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Rocha Loures diz não saber que havia dinheiro na mala com R$ 500 mil

Rocha Loures diz não saber que havia dinheiro na mala com R$ 500 mil

Ex-assessor de Michel Temer deu sua versão sobre o episódio em que foi flagrado com mala de dinheiro

Publicado em 26 de abril de 2018 às 14:09

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Preso pela Polícia Federal (PF) em junho de 2017, depois de ter sido filmado arrastando pelas ruas de São Paulo uma mala com R$ 500 mil, Rodrigo Rocha Loures, o ex-assessor do presidente Michel Temer, apresentou à Justiça Federal, pela primeira vez, a sua versão sobre o episódio. Em uma petição de 49 páginas obtida pelo jornal "O Globo", Rocha Loures afirma que recebeu a mala do delator Ricardo Saud, ex-executivo da J&F, “sem saber qual era seu conteúdo” e disse que “desconhecia quaisquer acertos, pagamentos e condições” relacionadas à mala.

Momento em que Loures deixa pizzaria com a mala contendo R$ 500 mil. (Reprodução)

Na denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou Loures de ser um emissário do presidente Michel Temer. Nas palavras do então procurador-geral Rodrigo Janot, o então assessor presidencial seria o “longa manus” de Temer, encarregado de buscar a mala e entregá-la a seu destinatário final. Temer foi acusado de corrupção passiva no caso, mas livrou-se temporariamente de responder ao processo porque o Congresso rejeitou a denúncia.

No documento entregue à Justiça, Loures não explica por que correu com a mala, por que devolveu os R$ 500 mil recebidos, por que estavam faltando R$ 35 mil e não detalha mais o assunto.

“É impossível demonstrar qualquer liame subjetivo porque tal vínculo nunca existiu, pois Rodrigo Rocha Loures desconhecia quaisquer acertos, pagamentos ou condições, (...) tendo recebido a mala de Ricardo Saud sem saber qual era seu conteúdo”, diz a peça de defesa de Loures.

Rodrigo Santos da Rocha Loures. (DIDA SAMPAIO/AE)

PF GRAVOU CONVERSAS

As gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Patmos, porém, colocam em dúvidas a versão apresentada por Loures. Em uma das conversas gravadas por Saud antes de se encontrar com Rocha Loures em uma pizzaria no dia 28 de abril do ano passado para entregar a mala de dinheiro, o delator afirma: “Você, por ter nos ajudado, já tem quinhentos mil guardadinho. Tá guardado comigo em casa e eu não quero ficar”.

Loures responde, de acordo com a transcrição da PF: “Tá”.

A defesa, apresentada pelo advogado de Loures, Cezar Bitencourt, em fevereiro. O documento foi protocolado na ação penal à qual Loures responde na Justiça Federal de Brasília, após desmembramento determinado pelo STF. Temer também havia sido denunciado sob acusação de corrupção passiva, mas não se tornou réu porque a Câmara dos Deputados suspendeu a abertura da denúncia. Na peça, Rocha Loures defende Temer, afirmando que não houve comprovação de que a mala seria para o peemedebista.

“O simples fato de Rodrigo ter exercido a posição de assessoria do presidente não caracteriza concretamente o acerto de vontades para o cometimento de ilícitos. Afinal, a Presidência conta com diversos assessores, sendo pouco razoável presumir que, ao exercer um cargo próximo ao chefe do Executivo, esses profissionais estão automaticamente anuindo com toda e qualquer ação do presidente da República”, diz a defesa.

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Loures se tornou réu do caso em dezembro do ano passado, quando o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal do DF, aceitou o recebimento da denúncia.

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