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Homem deixa trauma no passado para se tornar multicampeão no triatlo

Homem deixa trauma no passado para se tornar multicampeão no triatlo

Paraplégico após ser atingido por um tiro na medula, Marcos Vinícius Barcellos se consolida como um dos expoentes do paradesporto no Estado

Publicado em 30 de agosto de 2019 às 04:11

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Marcos Vinícius teve de reaprender a pedalar para se tornar um paratleta de alto nível. (Arquivo pessoal)

O ano era 1993 e uma situação que tinha todos os elementos para ser ruim a Marcos Vinícius Barcellos acabou por transformar a vida do então adolescente de 17 anos em Vitória. Ao ser atingido por um tiro na medula ele perdeu os movimentos das pernas. Trágico? Não para Marcos. Essa fatalidade foi um divisor de águas para ele, que pouco tempo depois, quando já fazia tratamento no Centro de Reabilitação Física, na Praia da Costa, em Vila Velha, descobriu o esporte de alto rendimento. Foi o início de uma carreira promissora e altamente vitoriosa. 

"Estou no esporte desde que me tornei cadeirante, logo após eu ter sofrido uma lesão medular provocado por arma de fogo ainda em 1993. Pago um preço alto por isso, mas estou tendo uma nova oportunidade na vida. No ano seguinte eu descobri o basquete em cadeira de rodas e não parei mais", disse o paratleta que hoje se divide entre a natação e o triatlo.

Marcos Vinícius foi campeão brasileiro de paratriathlon em Florianópolis. (Arquivo pessoal)

Aos 42 anos e dono de marcas incríveis, Marcos vem de mais uma conquista. Recentemente, em Florianópolis, capital catarinense, ele sagrou-se campeão brasileiro de paratriathlon. "O mau tempo impediu a prova de natação, então larguei o braço no ciclismo e consegui abrir distância. Fiz a transição rápida para a corrida e garanti minha primeira vitória no paratriatlo", contou.

Marcos não se vê como um superatleta, mas a rotina é puxada e exige dedicação máxima. "Eu já era atleta de natação quando iniciei no triatlo. Consigo conciliar porque divido os treinos. Às segundas e quartas, e sexta faço musculação e também a natação, terça e quinto eu corro, sábado e domingo eu pedalo. Faço parte de uma equipe de natação muito forte aqui no Estado e isso facilita que os resultados apareçam", detalhou.

Embora seja independente, mesmo com as limitações impostas pela perda dos movimentos dos membros inferiores, Marcos conta com uma força extra: a esposa. É Luciane quem esta ao lado dele a todo momento. "Ela é meu braço direito em tudo, faz questão de estar comigo, de me ajudar. Agradeço a Deus por ter colocado ela na minha vida, tive sorte em encontrá-la", disse.  

INABALÁVEL

Superação talvez seja o termo que melhor defina quem é Marcos Vinícius. Nem mesmo o "olhar diferente" das pessoas o abala. "Felizmente eu não percebo isso em relação a mim. Minha autoestima é muito alta. Talvez até olhem, mas eu nem percebo. Sou tão confiante e tenho tanta fé, que não deixo isso me abalar. Sem contar que tem tantas pessoas que andam e não vão a lugar algum, né. Mas obviamente não desmereço ninguém.

A confiança de Marcos é um combustível diário na rotina. É nela que ele também se apoia para seguir superando as adversidades. "Eu sou bastante independente, às vezes nem sinto a limitação, me supero a cada dia e sou capaz de fazer coisas que talvez não fossem possíveis para um cadeirante, como o rapel e maratona aquática. Tenho sim limitações muito por conta de alguns obstáculos naturais das cidades, como subir escadas, por exemplo, mas eu tiro isso de letra". É tranquilo", garante o paratleta.

Luciene é a esposa e parceira de Marcos para todas as horas . (Arquivo pessoal)

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O que não é tranquilo, de fato, é pedalar com as mão, uma necessidade imposta pela limitação física. "Pedalar com os braços não é para qualquer um, pois exige muita força e preparo físico, mas é uma sensação de liberdade total. Por mais que a cadeira de rodas proporcione essa autonomia de ir e vir pelo fato de não andar, a bicicleta é diferente porque chega mais rápido, é vento batendo no rosto", finaliza Marcos, que tem no currículo ainda o primeiro lugar no Meio Capixaba de Ferro, onde teve de superar 1,9 quilômetros de natação, 90 de ciclismo e ainda 21 de corrida em mais de sete horas de prova.

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