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Igreja Católica cria rede para combater violência na Grande Vitória

Igreja Católica cria rede para combater violência na Grande Vitória

Projeto quer trazer segurança e unir comunidades de periferias

Publicado em 23 de junho de 2019 às 23:31

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Casas na Piedade, em Vitória, destruídas pelo fogo na noite desta quarta-feira (19). (Fernando Madeira)

A Igreja Católica vai criar uma rede de paróquias de periferia para ajudar a combater a violência e os seus reflexos nas áreas onde atuam. Vai lançar mão de sua estrutura e presença, por intermédio de seus milhares de agentes em todas as comunidades da Grande Vitória, para viabilizar o projeto.

A ação faz parte de uma nova área criada ainda este mês pelo arcebispo de Vitória, Dom Dario Campos. Trata-se do Vicariato de Ação Social, Política e Ecumênica, que será comandado pelo padre Kelder Brandão, que hoje está à frente da Paróquia Santa Teresa de Calcutá.

Ele assume como vigário do novo projeto, mas sem deixar sua atuação nas onze comunidades que formam o chamado Complexo da Penha, uma das áreas de maior vulnerabilidade social da Região Metropolitana.

COBRANÇA

A proposta, segundo Kelder, é utilizar a estrutura e a presença forte da Igreja em prol das comunidades, trocando informações, experiências e até pressionando os órgãos municipais e estadual no atendimento das diversas demandas que existem nestas áreas vulneráveis. “O objetivo do vicariato é otimizar todos estes recursos em prol da regiões de periferia. Temos onze pastorais sociais, uma força grande otimizada para incidir de maneira mais propositiva e incisiva, com força, atuando de forma sistematizada e organizada”, pondera.

Na prática o projeto visa não só a troca de experiências, mas de conhecimento, de informações, de recursos, de ações e até de trabalhos missionários. Cita como exemplo os fatos ocorridos no Morro da Piedade, em Vitória, onde dezenas de famílias foram desalojadas após conflito com o tráfico local. “Como estas famílias poderiam ser acolhidas, receber suporte de outras comunidades? Esta construção que queremos viabilizar”, relata Brandão.

A referência que o padre fez sobre o Morro da Piedade ocorreu poucos dias antes da região ser alvo de mais um ataque. A comunidade voltou a viver momentos de terror na noite da última quarta-feira, com um intenso tiroteio e duas casas incendiadas. No dia seguinte, um dos criminosos foi preso e sete pessoas envolvidas no ataque foram identificadas e estão sendo caçadas pela Polícia Civil. Ao todo, pelo menos 20 bandidos participaram da invasão, de acordo com testemunhas. O grupo tem forte atuação na região do Bairro da Penha e tenta dominar o tráfico de drogas em bairros rivais.

ESTRUTURA

“Estamos em todos os bairros da Grande Vitória com pelo menos uma comunidade, quando não três ou quatro. Temos muitos agentes nesta estrutura. Por exemplo, só de catequistas são mais de 8 mil, ministros de eucaristia, cerca de 4 mil, e só a Pastoral das Crianças tem mais de mil agentes. Isto sem contar os projetos sociais e as famílias atendidas”, revela padre Kelder Brandão.

A proposta, além da criação de uma rede de paróquias de periferia, inclui a criação do fórum dos movimentos da sociedade civil e Igreja. Por trás da proposta está o afastamento da Igreja, nas últimas décadas, das periferias.

“Isto ocorreu com várias instituições, incluindo a Igreja. Agora queremos levar as questões políticas, sociais e econômicas para o cerne da Igreja, num movimento duplo: subir com as demandas e trazer a estrutura para interagir e dialogar”, pontua.

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O novo Vicariato também vai manter o diálogo com as demais igrejas cristãs e religiões não cristãs.

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