estava sendo vítima de um golpe financeiro. A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar Thiago Soubhia Donda, ex-assessor e padrinho de casamento do jogador, um ex-gerente da agência de um banco, e um funcionário de um cartório em São Paulo. Os advogados de Dudu alegam que o jogador perdeu mais de R$ 18 milhões nos últimos anos.

Dudu já acumula mais de 90 gols com a camisa do Palmeiras
Dudu sofreu um golpe e o prejuízo pode ultrapassar os R$ 18 milhões. (Cesar Grecco/Palmeiras)

Em novembro do ano passado, a defesa de Dudu solicitou a instauração de inquérito no 15º Distrito Policial de São Paulo, que começou, então, a investigar as partes denunciadas. No centro da denúncia está Thiago Donda, amigo por anos de Dudu e uma das pessoas em quem o jogador mais confiava. Depois da denúncia, o atleta cortou relação com o seu ex-assessor e desfez a amizade de mais de uma década.

A denúncia aponta que Thiago usou fichas internas com assinatura falsas de Dudu para desviar mensalmente dinheiro de uma conta no Bradesco em que o atacante recebia do Palmeiras os direitos de imagem, que, por lei, pode corresponder a até 40% do salário total de um jogador de futebol.

Dudu suspeita que Thiago desviava dinheiro de uma de suas contas desde 2015, ano em que o atleta se transferiu do Grêmio ao Palmeiras e contratou os serviços do assessor para lhe ajudar nas tarefas do dia a dia. Thiago foi ganhando a lealdade e confiança do jogador e passou a ter acesso às finanças do atacante e movimentar as contas bancárias do atleta sem ele saber.

O Bradesco informou que "está atendendo todas as solicitações da polícia e tratando o assunto diretamente com o cliente e seu representante". A assessoria de imprensa de Dudu disse que o caso está sendo conduzido pela equipe jurídica do atleta, liderada por Adriana Cury e Cid Vieira, e que "os advogados já tomaram as medidas cabíveis junto às autoridades e confiam no trabalho da Justiça". Thiago Donda não respondeu às mensagens e não atendeu as ligações da reportagem. O Estadão aguarda uma resposta do 19º Cartório de Registro Civil de São Paulo.

FRAUDE FINANCEIRADudu descobriu somente em agosto do ano passado que estava sendo vítima de seguidas fraudes financeiras. Segundo consta no pedido de abertura de inquérito, o atleta foi surpreendido ao saber que a sua empresa, Dudu Sete Agenciamento de Imagens Esportivas, aberta para receber os direitos de imagem, não recolhia impostos desde 2018, e que havia parcelas pendentes de pagamentos dos impostos, além da existência de execuções ajuizadas desde 2022. Tudo sem o aval do camisa 7.

O profissional responsável pela contabilidade da empresa de Dudu alegou ao jogador que não havia lhe informado da falta de pagamento dos impostos por ordem de Thiago e indicou um escritório de advocacia de sua confiança, no bairro de Moema, ao assessor do atleta, para que ele evitasse bloqueio dos bens de Dudu.

Dudu estranhou e questionou o contador, já que na conta em que recebia os direitos de imagem deveriam estar os valores reservados para o pagamento dos impostos referentes à sua empresa e o valor líquido seria depositado para uma conta de pessoa física do atacante. O atleta demorou a tomar pé da situação porque não costumava acessar essa conta no Bradesco. Ele tem uma conta pessoal em outro banco que usa com mais frequência, já que é de lá que sai o dinheiro para pagar suas despesas.

A acusação aponta que Thiago atuou com a ajuda do gerente de uma agência do Bradesco onde Dudu mantinha conta e de um funcionário do 19º Cartório de Registro Civil de São Paulo, no bairro de Perdizes. O gerente do banco foi demitido em dezembro de 2022. Os dois estão sendo investigados.

O contador não está sendo investigado, embora exista a possibilidade de que ele seja também seja acusado conforme o andamento da investigação. A defesa do atleta avalia que o contador sabia dos desvios e poderia ter agido para impedi-los.

Fraudes constatadas

  • Transferências e pagamentos de valores para conta de terceiros utilizando fichas internas com assinatura falsas;
  • Compensações de cheques com assinaturas falsas;
  • Débitos nas contas bancárias de produtos ofertados pela entidade bancária sem contratação e conhecimento das vítimas;
  • Operações de empréstimos mediante oferta de produtos;
  • Venda Títulos de Capitalização sem autorização das vítimas;
  • Transferências de valores para conta de terceiros com autorizações preenchidas pelo gerente sem anuência do correntista;
  • Falsificações de assinatura;
  • Baixas de aplicações financeiras e resgates de ativos financeiros sem conhecimento das vítimas;
  • Utilização de PIX e TED não autorizadas.

Assinatura falsa e prejuízo

Dudu contratou uma perícia, que constatou, por meio de laudo grafotécnico, que as assinaturas em cheques e fichas internas bancárias eram falsas.

"São falsas as atribuídas a Eduardo Pereira Rodrigues que figuram nos questionados documentos peças de exame deste parecer grafotécnico, vez que não foram produzidas por punho daquele escritor, em face de seus lançamentos padrões de confronto", diz o laudo.

Inicialmente, os advogados do atleta calcularam que o valor referente à quantia desviada em favor de Thiago e de sua empresa, a BWF assessoria e agenciamento, por meio das fichas bancárias e cheques com assinaturas falsas era de R$ 8 milhões. Depois, constatou-se que o valor alcançava mais de R$ 14 milhões.

Uma empresa de auditoria foi contratada para devassar o caso e levantar o valor total desviado. O prejuízo chega a R$ 18 milhões, mas as contas ainda não terminaram e o desfalque pode ser maior.

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