A insatisfação com o salário e as alegações de condições ruins de trabalho fizeram com que 46 guarda-vidas da prefeitura de Vila Velha pedissem demissão no final do mês de janeiro. A saída de tantos profissionais em pleno o verão fez com que o serviço de salvamento nas praias de cidade fosse prejudicado, aumentando o risco para os banhistas.
Para tentar amenizar o problema na época em que as praias estão mais cheias, a prefeitura de Vila Velha afirma que 25 agentes da Guarda Municipal começaram a atuar temporariamente como guarda-vidas a partir desde sábado (2).
O coronel Oberacy Emmerich, secretário de Defesa Social da Cidade, afirmou que guarda-vidas do cadastro de reserva serão convocados para que as vagas abertas sejam preenchidas. A expectativa do secretário é para que o quadro de 115 guarda-vidas esteja novamente completo a partir do próximo final de semana.
"Eles não avisaram, fizeram esse movimento e nós estamos tomando todas as providências para evitar que os banhistas não fiquem desguarnecidos", explicou o secretário.
Ainda que nem todos os profissionais tenham pedido demissão, a insatisfação entre os guarda-vidas da cidade ainda existe. Por conta disso, alguns aderiram a paralisação e não trabalharam neste sábado. Por volta das 9h, a reportagem da CBN Vitória passou por seis postos de guarda-vidas na praia de Itaparica e todos estavam vazios. Apenas dois guarda-vidas foram avistados na Praia de Itapuã e dois na Praia da Costa.
De acordo com a prefeitura, a situação a foi normalizada e os postos de atendimento foram ativados após as 10h, com a atuação dos guardas municipais que foram realocados. A falta de guarda-vidas na praia preocupou a banhista Jorgina Clara Eller, que foi à praia de Itaparica acompanhada de dois sobrinhos pequenos.
"É uma coisa muito séria, porque estamos no verão e precisamos da ajuda deles. Eles estão em greve porque não tem o salário adequado para eles, mas precisamos da ajuda deles aqui na praia", opinou a banhista.
Para tentar chegar em uma acordo com os guarda-vidas, a prefeitura da cidade criou uma comissão para que melhorias para a categoria sejam discutidas. Atualmente os profissionais recebem um salário de R$ 1.180 e pedem para que o valor seja reajustado para um salário-mínimo e meio, o que daria o valor de R$ 1.431. A categoria também avalia que o auxílio-alimentação de R$ 100 por mês é baixo. O secretário Oberacy Emmerich afirmou que, a partir do dia 15 de fevereiro, os profissionais de salvamento receberão marmitas no horário de almoço.
PROTESTO
O problema com os guarda-vidas também gerou a insatisfação de pessoas com deficiência que são participantes do programa Praia Legal, na Praia da Costa, que possibilita a entrada de cadeirantes no mar. Um grupo de aproximadamente 20 pessoas protestou na praia, na manhã deste sábado, pedindo a reintegração de seis guarda-vidas do projeto que foram exonerados após as manifestações por conta das alegações de condições ruins de trabalho.
O grupo afirma que os guarda-vidas em questão já atuavam na função havia muito tempo e tinham mais capacidade técnica para realizar o trabalho com os cadeirantes. Apesar dos pedidos do grupo, o secretário Oberacy Emmerich afirmou que os profissionais retirados da função não serão reintegrados e já foram substituídos.
Renata Corrêa, de 44 anos, acompanha o marido que possui mobilidade reduzida nas manhãs de atividades na praia da Costa, e contava com o auxílio dos profissionais. Ela reclama da demora para se resolver a situação e cobra o retorno dos salva-vidas que possuem laços afetivos com os usuários.
Eles já possuem uma experiência com os usuários e por isso queremos o retorno deles. Existe todo um jeito de lidar. É um trabalho em conjunto conosco, por isso queremos o retorno deles, disse Renata.
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