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Grupo do governo discute economia pós-coronavírus e exclui Mandetta

Grupo do governo discute economia pós-coronavírus e exclui Mandetta

Atores de 16 pastas, como Economia, Infraestrutura, Agricultura e Minas e Energia vão participar dos debates. Ministro da Saúde não foi chamado para as discussões

Publicado em 14 de abril de 2020 às 12:12

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Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta durante coletiva de Imprensa no Palácio do Planalto sobre as ações de enfrentamento no combate ao Covid-19
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta durante coletiva de Imprensa no Palácio do Planalto sobre as ações de enfrentamento no combate ao Covid-19. (Isac Nóbrega/PR)

BRASÍLIA- O governo criou nesta terça-feira (14) um grupo de trabalho para discutir diretrizes para a retomada das atividades afetadas pelo novo coronavírus. De acordo com resolução publicada no Diário Oficial da União, o grupo terá representantes de 16 ministérios. Não foi aberta vaga para o Ministério da Saúde, comandado por Luiz Henrique Mandetta.

Farão parte do colegiado, coordenado pela Casa Civil, os ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Economia, Infraestrutura, Agricultura, Minas e Energia, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Turismo, Desenvolvimento Regional, Controladoria Geral da União, Secretaria Geral, Secretaria de Governo, Segurança Institucional e Advocacia-Geral da União.

Entre as atribuições listadas pelo grupo de trabalho estão a proposição de "ações estruturantes, atos normativos e medidas legislativas para a retomada das atividades afetadas pela Covid-19 em âmbito nacional"; a articulação com estados, municípios e empresas para a elaboração de propostas com a mesma finalidade; e a discussão de medidas da infraestrutura com foco em obras públicas e parcerias com o setor privado.

Também consta na lista de atribuições a elaboração de políticas para a redução de disparidades regionais causadas pelo novo coronavírus, para a destinação de emendas parlamentares e para garantir a cadeia de suprimentos e do setor energético.

Por último, o grupo deve também propor ações de desburocratização de procedimentos administrativos, entre eles a simplificação de procedimentos relativos à criação e extinção de empresas.

Segundo a assessoria da Casa Civil, o grupo de trabalho será constituído no âmbito do comitê de crise que monitora o combate à doença no Brasil. O comitê é coordenado pelo ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto -a pasta da Saúde faz parte dessa estrutura.

"O grupo de trabalho de vários ministérios vai consultar órgãos ad hoc e coordenar as ações estruturantes e estratégicas para a recuperação e retomada do crescimento econômico do país e do bem-estar da sociedade brasileira", disse a pasta.

Interlocutores ouvidos pela reportagem argumentam que "não faria sentido" retirar pessoas da Saúde no momento para compor o comitê, uma vez que o objetivo, dizem, é discutir medidas de longo e médio prazo para a retomada da economia.

Principal rosto da reação à Covid-19 no Brasil, Mandetta entrou em linha de choque com o presidente Jair Bolsonaro, que pressiona para que ele peça demissão do cargo.

Em Campo Grande, Cariacica, um comerciante fecha as portas da loja durante a pandemia de Coronavírus. (Vitor Jubini)

O desconforto do presidente com seu auxiliar aumentou no domingo (12), com a entrevista concedida pelo titular da Saúde à rede Globo. Na ocasião, Mandetta disse que os brasileiros não sabem se devem seguir as orientações do ministério (favorável ao isolamento social) ou de Bolsonaro (que é crítico de medidas como o fechamento de comércios).

A entrevista afetou inclusive o apoio que Mandetta detinha junto à cúpula militar do Palácio do Planalto, que vinha atuando para evitar sua saída da Esplanada dos Ministérios.

Para a cúpula fardada, Mandetta fez um confronto público com seu superior, não obedecendo à hierarquia do cargo, e reacendeu um conflito que havia diminuído de temperatura.

Com o diagnóstico de que Mandetta perdeu um apoio de peso, o presidente avaliou, de acordo com deputados bolsonaristas, ter sido aberta uma nova brecha para intensificar a estratégia de pressioná-lo a pedir exoneração. Ao forçá-lo a se demitir, Bolsonaro quer evitar que Mandetta saia do governo com a imagem de mártir.

Segundo assessores presidenciais, a ideia é que, a partir desta terça-feira, o ministro seja escanteado de reuniões, não participe de decisões do governo e que seja dado mais espaço a quem lhe faz um contraponto público.

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