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Maia fecha acordo com partido de Bolsonaro e se fortalece para reeleição

Maia fecha acordo com partido de Bolsonaro e se fortalece para reeleição

A negociação envolveu também a promessa de o PSL ficar com a segunda vice-presidência da Câmara e a presidência da Comissão de Finanças e Tributação

Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 01:59

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(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Um dia após Jair Bolsonaro tomar posse, o PSL, partido do presidente, anunciou nesta quarta-feira (2) apoio à reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em troca de espaços no comando da Casa.

O presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), disse à reportagem que Maia prometeu à legenda a presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais prestigiada e disputada da Casa, por onde passam todas as matérias para análise constitucional.

A negociação envolveu também a promessa de o PSL ficar com a segunda vice-presidência da Câmara e a presidência da Comissão de Finanças e Tributação.

O nome de Maia já era defendido internamente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, como mostrou a Folha em dezembro. O chefe da equipe econômica vê no deputado um fiador da agenda de reformas que o governo pretende implementar.

"O Rodrigo Maia se comprometeu a pautar todas as coisas da nossa campanha", afirmou Bivar ao confirmar o acordo.

A deputada eleita Joice Hasselmann (SP), que, logo após a eleição, criticou a possibilidade de reeleição de Maia, já havia mudado de discurso e nesta quarta-feira chegou a discutir com internautas que criticaram a decisão do PSL.

"Qual seria a opção? Afundar o governo? Não ter bloco para aprovar nada? Fazer beicinho de criança birrenta e prejudicar milhões de brasileiros por isso?", escreveu ela, que diz que o apoio é "aliança pela agenda econômica e governabilidade".

Em outubro, ela havia afirmado à Folha que manter Maia "passaria a mensagem errada" aos eleitores, que desejavam mudança.

O PSL tem a segunda maior bancada da Casa, com 52 de 513 deputados, e pretende chegar à primeira posição após a janela partidária.

A sigla se junta agora a um grupo maior de apoiadores que já vinha sendo costurado por Maia.

No dia 20 de dezembro, último dia de trabalhos na Câmara, Maia reuniu na residência oficial representantes de PSDB, PR, PP, PRB, PSD, PSB, PDT, PC do B, SD, PPS e Podemos, além de siglas menores que pretendem apoiá-lo.

Líderes destas legendas já começaram a fazer rascunhos da ocupação de espaços na Mesa Diretora e no comando ou relatoria de comissões. Um desenho mais acabado da distribuição dos postos já deve acontecer nos próximos dias.

Alguns dos partidos que apoiarão Maia tinham candidatos próprios. O PRB vai retirar a candidatura do deputado João Campos (GO), nome que mais preocupava o atual presidente da Câmara por ter uma boa interlocução com a bancada evangélica, que atualmente tem 202 integrantes.

Ele desejava se lançar como o escolhido de Bolsonaro, mas isso não se concretizou porque o governo temia apoiar uma candidatura que poderia sair derrotada e viver o mesmo drama que Dilma Rousseff (PT) protagonizou com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).

No PR, o deputado Capitão Augusto (SP) pretende disputar com uma candidatura avulsa.

Aliados de Maia esperam que o MDB force o atual primeiro vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (MG), a retirar sua candidatura ou que ao menos não o apoie na disputa.

Lideranças favoráveis à reeleição também estão na expectativa de que o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) desista, já que fica enfraquecido com a adesão do PSL a Maia.

O atual presidente da Câmara deve contar ainda com o apoio do PT, já que é visto como o único candidato capaz de dialogar tanto com a esquerda como com a direita.

"Não temos ilusão de que vamos ter uma Mesa de oposição. Somos o maior partido, mas somos minoritários na Câmara. O que queremos é ter a representação que o povo nos deu, através do voto", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

O apoio não é consensual no partido. "Devemos insistir com PSB, PC do B, PDT e PSOL para fazermos um movimento conjunto. O discurso da posse do Bolsonaro e os primeiros movimentos do governo reforçam essa necessidade da unidade em defesa da democracia", disse o líder da sigla na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS).

A presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que se elegeu deputada, foi às redes sociais criticar o apoio a Maia.

"Não durou 24 horas o discurso de Bolsonaro de rompimento com a velha política. Hoje foi selado pelo PSL um acordão envolvendo cargos com os partidos políticos que ele tanto criticou para apoiar reeleição de Rodrigo Maia para a Câmara dos Deputados", escreveu a petista no Twitter.

OS COTADOS À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA

Principais

Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara; obteve apoio do PSL, partido de Bolsonaro

Fábio Ramalho (MDB-MG), atual vice-presidente, tem ganhado força no baixo clero

Outros

Formalizaram com Ramalho um acordo para apoiar aquele que conseguir passar para o segundo turno da disputa:

Capitão Augusto (PR-SP)

JHC (PSB-AL)

Alceu Moreira (MDB-RS)

PT

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