Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 21:29
Acusado de estuprar uma adolescente de 17 anos, o ex-deputado estadual Luiz Durão (PDT) tem um antigo e próximo vínculo com a família da mãe da menina. A informação é do pai da jovem, que pretende buscar providências jurídicas contra o político. "Ele acabou com a vida da minha filha. Sou pai, devia estar acompanhando de perto. Vou entrar em contato, procurar a Defensoria Pública... Vou procurar fazer o que posso fazer", afirmou à reportagem do Gazeta Online nesta sexta-feira (22).>
O pai separou-se da mãe da adolescente em 2005. Desde então, tem quase nenhum contato com a ex-mulher e com a filha. O homem - que não pode ser identificado para que a identidade da menina permaneça sob sigilo - acompanhou notícias sobre o caso Luiz Durão sem saber que a menina apontada como vítima era a filha dele.>
Ele só teve a confirmação nesta sexta, ao ser localizado pela reportagem. Em seguida, telefonou para a 2ª Vara Criminal da Serra em busca de informações. Apesar do interesse inicial em fazer parte de alguma forma do processo, disse que ficou "tranquilo" ao ter a notícia de que a mãe também constituiu um advogado para o caso. O homem, um administrador de 49 anos, viveu com a ex-esposa em Linhares, mas desde 2012 vive em uma cidade do Nordeste da Bahia.>
Embora reconheça ser um pai distante - a última vez que esteve com a filha foi em 2015 -, queixa-se de não ter sido avisado pela ex-esposa sobre o crime grave do qual o ex-deputado é acusado de praticar contra a adolescente.>
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Ele e a mãe da garota mantiveram um relacionamento por cerca de dez anos, desde 1996. Em parte da conversa com a reportagem, o pai sugeriu que um dos motivos para não ter recebido a informação tenha sido a antiga ligação da ex-esposa com Luiz Durão.>
"Casamos em 1997. Luiz Durão era amigo da família, amigo mesmo. Joana (nome fictício da mãe da adolescente) teve até celular em 1996, dado por ele. Ele a mantinha como se fosse alguém dele. Algumas vezes, eu reclamei, disse que estávamos perto de casar", contou.>
Segundo o ex-marido, a casa da família dela em uma conhecida localidade de Linhares funcionava como base para reuniões do político. "Ele frequentava a casa dos avós de Maria (nome fictício da hoje adolescente). Era o ponto de referência dele no distrito. Ele chegava e ia direto para lá. Fazia as reuniões políticas dele", disse.>
Ele também afirmou que a mãe da adolescente chegava a telefonar para o político quando tinha interesse em algum reposicionamento em postos de trabalho. >
O pai também relatou que, "esporadicamente", visitou a fazenda de Durão. A partir da amizade da mulher com o ex-deputado, também esteve com o político algumas vezes. Ao tentar ser vereador, em 2004, participou de reuniões de grupo político que tinha Luiz Durão como uma das lideranças. Em 2018, o pai também disputou a eleição para deputado estadual, na Bahia, mas não foi eleito.>
À reportagem, o homem afirmou jamais ter imaginado que a filha dele era a adolescente envolvida no caso Luiz Durão. Afinal, o flagrante ocorreu na Serra. "Cheguei a receber mensagem de gente se solidarizando comigo, mas não entendi. Não tinha acontecido nada comigo", disse.>
O homem define a relação com a filha e com a ex-mulher como "conturbada". Após a conversa com a reportagem, disse que telefonou para a menina, mas não foi atendido. Deixou mensagens colocando-se à disposição.>
A partir das declarações do ex-marido, a reportagem acionou a mãe da adolescente. Ela disse que consultaria o advogado dela e daria retorno, o que ainda não ocorreu. A defesa de Luiz Durão também foi procurada, mas não se manifestou.>
DENÚNCIA>
Dias após ser preso, Luiz Durão foi denunciado pela Procuradoria-Geral de Justiça pelo crime de estupro. Com base na Lei Maria da Penha, a Procuradoria considerou o convívio do deputado com a família da adolescente como um agravante.>
A defesa do ex-deputado criticou a inclusão do agravante na denúncia por entender que o vínculo do político com a família era apenas mais um dos vários que ele tem em razão da natureza da atividade política, que exige contato com as pessoas. As declarações do pai da menina confrontam o argumento dos advogados.>
Na última sexta-feira (15), a Justiça concedeu habeas corpus a Luiz Durão e o pedetista deixou a prisão após 42 dias. Por ser advogado e ter direito a uma chamada sala de Estado Maior, ele esteve preso no Quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros, em Vitória.>
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