Na hora de comprar um produto ou de contratar um serviço, o cliente está de olho em algo que está além da embalagem, da apresentação. Ele verifica se aquela marca atua com responsabilidade social, de que forma trata seus funcionários e os cuidados que demonstra com o meio ambiente. Quando a empresa é verdadeira na forma como age e tem um propósito, a marca consegue conquistar as pessoas.
Hoje, querer se apropriar de um momento para passar a imagem de "bom moço" não cola mais. Especialistas apontam que ter uma boa marca exige pesquisa, olhar a empresa de fora para dentro, ter consistência em como se fala e ter posicionamento a partir de suas crenças e valores.
Entre as marcas que fizeram isso, segundo avaliações de especialistas, está a Magazine Luiza, que tem um posicionamento claro sobre temas como violência contra a mulher e diversidade de gênero, por exemplo. Outra empresa que entendeu as demandas dos seus consumidores é a multinacional sueca IKEA. Ela criou um catálogo com realidade aumentada para os clientes medirem se os móveis vão caber em casa e dá desconto com base na distância entre a residência do consumidor e a loja.
A diretora-executiva na MP Publicidade, Marilia Sily Vargas, ressalta que, para ser a marca mais lembrada do seu segmento, a empresa precisa manter-se visível e trabalhar a comunicação com visão de longo prazo.
Já Luiz Roberto Campos da Cunha, presidente da Danza e do capítulo da Agência Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) no Espírito Santo, explica que a marca também está associada com a reputação da empresa. Ela passa por tudo, desde a imagem dos sócios, dos funcionários, dos serviços ou produtos. Tudo isso vai agregando valor à marca, ou, em alguns casos, prejuízos.
Nos últimos meses, devido à pandemia do novo coronavírus e, mais recentemente, dos protestos antirracistas espalhados pelo mundo, o comportamento de muitas pessoas teve uma mudança significativa. O professor dos cursos de Comunicação da UVV, Jefferson Cabral, explica que, neste momento, a sociedade valoriza cada vez mais o propósito das empresas.
A consultora de Branding e Marketing Carine Cardoso, e também professora do curso de Publicidade e Propaganda da Faesa, explica que a marca é muito mais do que fazer e vender produtos; ela entende a responsabilidade de onde está inserida e que tem um papel de desenvolvimento e transformação social.
As marcas precisam ficar atentas e saber que não têm que fazer tudo, atirar para todos os lados. Elas devem ver qual é a causa e o que como se relacionam com ela e, com isso, até encontrar novas possibilidades de negócio, pontua.
Já o coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da Ufes, Cláudio Rabelo, lembra que muitas marcas querem ser lembradas pelo impacto, repetição ou pelo tamanho do grito. Porém, elas devem aprender que, contemporaneamente, somente serão as mais lembradas se forem as mais amadas.
Por isso devem envolver sua comunicação em intimidade, sensorialidade e mistério. Ou seja, devem conversar abertamente com seus públicos, investindo em comunicação profissional em todos os pontos de contato, entender que a marca se relaciona pela visão, audição, paladar, olfato e tato. E, por fim, ampliar o interesse dos públicos por meio de storytelling bem construído, conclui.
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