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'Decisões sobre Renda Brasil são enviesadas', diz economista

"Decisões sobre Renda Brasil são enviesadas", diz economista

Para economista Arilda Teixeira, discurso de preocupação com os menos favorecidos conquista eleitores, mas compromete os resultados da política econômica

Publicado em 16 de setembro de 2020 às 09:54

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Na foto, Arilda Teixeira, economista e coordenadora Cursos de Graduação e MBA da Fucape Business School
Arilda Teixeira é economista e coordenadora Cursos de Graduação e MBA da Fucape Business School. (Daniel Alencastre/Fucape)

Irritado com a repercussão da proposta de congelamento de aposentadorias e da redução do benefício para idosos e deficientes, que estava em estudo pela equipe econômica como fonte de recursos para bancar o programa social Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro decidiu, nesta terça-feira (15), enterrar o programa que nem chegou a sair do papel. Disse ainda que o autor da ideia merecia um "cartão vermelho".

As discussões em torno da criação de um substituto do Bolsa Família, para criar uma marca do governo Bolsonaro – que viu sua popularidade aumentar por conta do auxílio emergencial de R$ 600 – sempre esbarraram na busca por uma fonte de recursos, por conta do teto de gastos. 

Na avaliação da economista e coordenadora dos Cursos de Graduação e MBA da Fucape Business School, Arilda Teixeira, o  impasse entre o Renda Brasil e Bolsa Família, alimentado pelo presidente para ampliar sua base eleitoral, faz parte de um cenário de decisões enviesadas para beneficiar interesses individuais dos ocupantes de cargos públicos. 

"Nem a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal conseguiu frear o ímpeto da gastança dos recursos públicos. Muito menos a Lei do Teto dos Gastos, a última tentativa para moralizar os desmandos nos gastos hoje, um imbróglio, haja vista também não ter contido o ímpeto ao déficit, além de ter reduzido, irreversivelmente, os gastos de investimentos pelo setor público", observa.

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A situação das contas públicas é insustentável diante dos persistentes e crescentes déficits. Mas é preciso lembrar que essa situação é efeito de sucessivas gestões perdulárias da Administração Pública Brasileira.  

Nem a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal conseguiu frear o ímpeto da gastança dos recursos públicos. Muito menos a Lei do Teto dos Gastos, a última tentativa para moralizar os desmandos nos gastos hoje, um imbróglio, haja vista também não ter contido o ímpeto ao déficit, além de ter reduzido, irreversivelmente, os gastos de investimentos pelo setor público.  

Este cenário lamentável seria perfeitamente evitável se as decisões públicas estivessem direcionadas para as necessidades do país – projeto de país. Mas, ao invés disso, são enviesadas para beneficiar interesses individuais dos ocupantes de cargos públicos (gestão perdulária).  

O impasse entre o Renda Brasil e Bolsa Família, alimentado pelo chefe do Executivo Federal para ampliar sua base eleitoral, é reflexo disso.  

Por trás de um discurso de lobo em pele de cordeiro, dizendo-se preocupado com os menos favorecidos, conquista eleitores e compromete os resultados da Política Econômica.  

Se realmente estivesse preocupado com os limites orçamentários não teria aberto os cofres públicos para beneficiar seus pares de farda, haja vista que esses benefícios também pressionarão gastos.  

Portanto, o país está a mercê de um Chefe de Estado que não tem noção da responsabilidade que lhe compete. Apertem o cinto!

Arilda Teixeira

Economista e coordenadora Cursos de Graduação e MBA da Fucape Business School

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