Publicado em 19 de junho de 2019 às 11:18
Em entrevista ao programa do Ratinho, do SBT, exibida na noite desta terça-feira (18), o ministro da Justiça, Sergio Moro, voltou a negar irregularidades na troca de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, e disse que tem "absoluta confiança" de que sempre agiu conforme a lei. >
Reportagens do site The Intercept Brasil revelaram conversas em que os dois trocavam informações sobre ações da operação e sugerem que Moro pode ter interferido na atuação da Procuradoria. Na época dos diálogos, ele era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos ligados à Lava Jato.>
Moro, que inicialmente não havia negado a autenticidade das conversas, afirmou que não consegue confirmar que as mensagens são reais porque, segundo ele, não tem mais os arquivos.>
"Em relação ao que troquei, não posso confirmar porque não tenho mais as mensagens, mas tenho absoluta confiança de que sempre agi com com lisura dentro da minha profissão.">
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O programa foi gravado na segunda (17) e exibido na terça. Nesta quarta (19), o ministro irá à Comissão de Constituição e Justiça do Senado prestar esclarecimentos sobre o caso. A decisão de comparecer à Casa partiu do próprio Moro. >
Durante a entrevista, o ministro afirmou que o vazamento das mensagens foi uma ação criminosa de hackers e que vê uma ação orquestrada para "obstaculizar as investigações" da Lava Jato e anular condenações. Segundo o Intercept, as mensagens foram trocadas pelo aplicativo Telegram entre 2015 e 2018. O site afirmou que os arquivos foram entregues à reportagem por fonte anônima, há cerca de um mês.>
Moro disse ter detectado tentativas de disseminar informações falsas sobre o ataque aos telefones para despistar as investigações. "Existe um grupo criminoso organizado cujo objetivo é obstaculizar investigações ou buscar anulação de quem já foi condenado por corrupção, quem tem conta na Suíça ou recebeu favores de empreiteiras. O objetivo é muito grave, além de ser um ataque às instituições", disse.>
Moro defendeu seu trabalho à frente da Lava Jato e disse que foram obtidos grandes avanços no combate à corrupção. Afirmou que não concorda com a maior parte das críticas à operação e que existe "muita gente querendo voltar à situação de impunidade". >
Perguntado se teria vontade de integrar o STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que não há vagas no momento. "É uma questão que não se coloca agora. Meu trabalho agora é como ministro da Justiça", disse. >
No mês passado, Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que prometeu a Moro uma vaga no tribunal ao convidá-lo para assumir o Ministério da Justiça. Dias depois, voltou atrás e afirmou que não havia nenhum combinado. >
Em relação ao vazamento das mensagens, Bolsonaro demorou quatro dias para se pronunciar. Desde quinta (13) vem defendendo o ministro, mas afirmou no sábado (15) que Moro não tem 100% de sua confiança. >
Sobre a decisão do Congresso que tirou o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça, Moro disse na entrevista que tem "ótima relação com Paulo Guedes" e que o trabalho do órgão será realizado normalmente. Guedes é titular da Economia, para onde o Coaf foi transferido.>
Moro também defendeu o Legislativo e disse que tem recebido apoio de parlamentares para o seu pacote anticrime, que caminha a passos lentos na Câmara.>
"A questão do Congresso tem debate, convencimento. Muitos parlamentares têm dado esse apoio. Existe ideia de tão logo resolvida a Previdência, dar salto no projeto anticrime." >
RESUMO DOS VAZAMENTOS EM 3 PONTOS>
Mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil indicam troca de colaboração entre Moro, então juiz, e Deltan, procurador e coordenador da força-tarefa da Lava Jato.>
Segundo a lei, o juiz não pode auxiliar ou aconselhar nenhuma das partes do processo>
Vazamento pode levar à anulação de condenações proferidas por Moro, caso haja entendimento que ele era suspeito (comprometido com uma das partes). Isso inclui o julgamento do ex-presidente Lula>
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