Publicado em 26 de setembro de 2019 às 07:53
Uma comissão formada por deputados e senadores aprovou nesta quarta-feira (25) um relatório que propõe a reincorporação de médicos cubanos ao programa Mais Médicos por até dois anos.>
Nesse período, os médicos devem receber o valor integral da bolsa de R$ 11.800 mensais ofertada no programa e prestar até quatro provas para revalidação do diploma. Se aprovados, poderão continuar a atuar como médicos no país.>
A proposta integra relatório apresentado pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO) em comissão criada para analisar o texto da medida provisória que cria o programa "Médicos pelo Brasil", previsto para substituir progressivamente o Mais Médicos.>
Após ser aprovado na comissão, o texto com as regras para o novo programa segue agora para os plenários da Câmara e Senado. A expectativa do governo é que a medida provisória seja aprovada até novembro deste ano.>
>
Com isso, as primeiras seleções do Médicos pelo Brasil seriam realizadas em 2020. A previsão é que o programa contemple até 18 mil vagas, a maioria em municípios de difícil acesso e no Norte e Nordeste.>
Apesar de ter como foco original a criação do novo programa, a comissão mista acabou por concentrar boa parte dos debates em pontos extras, como mudanças nas regras para revalidação do diploma de médicos formados no exterior e ajustes na lei do Mais Médicos --caso, por exemplo, da reinclusão dos cubanos.>
Para Moura, que foi relator da comissão, a reincorporação dos médicos cubanos no Mais Médicos é uma medida "humanitária". A estimativa atual é que 1.700 médicos tenham ficado no Brasil após o fim da participação de Cuba no Mais Médicos. "São médicos que ficaram na condição de refugiados", afirma.>
Ele reforça que a medida será limitada aos profissionais que atuavam no programa no momento do anúncio do encerramento dos contratos, o que ocorreu em novembro de 2018.>
A proposta foi aprovada um dia após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmar, na ONU, que os médicos cubanos "não tinham comprovação profissional" e que aqueles que decidiram ficar no Brasil "se submeterão à qualificação médica para exercer sua profissão".>
REVALIDA>
Além da reinclusão dos cubanos, o texto aprovado na comissão altera as regras previstas para revalidação de diploma para formados no exterior. Entre elas, está a realização de duas provas por ano do Revalida, nome dado ao exame aplicado para médicos estrangeiros interessados em atuar no Brasil. Hoje, não há prazo fixo.>
Os custos da prova também passariam a ser cobrados dos profissionais no momento da inscrição. Em voto complementar, o relator sugeriu que esse valor tenha como teto o valor da bolsa de residência médica, de R$ 3.400.>
Em outra medida, o texto também abre espaço para maior participação de faculdades privadas nesse processo, o que tem gerado polêmica junto a entidades médicas, que prometem pressionar para que a proposta seja revista.>
Outras duas medidas foram incluídas no texto durante a votação do relatório na comissão. Uma delas foi a possibilidade de que estados e municípios façam consórcios para contratar médicos no Mais Médicos, inclusive com apoio de organizações estrangeiras. Para o autor da medida, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), a medida visa atender áreas que não forem supridas pelo Médicos pelo Brasil.>
Outra é a previsão de que médicos federais recebam gratificação de desempenho prevista na carreira da Previdência, da saúde e do trabalho. Membros da bancada governista contestaram a medida, dizendo que ela traria impacto no orçamento com despesas indevidas e não tinha relação com o Médicos pelo Brasil. A proposta, no entanto, foi aprovada pelos demais parlamentares.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta