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Suicídio entre jovens: sinais de alerta podem não ser tão óbvios

Suicídio entre jovens: sinais de alerta podem não ser tão óbvios

O assunto vai ser discutido no último Encontros do Saber deste ano, no auditório da Rede Gazeta, nesta quarta-feira (9)

Publicado em 8 de outubro de 2019 às 14:46

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O psiquiatra Ricardo Krause é presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil. (Tatiana Ferro Fotografia)

Os casos de suicídio entre os jovens de 15 a 29 anos têm crescido nos últimos anos e um dos principais desafios dos pais tem sido identificar os sinais de alerta que os filhos apresentam. A dificuldade para as famílias fica ainda maior quando precisam lidar com os adolescentes, já que o comportamento nessa fase da vida se assemelha com o daqueles que querem tirar a própria vida.

“O problema é que todos os sinais podem aparecer normalmente na adolescência. Isolamento, tristeza sem motivo, perda de prazer nas atividades, afastamento de amigos e familiares, problemas com sono e alimentação, como começar a ter insônia ou então dormir demais, ganho ou perda de peso de forma acentuada e rápida. Outros sinais são quando o adolescente fica pesquisando muito sobre morte, sobre pessoas que se mataram ou apresenta esse assunto em desenhos ou redações”, explica o psiquiatra Ricardo Krause, presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil.

Krause é especialista em psiquiatria da infância e adolescência e é um dos palestrantes do último “Encontros do Saber” deste ano, nesta quarta-feira (09). O evento, promovido pela Revista.ag, tem como tema “Precisamos falar sobre suicídio e homicídio entre os jovens”. A psicóloga e terapeuta de família Adriana Müller, comentarista da Rádio CBN Vitória, também participa do encontro, que acontece no auditório da Rede Gazeta, em Vitória.

Ainda de acordo com Krause, suicídio é um fenômeno que sempre existiu na sociedade. Segundo ele, duas faixas etárias são particularmente preocupantes: os idosos e os adolescentes. “Os idosos porque perdem os recursos e perdem a esperança e os adolescentes porque ficam sem as possibilidades do mundo adulto e sem a proteção da infância”, pontua.

REDES SOCIAIS

Populares entre os jovens, as redes sociais são grandes vilãs neste cenário. Isso porque tudo que é compartilhado no ambiente virtual, de acordo com Krause, se trata de pessoas que “aparentemente” estão felizes o tempo inteiro.

“Tudo tem que estar lindo e maravilhoso. O que fazer quando você não está se sentindo assim? O adolescente tende a acreditar que isso é verdade e aumenta a sensação dele de solidão. Sempre tivemos casos de suicídio, mas agora a tentativa de suicídio é a primeira causa de atendimento em pronto-socorro de adolescente”, observa.

Krause destaca que 90% das pessoas que se matam sofrem com problemas psiquiátricos e, de acordo com os especialista, as doenças podem ser tratadas. “Existem remédios que tem uma ação magnífica como o Lítio. Este medicamento é muito associado a bipolaridade, mas as pessoas que tentam suicídio não são bipolares necessariamente. São vários fatores que interferem e o remédio reduz em 85% o risco”, explica.

Já em relação aos casos de homicídios na juventude, Krause ressalta que o debate vai girar em torno dos massacres que jovens têm protagonizado, como o atentado na escola de Suzano, em São Paulo. “São muitos crimes que acontecem com armas dentro da escola, mas a imprensa só divulga quando é acima de quatro mortes porque realmente isso é epidêmico. Mas são muitos casos e a gente nem fica sabendo”, pontua.

DEBATE NECESSÁRIO

Para a diretora de Transformação da Rede Gazeta, Leticia Lindenberg, promover um evento como este faz parte da missão da empresa de sempre proporcionar o debate sobre os assuntos que atravessam a vida dos capixabas.

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“Ansiedade e depressão entre os jovens são doenças que infelizmente fazem parte da realidade das famílias. Acreditamos que dar espaço para discutir sobre essas questões contribuem para ampliar o entendimento e diminuir o tabu que não deveria mais ser uma sombra na sociedade. Entendemos que um tema como este precisa ser desmistificado, e trazê-lo à tona é nossa forma de contribuir com a informação”, destaca Leticia.

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