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Falta de inseticida prejudica combate ao mosquito da dengue no ES

Falta de inseticida prejudica combate ao mosquito da dengue no ES

O Ministério da Saúde, responsável pela compra e envio, alega problemas com parte do lote adquirido, mas diz que nas próximas semanas o produto voltará a ser distribuído aos estados

Publicado em 1 de julho de 2019 às 22:47

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Aedes Aegypti: mosquito transmissor da dengue. (Pixabay)

Mesmo com o avanço no número de notificações de casos de dengue no Espírito Santo e a necessidade de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, um inseticida importante para este enfrentamento continua em falta. O Malathion, utilizado para combater o mosquito na fase adulta, não é enviado aos municípios capixabas há pelo menos dois meses. O Ministério da Saúde, responsável pela compra e envio, alega problemas com parte do lote adquirido, mas diz que nas próximas semanas o produto voltará a ser distribuído aos estados.

A prefeitura de Vila Velha informou que não recebe desde o início de maio. A Unidade de Vigilância de Zoonoses de Cariacica disse, por nota, que está sem receber o produto há cerca de dois meses. A prefeitura da Serra informou que desde abril não há abastecimento do estoque. Já a secretaria de Saúde de Vitória informou que realiza a aplicação espacial com inseticida por meio de uma empresa contratada, e que o serviço está sendo realizado normalmente.

Falta de inseticida prejudica combate ao mosquito da dengue no ES

Enquanto isso, o número de casos de dengue não para de subir. Segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), de 30 de dezembro de 2018 a 22 de junho de 2019 foram notificados 52.548 casos de dengue no Espírito Santo. No mesmo período, 20 pessoas morreram em decorrência da doença.

INSETICIDA

Segundo o chefe da Vigilância Ambiental da Sesa, Roberto Laperriere, o inseticida em específico é um instrumento de combate ao Aedes aegypti na fase adulta, já quando as outras ações não tiveram efeito.

“O Malathion é um dos inseticidas utilizados no combate ao vetor, ao mosquito Aedes aegypti. Ele é o adulticida, então é utilizado nas ações de controle químico quando todo resto da cadeia não foi efetivo. É aplicado com uma bomba costal motorizada, pelos agentes de endemias. Onde tem mais casos espalhados, utilizamos ele em um veículo, para dissipar o produto”.

Laperriere afirma, no entanto, que outros métodos para o combate do mosquito são utilizados. 

"A gente também tem outros produtos que são utilizados, como larvicidas, inseticida residual em pontos estratégicos como floriculturas, borracharias, grandes ferros velhos. Nesses locais a gente tem um inseticida específico", explicou.

Para o subsecretário de saúde da Serra, Aldo Lugão, o Malathion é um importante aliado no combate ao mosquito, mas ele afirma que não se pode responsabilizar o alto número de casos à falta do inseticida, já que outros fatores potencializaram o contágio neste ano.

“Em março, quando a gente parou de usar, a gente já tinha um número bem expressivo de casos de dengue. Então, a gente não pode atribuir só a questão da falta do inseticida. Tem toda a questão do vírus tipo 2 que a população não tinha contato ainda, o verão com calor muito forte e pancadas de chuva que cria um ambiente propício para o nascimento do mosquito”, explicou.

FAMÍLIA COM DENGUE

Moradora de Cobilândia, Rosangela Souza e grande parte da família contraíram dengue nos últimos meses. (José Carlos Schaeffer)

Com o aumento acentuado no contágio da doença no Estado este ano, é comum ver famílias inteiras com dengue. Como o caso da moradora do bairro Cobilândia, em Vila Velha, Rosângela Souza. Segundo ela, após o recente período de enchentes que alagou grande parte do bairro por dias, várias pessoas da família contraíram a doença.

“Atacou mais quando deu aquela enchente, a minha casa que nunca alagou dessa vez. (Foi nessa época que mais gente pegou dengue, né?) Eu já estava também, atacou minha irmã, meu genro, meu neto também”, disse.

Para minimizar a falta do inseticida, as prefeituras estão trabalhando em outras frentes para evitar o contágio da doença. A Prefeitura de Vila Velha informou que os agentes realizam visitas domiciliares a cada três meses, mas durante o período de maior incidência do mosquito, a frequência é maior, além de um Planejamento de Mobilização Social realizado em escolas, centros comunitários e comerciais da cidade.

A Prefeitura de Cariacica informou que também intensificou as ações de visitas domiciliares e ações educativas em escolas, associações de moradores e outros locais do município. Já a prefeitura da Serra informou que intensificou ações de controle da doença por meio de mutirões de limpeza, colocação de larvicidas, telagem de caixas d’água, visitas domiciliares, ações educativas junto á população, entre outras atividades.

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Quanto a previsão de normalidade dos estoques de Malathion, a Sesa informou que continua aguardando a compra emergencial pelo Ministério da Saúde. Já o ministério informou que houve um problema com o produto, mas que a empresa fabricante do inseticida deve restituir 105 mil litros do material nas próximas semanas.

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